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Com índices melhores, litoral de SP quer evitar "invasão" na fase vermelha

Praia do Embaré, na cidade de Santos, no litoral paulista - Fernanda Luz/Agif - Agência de Fotografia/Estadão Conteúdo
Praia do Embaré, na cidade de Santos, no litoral paulista Imagem: Fernanda Luz/Agif - Agência de Fotografia/Estadão Conteúdo

Lucas Borges Teixeira

Do UOL, em São Paulo

04/03/2021 04h00

Os prefeitos do litoral paulista, nas regiões com alguns dos melhores índices de ocupação de UTIs (Unidades de Tratamento Intensivo) no estado, temem que haja uma migração para essas cidades nas duas semanas em que São Paulo ficará na fase vermelha. Para evitar isso, querem aumentar fiscalização e pedem ajuda do governo estadual.

Até ontem, a Baixada Santista tinha o melhor índice de ocupação de UTI em São Paulo: 49,3% —a única abaixo dos 50%. As outras duas regiões litorâneas, Registro (52,5%) —que compreende as praias do sul do estado— e Taubaté (57,6%) —litoral norte—, também se mantêm bem abaixo da média estadual: 75,4% de leitos ocupados.

Como fizeram no final do ano, as cidades estão pensando em armar forças-tarefas e baixar decretos que impeçam aglomerações no período. Com todos os serviços não essenciais fechados pelo estado, ao menos até o próximo dia 19, o medo de parte dos governantes é que moradores da capital e do interior decidam aproveitar o tempo na praia.

"Há uma preocupação grande. A característica da Baixada Santista, além de turística, é a segunda residência para muitas pessoas e tem a peculiaridade de, neste momento, estar na fase amarela, o que traz certa segurança para as pessoas, por causa dos números [mais baixos]", afirma Rogério Santos (PSDB), prefeito de Santos e presidente do Condesb (Conselho de Desenvolvimento da Baixada Santista).

Segundo ele, as nove cidades da região têm estimulado o distanciamento social, além de outras medidas como o uso de máscaras. Um eventual aumento de fluxo pode piorar a situação até então controlada da região.

"Isso pode sobrecarregar os serviços essenciais, trazer uma pressão", afirma o prefeito. Por isso, disse ter se reunido com os secretários para avaliar medidas de aperto na fiscalização nas praias, onde aglomerações já estão proibidas.

Outras cidades estão tomando atitudes similares. Em Caraguatatuba, no litoral norte, a prefeitura deverá divulgar hoje um decreto especial para este período. Os detalhes não foram adiantados ao UOL.

Ajuda do governo do estado

Além das medidas internas, Santos disse que pediu ajuda ao governo estadual para medidas descritivas na estrada, após uma reunião com outros prefeitos do Condesb na tarde de ontem. Segundo ele, além de uma reunião com o governador, o grupo pede:

  • Suspensão da Operação Descida, que facilita o fluxo de carros nas rodovias Anchieta e Imigrantes, que ligam capital à Baixada;
  • Instalação de barreiras sanitárias da Polícia Rodoviária Estadual nas rodovias BR-116, Mogi-Bertioga, Anchieta e Imigrantes;
  • Extensão da Operação Verão, que usa policiais militares de outras regiões para fiscalização no litoral.

"[O litoral já que é um local atrativo para que as pessoas venham no final de semana e, com o trabalho à distância, pode aumentar ainda mais. Pedimos ajuda do governo do estado, que sempre tem nos dado todo apoio", afirmou Santos.

De olho em todas as regiões

O UOL procurou o governo estadual ao fim da tarde de ontem, pouco depois da reunião do Condesb, e ainda não havia formulado uma resposta. Horas antes, o secretário de Desenvolvimento Regional, Marco Vinholi, havia dito que o estado pretende ficar de olho em todas as regiões no período, mas que entende a "sensibilidade" do litoral.

"A Baixada tem a sensibilidade em torno dela. Ainda segue com os índices controlados, mas procuramos acompanhar tudo o que representa a região de orla", afirmou Vinholi.

Com índices mais baixos, não é litoral, no entanto, que mais alarma o governo. Atualmente, há três regiões com ocupação de UTI acima dos 90%: Araraquara (92,2%), Bauru (95,7%) e Presidente Prudente (90,4%).

Chama a atenção a região de Bauru, que teve um crescimento da última semana para essa. Araraquara segue forte pressão. Tivemos um crescimento alto nesses últimos dias em Ribeirão Preto, em [São José do] Rio Preto, em Sorocaba e na região de Campinas. Essas são as grandes novidades dessa atualização em termos de impacto. Temos também uma preocupação grande aqui com a Grande São Paulo, que teve crescimento nesse último período.
Marco Vinholi, secretário de Desenvolvimento Regional de São Paulo

Agora, com o estado todo no vermelho, o governo e o Centro de Contingência do Coronavírus, que aconselha a gestão de João Doria (PSDB), esperam que os números freiem. Se nada fosse feito e os casos começassem a decolar, o estado avalia que pode haver um colapso em duas semanas.

Errata: este conteúdo foi atualizado
Diferentemente do informado, a região da Baixada Santista é formada por nove cidades, e não oito. O texto foi corrigido.