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Leite fala em quadro dramático no RS: faz ondas de 2020 parecerem marolas

Governador Eduardo Leite (PSDB) disse que quadro é dramático no Rio Grande do Sul - Itamar Aguiar/Palácio Piratini
Governador Eduardo Leite (PSDB) disse que quadro é dramático no Rio Grande do Sul Imagem: Itamar Aguiar/Palácio Piratini

Do UOL, em São Paulo

05/03/2021 12h18

O governador do Rio Grande do Sul (PSDB), Eduardo Leite, disse que a onda atual de infecção por novo coronavírus no estado é gigantesca e faz as crises de 2020 parecerem marolas. Em entrevista à GloboNews, Leite ainda usou duas vezes a expressão "quadro dramático" para se referir ao que o estado está vivenciando com o aumento de casos de covid-19 e procura por leitos de UTI.

De acordo com Eduardo Leite, "uma onda gigantesca" teve início em fevereiro, com uma taxa de contágio cinco vezes maior em relação a duas outras ondas verificadas em 2020 no estado, uma em junho e outra em novembro.

"(As ondas anteriores) parecem marolinhas diante da incrível onda que se apresenta agora, com taxa cinco vezes maior de contágio", disse.

De acordo com Eduardo Leite, atualmente os hospitais privados estão operando acima de sua capacidade, se adaptando para atender pacientes em lugares como salas de recuperação de cirurgia. Já os leitos da rede pública têm a ocupação de 92% em média no estado.

Diante desta situação, o governador disse que o Rio Grande do Sul continuará com medidas mais restritivas do plano de reabertura por pelo menos mais uma semana, com a possibilidade de extensão.

Eduardo Leite ainda justificou a demora para atender a alertas de especialistas pelo fechamento de atividades não essenciais no estado. "É difícil impor mais restrições neste momento, imagina um mês atrás quando elas não tinham eco na sociedade".

"Mesmo nesse quadro dramático é difícil convencer as pessoas, imagina há um mês, quando tínhamos queda", disse.

Férias de janeiro

Na entrevista, o governador ainda traçou possibilidades para o aumento de casos no estado, incluindo um possível relaxamento diante da vacinação e a influência de variantes mais contagiosas. À espera de estudos mais conclusivos, ele ainda levantou a possibilidade de o turismo ter agravado a situação em todo o Brasil.

"O ponto é que desde fevereiro começou uma onda gigantesca de contágio. Não quero fazer juízo, estudos vão dizer se são variantes ou um reflexo do turismo no começo do ano. Tivemos em janeiro férias de muitas pessoas. Dezenas de milhares vieram aqui para o RS, dezenas de milhares de gaúchos foram a outros lugares. Isso pode ter significado um contágio absurdo", disse.

Diante desta situação, Eduardo Leite defendeu o seu trabalho em relação à oferta de atendimento médico, dizendo que desde o último ano mais do que dobrou a oferta de leitos no estado para combater a pandemia. No momento, há fila de pacientes esperando leitos de UTI no estado.

"Foram abertos mais de 1.100 leitos. O esforço está sendo feito, mas não o suficiente pelo crescimento assustador', disse. "Se não derrubarmos a taxa de contágio, não há estrutura de leitos que vença 300 leitos por dia sendo ocupados. É muito forte a velocidade e diminuir a taxa de contágio é a única solução", completou.

Mais vacinas e coração de Bolsonaro

Eduardo Leite acredita que, além de medidas restritivas, apenas a vacinação em massa pode derrubar a taxa de contágio no estado. Por isso, ele cobrou um esforço do governo federal para a disponibilização imediata de doses.

"Não basta anunciar compras de vacinas, é preciso tê-las, adiantar as entregas. Não adianta ter 600 milhões de doses no segundo semestre, precisa ter agora", disse Leite, que pediu esforço diplomático para que outros países cedam vacinas ao Brasil.

"A situação crítica do Brasil preocupa o mundo, o quanto isso pode significar no aparecimento de novas variantes. É preciso trabalhar com o corpo diplomático, se cada país puder abrir mão de uma pequena parte para direcionar ao Brasil... Mas isso só o governo federal e seu esforço diplomático para fazer", disse.

O governador ainda criticou o presidente da República, Jair Bolsonaro (sem partido), que ontem disse que determinações de fechamento de atividades não essenciais são "frescura" e "mimimi".

"O que vivemos agora é desumanidade, que é mais do que irracionalidade. Já disse que não consigo compreender a mente do presidente, que parece perversa, despreza vidas humanas, mas mais difícil é tentar compreender o coração de alguém que ignora mais de 250 mil mortes, que ignora situação crítica, embaraçosa, constrangedora no cenário internacional. Brasil está isolado do mundo e (ele) está matando sua própria população", disse.

Ainda segundo Eduardo Leite, ao incentivar as pessoas a não usarem máscaras e patrocinar tratamentos médicos sem eficácia comprovada, o presidente age como se incentivasse uma pessoa a pular no abismo. "A atitude é da pessoa, mas quem estimulou também tem essa responsabilidade".