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Médico denuncia que pacientes são amarrados para serem intubados em GO

O médico e presidente da Ahpaceg, Haikal Helou, disse que não esperava ver pacientes sendo amarrados no século 21 - Reprodução/TV Anhanguera/Afiliada TV Globo
O médico e presidente da Ahpaceg, Haikal Helou, disse que não esperava ver pacientes sendo amarrados no século 21 Imagem: Reprodução/TV Anhanguera/Afiliada TV Globo

Do UOL, em São Paulo*

10/03/2021 11h00

O médico e presidente da Ahpaceg (Associação dos Hospitais Privados de Alta Complexidade do Estado de Goiás), Haikal Helou, denunciou a falta de medicamentos e insumos básicos para o atendimento de pacientes intubados com covid-19 nas UTIs (Unidades de Terapia Intensiva) dos hospitais particulares de Goiás. Ele ainda afirmou que há pacientes sendo amarrados para serem intubados nas unidades de saúde.

A SES-GO (Secretaria de Estado da Saúde de Goiás) enviou uma nota ao UOL (leia no fim da reportagem) esclarecendo que não há registro sobre a falta de medicamentos para intubação e insumos nas unidades de saúde do estado vinculadas ao SUS (Sistema Único de Saúde).

"Tem paciente sendo intubado com pessoa segurando, amarrando. É uma coisa que você não esperava ver no século 21", afirmou Helou.

O presidente da Ahpaceg, que representa cerca de 20 hospitais do estado, informou que este é o pior momento desde o início da pandemia. Há falta de insumos básicos para a UTI como adrenalina, o medicamento atropina, cilindros de oxigênio, relaxante muscular, seringas, luvas de procedimentos e cateteres.

"A falta disso tudo torna o trabalho muito difícil, se não impraticável. Mas, a falta de relaxante muscular e de [cilindros de] oxigênio realmente tocam um alarme no mais alto grau", disse Helou à TV Anhanguera, afiliada da Rede Globo.

Entre os cateteres indisponíveis está o de alto fluxo, que permite ofertar uma maior quantidade de oxigênio aos pacientes com covid-19 que estão intubados.

"Se consegue com esse cateter dar uma oferta de oxigênio muito maior do que com os dispositivos habituais de liberação de oxigênio para pacientes com falta de ar", explicou o pneumologista Marcelo Rabahi.

O bancário Gabriel Henrique Miranda disse que o seu pai precisou ser intubado depois de aguardar alguns dias pela chegada do cateter.

"Nós [da família] chegamos a ligar em umas 12 empresas, nível Brasil: Goiânia, São Paulo, Brasília, Minas Gerais atrás do produto [cateter], mas não encontramos", relatou o bancário.

E completou: "A gente se sente impotente, de mãos atadas porque não é nem questão financeira [pois] a gente pega um empréstimo, consegue. Assim é depender da sorte, depender da nossa fé realmente para poder salvar o meu pai".

Ocupação nas UTIs

Os leitos de UTI voltados a pacientes com covid-19 em hospitais públicos de Goiás alcançaram 95,74% de ocupação. O número foi compartilhado ontem no balanço atualizado da Secretaria Estadual de Saúde. O crescimento na taxa de ocupação dos leitos e nos registros de casos suspeitos, que ultrapassam os 335 mil, obrigou a governo do estado a endurecer as medidas restritivas.

A pasta divulgou ontem que Goiás dispõe apenas de 17 leitos de UTI livres, de um total de 407. Com relação aos leitos nas enfermarias, a taxa de ocupação chegou aos 82,16%, o que significa que, das 439 unidades, 373 estão ocupadas.

Secretaria nega

Em nota enviada ao UOL, a SES-GO informou que não há nenhum registro informando a falta de medicamentos e insumos básicos nos hospitais vinculados ao SUS no estado. Além disso, a pasta comunicou que não há indícios da falta de oxigênio na rede estadual.

Leia abaixo a nota completa:

"Não há registros de falta de medicamentos para intubação e insumos nos hospitais públicos e conveniados ao Sistema Único de Saúde sob gestão estadual.

Em relação ao oxigênio, é realizado monitoramento frequentemente e, até este momento, não há indicativo de falta do insumo na rede estadual. Algumas unidades, na capital e interior, contam com usinas próprias para produção do gás.

Importante ressaltar que as próprias empresas fornecedoras relataram que, para a rede estadual de Goiás, mesmo que todos os leitos estejam sendo utilizados, não há sinalização da falta do gás."

*Com informações de Ed Rodrigues em Colaboração para UOL, em Recife