Com covid em alta, Porto Alegre tem fila de espera para registro de óbitos
Filas se formaram entre a noite de ontem e a madrugada de hoje de pessoas que procuraram atendimento para registro de óbitos em Porto Alegre. A situação aconteceu em dois pontos da cidade —na CAF (Central de Atendimento Funerário) e no 2º Cartório de Registro Civil— e tem relação com o aumento no número de óbitos por covid-19 na capital gaúcha.
Houve aglomeração de pessoas nos dois lugares. Segundo o fotógrafo Luis Magnário, havia cerca de 80 pessoas aguardando atendimento na CAF e pelo menos 50 no 2º cartório. Houve tumulto e a Guarda Municipal foi chamada para auxiliar a organizar a fila de atendimento.
"Meu amigo que estava na fila da CAF recebeu uma ligação que era para todo mundo, que pudesse, o mais rápido possível ir para o 2º Cartório. E foi questão de segundos e a fila começou a se dissolver. Gente entrando dentro do carro e saindo. Ali na fila os agentes [da Guarda Municipal] espalharam a notícia. E aí quando chegou no cartório começou o tumulto de gente se acumular e de briga, um querendo passar na frente do outro, por que queriam prioridades. Aí começou um princípio de tumulto e o cartório que acionou a Guarda Municipal", conta o fotógrafo.
Magnário ficou impressionado com a situação. "Foi muito impactante ver aquela fila. Foi uma cena muito forte."
O registro de óbitos é necessário, por exemplo, para autorizar o sepultamento ou translado dos corpos. E, por isso, não apenas familiares de vítimas da covid-19 estavam nas filas de espera. Entretanto, Porto Alegre registra um aumento no número de casos e óbitos de coronavírus.
Conforme o governo estadual, foram registrados 103.949 casos confirmados da doença em Porto Alegre - só ontem foram 982 novos registros.
Além disso, 2.747 pessoas morreram pela doença desde o início da pandemia na cidade - dez só ontem. A cidade registra superlotação nos hospitais. Nos leitos do SUS (Sistema Único de Saúde) a ocupação é de 101% enquanto em leitos privados é de 140%.
Desde 19 de fevereiro, a capital gaúcha está na bandeira preta, considerada a fase mais restritiva de combate ao coronavírus. Segundo o governo do Estado, a bandeira preta indica altíssimo risco para esgotamento da capacidade hospitalar e velocidade de disseminação do vírus.
Ontem, o Rio Grande do Sul registrou o maior balanço diário de mortes causadas pela covid-19, com 331 óbitos confirmados nas últimas 24 horas, segundo dados da Secretaria Estadual de Saúde. O recorde anterior era de 276 mortes, alcançado na última quinta-feira (11).
O número de hoje é quase o dobro do registrado há dez dias, em 3 de março, quando o governo gaúcho divulgou 180 novas mortes.
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