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Bolsonaro sairá da linha de frente e deixará ministro, diz governador do ES

Renato Casagrande (PSB), governador do Espírito Santo  - Reprodução/Instagram
Renato Casagrande (PSB), governador do Espírito Santo Imagem: Reprodução/Instagram

Do UOL, em São Paulo

16/03/2021 21h20

O governador do Espírito Santo, Renato Casagrande (PSB), disse que o presidente Jair Bolsonaro (sem partido) vai se afastar da linha de frente e dar autonomia ao novo ministro da Saúde, Marcelo Queiroga. A declaração foi dada hoje em entrevista à CNN.

"Vi que o presidente vai se afastar um pouco da linha de frente e deixar o ministro. É um bom sinal desde que o ministro se imponha tecnicamente, politicamente e oriente adequadamente", comentou Casagrande. "O maior problema nessa pandemia é o contraditório entre o que a ciência diz e o que o presidente diz".

Ele ainda criticou a postura do governo federal e chamou de negacionista o posicionamento do presidente Bolsonaro. "Quem exerce o papel de liderança não pode se ocultar, se omitir. Eu considero que nesse processo todo de 1 ano e 1 mês, nós temos um problema de desencontro. De um lado, o governo federal contraditoriamente dá apoio financeiro aos estados e municípios. Do outro, pelo estilo negacionista do presidente, cria confusão na cabeça do brasileiro".

Vivemos a 3ª Guerra Mundial, não é contra um país, é contra um vírus."
Renato Casagrande, governador do Espírito Santo

Hoje, o governador anunciou uma quarentena de 14 dias em todos os municípios do Espírito Santo após a taxa de ocupação de leitos de UTI referenciados para pacientes de covid-19 bater 91%, ultrapassando pela primeira vez a marca de 90%.

Sobre as novas restrições, ele disse não ter certeza de que elas serão suficientes para reduzir a dificuldade do estado em internar pessoas, mas espera que a sociedade colabore. "Não temos capacidade de fiscalizar todas as pessoas".

Casagrande também classificou como irresponsáveis as pessoas que participam de eventos clandestinos aos finais de semana. "Deixa a gente pensando que sociedade é essa que a gente vive".

Novo ministro da Saúde

Com a nomeação de Marcelo Queiroga, o Brasil chegou ao seu quarto ministro da Saúde desde o início da pandemia. O médico cardiologista vai substituir o general Eduardo Pazuello, o mais longevo no cargo, que vinha sendo criticado por sua subserviência ao presidente Jair Bolsonaro (sem partido) e sua condução da política sanitária contra a covid-19 — em especial, no que diz respeito às vacinas.

Em entrevista à CNN, o governador Casagrande disse que a expectativa é de que o novo ministro possa priorizar contratos e dar agilidade na compra e distribuição de vacinas. "Que ele possa compreender os efeitos do vírus, não negar seus riscos, não ser negacionista e estabelecer uma coordenação nacional".

Casagrande também disse que há uma "preocupação" de Queiroga em não fazer nenhum enfrentamento ao presidente Bolsonaro. Em seu primeiro discurso, o novo ministro até citou medidas de prevenção ao coronavírus, mas não falou sobre o isolamento social —decisão que vem sendo tomada por governadores de todo o país e criticada por Bolsonaro.

"O ministro é uma pessoa experiente na área da Saúde. Tenho certeza que não [deixou de citar o isolamento] por falta de experiência. Ele tem uma preocupação porque o presidente é negacionista em relação ao vírus".

Casagrande ainda enumerou quatro motivos que conduziram o Brasil ao seu pior momento na pandemia do novo coronavírus: o atraso na vacinação, a ausência de uma coordenação nacional, novas variantes decorrentes da falta de vacinação e o negacionismo.

"O Brasil é referência negativa no combate à pandemia", disse. Hoje, o país registrou o dia mais letal desde o início da pandemia: nas últimas 24h, foram 2.798 mortes.