Falta de medicamentos decorre da inércia do governo, dizem especialistas
A flexibilização das normas da Anvisa (Agência Nacional de Vigilância Sanitária) para facilitar a produção e venda de medicamentos para a intubação de pacientes foi acertada, afirmaram especialistas do setor de saúde ao UOL. Apesar de concordarem com a medida, os mesmos executivos declararam que os problemas no enfrentamento da pandemia do coronavírus decorrem da inércia e da falta de planejamento do governo.
Na noite da última sexta-feira (19), a Anvisa determinou que a autorização para a comercialização passará a ser realizada por meio de notificação, que permite a produção e a venda imediata aos hospitais e às clínicas de todo o Brasil, mesmo sem o registro sanitário.
A medida tomada pela agência reguladora facilita a produção e venda de anestésicos, sedativos, bloqueadores neuromusculares e outros medicamentos hospitalares usados para manter vivos os pacientes com coronavírus.
Decisão da Anvisa foi técnica e prudente, diz presidente da CNS
O presidente da CNSaúde (Confederação Nacional de Saúde), Breno Monteiro, declarou que a decisão da Anvisa foi prudente, técnica e baseada na atual realidade do país. Segundo ele, os estoques de medicamentos estão baixos e todos os esforços para acelerar a produção e importação precisam ser tomadas.
Outro problema que precisa ser acompanhado com lupa pelo governo, afirmou Monteiro, é o encarecimento dos medicamentos. Segundo ele, o aumento de preços chega a até 600% nos medicamentos vendidos para hospitais.
"É a segunda vez que ocorre a falta de insumos anestésicos, por exemplo. Isso ocorreu entre maio e junho do ano passado porque a China e Índia, os dois principais produtores estavam com as fábricas fechadas. Houve um problema global. Agora, com a imunização em massa em vários países e o controle da pandemia, o problema decorre da falta de coordenação no Brasil. Infelizmente, nós não temos uma coordenação nacional para equilibrar esses sistemas e os problemas sobram para estados e municípios", declarou.
Governo é inerte, diz executivo
O presidente do Sindhosp (Sindicato dos Hospitais, Clínicas, Laboratórios e Demais Estabelecimentos de Saúde do Estado de São Paulo), Francisco Balestrin, afirmou que a decisão da Anvisa é semelhante à tomada no ano passado para facilitar a produção e importação de EPIs (equipamentos de proteção individual).
A necessidade de flexibilizar as normas da Anvisa, disse Balestrin, decorre da inercia e da falta de previsibilidade do governo brasileiro. Ele declarou que falta coordenação entre os entes da federação, faltam estudos epidemiológicos e de projeções de necessidade.
"O aumento do número de casos de coronavírus leva mais pessoas aos hospitais. Isso leva a mais internações e ao uso intensivo de medicamentos e insumos. O governo espera tudo acontecer para agir. Isso mostra que não há gestão", disse.
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