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Anvisa: Em 3 dias, Janssen tem 62% de pedido concluído; Sputnik mantém 0%

Vacina de origem russa será produzida no Brasil pela União Química, que tenta aval da Anvisa desde janeiro - Luís Lima Jr./Fotoarena/Estadão Conteúdo
Vacina de origem russa será produzida no Brasil pela União Química, que tenta aval da Anvisa desde janeiro Imagem: Luís Lima Jr./Fotoarena/Estadão Conteúdo

Rafael Bragança

Do UOL, em São Paulo

27/03/2021 19h23

A Anvisa (Agência Nacional de Vigilância Sanitária) atualizou hoje o andamento das análises dos pedidos de uso emergencial das vacinas contra a covid-19. Enquanto o imunizante da Janssen já apresenta 62,5% da análise da documentação concluída, três dias após ter dado entrada no pedido, a vacina Sputnik V segue sem ter nenhum dos seus documentos aprovados.

Segundo a atualização feita às 18h15 pela Anvisa, a vacina da Janssen já tinha 62,52% da documentação concluída, 36,58% estavam em análise e apenas 0,9% precisava de complementação por parte da farmacêutica, que é subsidiária da Johnson & Johnson.

A situação avançada do pedido contrasta com a requisição de uso emergencial feita pela União Química, laboratório brasileiro que ficará a cargo da produção nacional do imunizante russo. Apesar de ter seu pedido apresentado na madrugada de ontem à Anvisa, a Sputnik já tenta a aprovação no Brasil desde janeiro.

No momento, o pedido do imunizante tem 18,21% da documentação ainda precisando de complementação e outros 18,67% que não foram apresentados. Por isso, a Anvisa considera que o prazo para a análise do pedido fica suspenso até que o laboratório apresente os dados faltantes.

No dia 16 de janeiro, a agência federal rejeitou o primeiro pedido de uso emergencial do imunizante feito pela União Química. A recusa veio apenas um dia após a apresentação da documentação. A Anvisa afirmou que os documentos não tinham "requisitos mínimos para submissão e análise".

Tanto a vacina da Janssen como a Sputnik V têm um prazo de sete dias para serem analisadas pela Anvisa, isso excluindo o tempo que os laboratórios demorarem para responderem questões técnicas à agência. A determinação foi feita por meio de MP (Medida Provisória) aprovada pelo Congresso, que também prevê a análise pela Anvisa de dados de aprovações anteriores feitas por agências de outros países.

A Janssen teve uma compra de 38 milhões de doses por parte do governo brasileiro. Já a Sputnik tem 10 milhões de doses adquiridas pelo Ministério da Saúde, mas contará com pelo menos mais 37 milhões de doses compradas por governadores de estados do Nordeste. Outras federações também pretendem adquirir o imunizante, que será depois distribuído pela Saúde.

Até agora, a Anvisa concedeu o aval para uso emergencial para a CoronaVac, do Instituto Butantan, e para a vacina da AstraZeneca/Oxford, que está sendo produzida pela Fiocruz (Fundação Oswaldo Cruz) e também já tem um registro definitivo autorizado pela agência. O imunizante da Pfizer/BioNTech também tem o aval para uso definitivo.

Lobby político

Diante da dificuldade de ter a aprovação de uso emergencial por parte da Anvisa, o dono da União Química, Fernando Marques, que foi candidato ao Senado em 2018, gravou um áudio furioso denunciando um suposto complô político contra o imunizante que será produzido pelo seu laboratório.

Como mostrou o jornal O Estado de S. Paulo, o presidente Jair Bolsonaro (sem partido) acabou tendo conhecimento do áudio, enviado originalmente para Luciano Hang, dono das lojas Havan. Marques acusou a Anvisa de barrar a Sputnik para favorecer o governador de São Paulo, João Doria (PSDB), o PT e o PCdoB.

"Eles querem manter a coisa com a Fiocruz e com o Instituto Butantan. Butantan na mão do Doria e Fiocruz na mão do PT, PCdoB. E, porra, não tem vacina, o povo está morrendo", afirmou Marques no áudio.