Mulher descobre doença após uso de ivermectina: 'Bobagens que a gente faz'
O chamado "kit covid", formado por medicamentos sem comprovação de eficácia contra a doença e promovido pelo governo federal como tratamento precoce, pode estar relacionado a doenças no fígado de pacientes que fizeram uso com ou sem recomendação médica.
Em entrevista ao "Fantástico", da TV Globo, a baiana Cremilda afirmou que desenvolveu uma doença chamada colestase após tomar três cápsulas de ivermectina, remédio utilizado no tratamento contra piolhos, a cada 15 dias durante um ano.
"É muito mais fácil você acreditar com força total que aquilo ali é seguro e vai lhe proteger, né? É essas bobagens da vida que a gente faz", afirmou.
Cremilda disse que começou a tomar o medicamento por influência dos irmãos, que também tomavam. Segundo ela, um médico teria dito a alguém de conhecimento dos irmãos que o remédio seria uma cura ou prevenção para a covid-19.
"Todos eles começaram a tomar. Eu não podia ficar de fora", declarou.
A baiana disse ainda que a doença em seu fígado foi detectada no estágio moderado, o segundo entre três níveis de gravidade.
"A doença é silenciosa, você põe a mão na barriga e não sente nada, não tem sintoma nenhum. São três graus, o leve, o moderado e o grave. Eu já estava no moderado, quer dizer, a um passo de chegar num problema mais sério", afirmou.
'Kit covid' pode estar ligado a casos de hepatite medicamentosa
O uso do "kit covid" pode estar ligado a casos de hepatite medicamentosa e levado pessoas para a fila de transplante de fígado pelo país. Ao menos três pessoas podem ter morrido por complicações após tomarem medicamentos que têm sido recomendados como tratamento precoce contra a covid-19.
Hemorragias, insuficiência renal e arritmias estão sendo observadas por profissionais de saúde entre pessoas que fizeram uso desse grupo de drogas, que incluem hidroxicloroquina, azitromicina, ivermectina e anticoagulantes.
Entidades defendem banir tratamento precoce
Diante das suspeitas, 81 entidades médicas e científicas brasileiras divulgaram documento em que defendem, entre outras medidas, o banimento da prescrição e uso dos medicamentos do "kit covid".
"Reafirmamos que, infelizmente, medicações como hidroxicloroquina/cloroquina, ivermectina, nitazoxanida, azitromicina e colchicina, entre outras drogas, não possuem eficácia científica comprovada de benefício no tratamento ou prevenção da covid-19, quer seja na prevenção, na fase inicial ou avançadas da doença, sendo que, portanto, a utilização desses fármacos deve ser banida", diz o texto do Comitê Extraordinário de Monitoramento da Covid-19, grupo liderado pela AMB (Associação Médica Brasileira).
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