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Estudo chileno aponta que eficácia de apenas uma dose de CoronaVac é baixa

Doses da Coronavac, vacina contra a covid-19 produzida pelo Instituto Butantan - Marlon Costa/FuturaPress/Estadão Conteúdo
Doses da Coronavac, vacina contra a covid-19 produzida pelo Instituto Butantan Imagem: Marlon Costa/FuturaPress/Estadão Conteúdo

Leonardo Martins

Do UOL, em São Paulo

16/04/2021 14h27

O Ministério da Saúde do Chile divulgou hoje um estudo que aponta que apenas uma dose da vacina CoronaVac, contra a covid-19, não é suficiente para proteger contra uma infecção.

O estudo foi concluído levando em conta um universo de 10,5 milhões de pessoas, entre eles indivíduos que foram vacinados e os que não foram. A CoronaVac é a principal vacina aplicada hoje no Brasil, e é produzida pelo Instituto Butantan, ligado ao governo de São Paulo.

A taxa de eficácia obtida com pessoas que levaram apenas uma aplicação é baixa, registrando 16% —isto é, de 100 pessoas que tiveram contato com o vírus depois de tomar uma dose, 84 se infectaram e apresentaram sintomas.

Os índices de eficácia para casos que demandam internação em enfermaria (35,65%) e em UTI (42,70%) são maiores, mas seguem sendo considerados de baixa proteção. No caso de mortes por covid-19, a taxa de eficácia com apenas uma dose foi de 40,23%.

O diretor do Instituto Butantan que coordena as pesquisas da CoronaVac no Brasil, Ricardo Palácios, disse que esse número reforça o que já havia sido dito: uma dose de vacina não é suficiente para proteger.

A efetividade com uma única dose é baixa. Por isso temos que insistir em que todos tomem a segunda dose para garantir um nível de proteção adequada.
Ricardo Palácios, diretor de pesquisa do Butantan

16.04.2021 - Estudo divulgado pelo governo chileno sobre a CoronaVac - Divulgação/Governo federal do Chile - Divulgação/Governo federal do Chile
16.04.2021 - Estudo divulgado pelo governo chileno sobre a CoronaVac
Imagem: Divulgação/Governo federal do Chile

Eficácia de 67%

A principal conclusão do estudo foi que a eficácia geral da vacina, desenvolvida pelo laboratório chinês Sinovac Biotech, é de 67%. Isso quer dizer que de 100 pessoas que tiveram contato com o vírus, apenas 33 se infectaram e apresentaram sintomas leves da doença.

O relatório do governo chileno também mostrou que a vacina tem efetividade de 85% para prevenir internações e de 80% na prevenção de mortes pela covid-19.

Os números foram comemorados pelo Instituto Butantan, pois estão dentro do que concluiu o estudo de fase 3, divulgado em janeiro. À época, o Butantan informou que a CoronaVac apresentou eficácia global de 50,38% na prevenção de infecções pelo vírus, 78% de eficácia para casos leves da doença e 100% de efetividade contra quadros moderados e graves.

"O estudo mostra que, de 100 pessoas que poderiam evoluir para um caso grave, 85 não terão esse desfecho se todos estiverem vacinados. Isso também esclarece essa ideia errada de que não poderiam acontecer casos graves entre pessoas vacinadas", disse Palácios.

"Os dados chilenos são mais precisos por terem maior população para avaliar e o que encontraram está na metade do intervalo de confiança do que tínhamos achado no ensaio clínico no Brasil, confirmando nossos resultados", concluiu.

Embora o governo chileno esteja investindo na ampliação das medidas de restrição e da vacinação no país, os dados de novos casos e mortes continuam aumentando no país e preocupam as autoridades. Na última sexta-feira (9), o Chile bateu recorde de 9 mil novos casos positivos de covid-19 em um dia.