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Rio vai usar sedativos de unidades veterinárias por falta de kit intubação

Daniel Soranz espera que a cidade do Rio de Janeiro receba novos medicamentos do kit intubação - Reprodução/Youtube
Daniel Soranz espera que a cidade do Rio de Janeiro receba novos medicamentos do kit intubação Imagem: Reprodução/Youtube

Rai Aquino

Colaboração para o UOL, no Rio

16/04/2021 09h16Atualizada em 16/04/2021 18h20

O secretário Municipal de Saúde do Rio de Janeiro, Daniel Soranz, disse hoje que sedativos de unidades veterinárias estão sendo enviados a hospitais para suprir a falta do chamado "kit intubação". Os remédios são os mesmos que os usados em humanos e, segundo o secretário, não faz sentido não usá-los desta forma.

"Todas as cirurgias eletivas estão suspensas na cidade do Rio de Janeiro, isso inclui as cirurgias nos centros de veterinária. Não faz o menor sentido continuar consumindo itens essenciais para intubação, para saúde humana, nas unidades veterinárias", explicou.

Soranz afirmou que a cidade tem estoque dos medicamentos do "kit intubação" para tratamento de pacientes com o novo coronavírus por apenas mais três dias. O secretário explicou que os medicamentos estão sendo remanejados entre as unidades de saúde. "Nenhum hospital deve ter estoques muito longos para não faltar em nenhum outro".

"A gente está utilizando todo esse material, que é relativo a sedativo e para bloqueadores neuromusculares, nas unidades que têm um alto atendimento de pessoas com covid ou outras doenças, e que são necessários à intubação neurotraqueal", explicou o secretário, na divulgação do 15° boletim epidemiológico da covid-19 da cidade.

Médicos relataram ao UOL que os estoques dos medicamentos do "kit intubação" estão reduzidos em unidades de saúde na capital e em cidades da Região Serrana e Baixada Fluminense. Na capital, há relatos de escassez nos hospitais municipais Pedro II, em Santa Cruz, e no Albert Schweitzer, em Realengo, ambos na Zona Oeste da cidade.

Toda a rede SUS da cidade e também a rede privada estão contribuindo para a manutenção desses insumos. São insumos estratégicos e por isso o Ministério da Saúde centralizou a compra e tem distribuído através do governo do estado, responsável por fazer essa logística para as unidades municipais, federais e universitárias e também esse remanejamento na rede privada
Daniel Soranz

Ontem, a Secretaria estadual de saúde informou que estava distribuindo os medicamentos para 55 hospitais da rede. Também nesta quinta-feira, o Ministério da Saúde recebeu um lote de 2,3 milhões de medicamentos do "kit de intubação" vindos da China.

"Hoje, a gente recebeu mais medicamentos de bloqueadores neuromusculares e sedativos para que a gente possa manter o abastecimento ao longo dos próximos dias (...) Nenhum hospital deve ter estoques muito longos para não faltar em nenhum outro, para que a gente possa fazer um remanejamento e manter a rede abastecida", defendeu Soranz.

Estoque de vacinas

Na apresentação do 15° boletim epidemiológico da covid-19, o secretário Municipal de Saúde do Rio também alertou para uma possível falta de doses da vacina contra a covid-19. Soranz disse que a cidade tem doses apenas até a próxima segunda-feira (19), quando haverá imunização para mulheres com 61 anos.

A cidade do Rio de Janeiro sempre está no limite de interromper o calendário vacinal. Nesse momento, nos postos de saúde, a gente só tem para aplicar a vacina da AstraZeneca para a primeira dose. E para continuar a vacinação das pessoas que vão tomar a segunda dose da vacina a gente tem a vacina CoronaVac reservada
Daniel Soranz

Soranz disse que a cidade espera receber ainda hoje cerca de 90 mil doses da vacina da AstraZeneca da Fiocruz (Fundação Oswaldo Cruz). Ele contou que atualmente, o município usa cerca de 30 mil doses por dia para aplicar a primeira dose.

A expectativa é que esse número chegue a 130 mil nas próximas semanas, somando a aplicação da segunda dose.

"Se o Ministério da Saúde conseguir manter essa logística (de entrega de vacinas) que vem fazendo, a gente consegue toda semana ir suprindo o calendário com as entregas da Fiocruz, na quarta e na sexta-feira, e também com as entregas do Instituto Butantan, uma vez por semana", avisou.

O secretário fez um apelo para que a população não deixe de tomar a segunda dose da vacina contra a covid-19. Ele contou que cerca de 5% das pessoas que foram imunizadas pela primeira vez não voltou às unidades de saúde.

Soranz afirmou que a Secretaria Municipal de Saúde sabe quem são essas pessoas e aguarda campanhas do Ministério da Saúde e do governo do estado sobre a necessidade da segunda dose.

A Secretaria Municipal tem feito várias chamadas, nos seus sites e nas unidades de atenção primária, para que as pessoas retomem essa vacinação. Se a gente perceber que esse número está aumentando demais, a gente vai ser obrigado a fazer uma busca ativa dessas pessoas
Daniel Soranz