Ex-diretor da Anvisa diz que quebra de patente é resposta política de Biden
Gonzalo Vecina Neto, ex-diretor da Anvisa (Agência Nacional de Vigilância Sanitária), disse que o presidente dos Estados Unidos, Joe Biden, deu uma resposta política ao defender a quebra de patente das vacinas contra covid-19. Segundo Vecina, o efeito prático dessa atitude será útil para poucos países, mas terá grande importância para a economia norte-americana.
"Temos que entender primeiro: o que o Biden fez é uma resposta política. Acho que ele está dando resposta à diplomacia de vacinas da China e Rússia. Os Estados Unidos não têm como fazer da mesma forma a diplomacia da vacina (da China e da Rússia), que é um tipo de colonialismo do século XXI. Ele foi muito inteligente. Temos que entender inteligência do Biden", declarou Vecina em entrevista à Globonews.
O ex-diretor da Anvisa explicou por que, apesar da resposta política de Biden, o efeito prático da quebra de patente será pequeno.
"O ato extraordinário (a quebra de patente) permite que você transfira conhecimento para outros países que tenham condição de fazer vacina. Mas ter capacidade é muito complicado. Tem o ato político e tem o efeito na prática. Pouquíssimos países terão condições de absorver a tecnologia, particularmente de vacinas mais modernas. Vacinas de vírus inativados podem até ser (fabricadas). Talvez mais alguns países tenham capacidade. Mas são poucos países que vão conseguir dar resposta a isso", analisou Vecina, que sinalizou que o Brasil poderia ter capacidade de se aproveitar de algumas quebras de patentes.
Outro ponto a ser observado, segundo Vecina, é que os Estados Unidos precisam que todos países do mundo estejam vacinados, por uma questão econômica.
"Se o mundo não for vacinado, não existe normalidade econômica, porque vamos continuar produzindo variantes e continuaremos tendo pessoas infectadas. Essa foi a jogada do Biden. Um país como os EUA necessita da economia funcionando para ele funcionar. É um país que negocia com o mundo todo. Ele teve inteligência estratégica e disse 'vamos patrocinar vacinação mundial porque isso patrocinará volta à normalidade econômica'. Porque enquanto tiver vírus circulando na Índia, a probabilidade de chegar uma variante, por avião, nos EUA, é imensa", alertou o ex-diretor da Anvisa.
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