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Não há evidência de necessidade de vacina anual contra covid-19, diz Saúde

Ministério da Saúde recomenda que estados e municípios sigam Plano Nacional de Operacionalização da Vacinação contra a Covid-19 - Fábio Gonçalves/Fotoarena/Estadão Conteúdo
Ministério da Saúde recomenda que estados e municípios sigam Plano Nacional de Operacionalização da Vacinação contra a Covid-19 Imagem: Fábio Gonçalves/Fotoarena/Estadão Conteúdo

Lucas Borges Teixeira

Do UOL, em São Paulo

19/07/2021 17h25Atualizada em 19/07/2021 20h36

O Ministério da Saúde afirmou que "não há evidência científica" sobre a necessidade de uma campanha anual de vacinação contra a covid-19, como sugeriu o Secretário de Saúde de São Paulo, Jean Gorinchteyn, hoje.

Segundo o secretário paulista, o estado planeja fazer campanhas anuais de vacinação contra a doença, como acontece com a gripe, e iniciar já em janeiro. Ao UOL o Ministério da Saúde disse recomendar que estados e municípios sigam o PNO (Plano Nacional de Operacionalização da Vacinação contra a Covid-19).

O Ministério da Saúde informa que, até o momento, não há evidência científica que confirme a necessidade de doses adicionais das vacinas covid-19."
Ministério da Saúde, em nota na tarde de hoje

"A recomendação é que estados e municípios sigam o que é definido pela Câmara Técnica Assessora em Imunização e Doenças Transmissíveis, que é pactuada entre União e gestores estaduais e municipais, e pelo PNO", completou o governo.

O posicionamento do Ministério da Saúde, em linha com o que afirma até o momento a OMS, diverge do que já sugeriu o governo paulista.

Nós temos a questão relacionada à imunização anual, assim como fazemos com a gripe, para todos os brasileiros do estado de São Paulo. A nova fase da imunização para covid irá se iniciar dia 17 de janeiro do ano que vem."
Jean Gorinchteyn, secretário de Saúde de São Paulo, na manhã de hoje

A data marca um ano do início da vacinação contra covid-19 neste ano, no Brasil. O secretário não deu mais detalhes sobre o planejamento para a nova campanha, mas disse já estar conversando com o Conass (Conselho Nacional de Secretários de Saúde) para organizar o calendário.

"Nós entendemos que, nessa articulação junto com o próprio Ministério da Saúde e o Conass, [eles] também terão esse entendimento, para que possamos expandir essa nova fase da vacinação não apenas para São Paulo, mas para todo o país", declarou Gorinchteyn.

O próprio governo federal, depois de ser alvo de críticas por atrasos na compra de imunizantes, começou a mapear fornecedores e iniciar tratativas diante de uma possível necessidade de um novo ciclo de vacinação em 2022, como mostrou reportagem da Folha.

Segundo a OMS (Organização Mundial da Saúde), porém, ainda não é possível saber por quanto tempo dura a proteção oferecida com as doses regulares nem se um reforço adicional, como está sendo discutido na Europa, será benéfico ou, se for esse o caso, para quais populações.

"Teremos respostas para essa pergunta conforme mais estudos forem realizados nas populações vacinadas", afirma a Opas (Organização Pan-americana de Saúde), braço da OMS para as Américas.

Campanha em 2022

A expectativa do governo paulista é que a campanha de vacinação, que neste ano deverá durar pelo menos oito meses, seja mais tranquila no ano que vem. Para isso, consideram um provável cenário de controle da pandemia, com toda a população adulta com o ciclo vacinal completo, além de mais disponibilidade e menos corrida por doses.

"Ainda são planos. Temos que ver como isso será articulado nacionalmente e em outros países. O mundo inteiro está se debruçando sobre isso. Mas, com mais vacinas disponíveis, acreditamos ser possível completar [a campanha vacinal] em poucos meses", afirmou Regiane de Paula, coordenadora do PEI (Programa Estadual de Imunização).

A campanha depende da articulação do Ministério da Saúde, responsável pela compra das doses por meio do PNI. Após a resposta, o UOL procurou aguarda resposta da secretaria estadual para saber se São Paulo pretende fazer a campanha mesmo sem a recomendação da União.

Não é dose de reforço, diz Butantan

O governo paulista e o Instituto Butantan também seguiram descartando a possibilidade de uma terceira dose, chamada "dose de reforço", para a CoronaVac.

"Provavelmente nós teremos, sim, que vacinar anualmente. Mas, especificamente sobre a terceira dose, estamos preocupados, na verdade, em vacinar a população com as duas doses", declarou Rui Curi, diretor-presidente da Fundação Butantan.

"A CoronaVac é uma vacina que, nos estudos preliminares, mostrou proteção contra a variante Delta", completou Gorinchteyn, também descartando a dose de reforço.

Segundo Regiane de Paula, o início de uma nova campanha é um processo que ainda precisa ser avaliado, mas é provável que a vacina contra a covid funcione como a da gripe também neste sentido: com campanha frequente, as vacinas de Influenza são sempre reforçadas para abarcar as principais cepas de atenção em circulação no momento.

A Anvisa informou hoje que autorizou a realização de estudo clínico para aplicação de uma terceira dose da vacina AstraZeneca contra a covid-19 em voluntários que receberam as duas doses iniciais, com o intervalo de quatro semanas.