SP: Nunes 'flerta' com Carnaval e Réveillon, mas comitê afasta chance
"A princípio, a cidade terá Réveillon, terá Carnaval". A fala do prefeito de São Paulo, Ricardo Nunes (MDB), em 1º de julho, sugere um planejamento. No entanto, ao menos com autoridades de saúde do estado, os eventos não estão sendo discutidos.
Se considerada a avaliação do Centro de Contingência ao Coronavírus em São Paulo, a chance de os eventos se realizarem aos moldes do mundo pré-pandêmico é ínfima. Ao UOL, o diretor-executivo do comitê, Paulo Menezes, disse que o comportamento do vírus em aglomerações será estudado em eventos-teste, organizados sob tutela do governo e com participantes submetidos a monitoramento biológico.
Para Menezes, ainda não há como prever a realização de "mega-aglomerações" como o Ano Novo e o Carnaval na capital. Ele disse que o comitê —cuja função é assessorar o governo paulista durante a pandemia do novo coronavírus— ainda não recebeu uma demanda formal para discutir esses eventos.
"São situações absolutamente impossíveis de haver protocolos. Não vejo como possível pensar nisso nos próximos meses. Com as evidências atuais, é impossível. A não ser que surjam novas evidências. A vacinação de uma grande proporção da população está controlando a disseminação do vírus, mas controla parcialmente", afirmou o epidemiologista, formado pela Universidade de Londres.
No caso do Carnaval, apesar de sequer ter começado a ser discutido, Menezes vê como alternativa desfiles de escolas de samba sem público ou com público reduzido, com menos foliões na passarela, testes e todos de máscara.
"Seria possível discutir as escolas de samba. Mas isso envolve toda preparação. Estamos próximos de uma boa cobertura vacinal na população adulta, mas ainda tenho dificuldade de avaliar o quanto a população vai estar protegida até lá."
O UOL procurou a Prefeitura de São Paulo sobre a possível retomada dos eventos de massa, mas não obteve retorno.
Eventos-teste com testagem e vacinação
O governo paulista já começou contudo a investir nos chamados eventos-teste.
Entre eles, estão o GP de São Paulo da Fórmula 1, previsto para novembro, e uma corrida de 10 km ao ar livre em agosto. Também há eventos como a feira CCXP e a festa Oktoberfest, ainda sem data fechada.
Junto com empresas privadas, o governo organizará eventos com centenas ou milhares de pessoas seguindo protocolos de segurança para estudar o comportamento do vírus em pessoas vacinadas e não vacinadas em aglomerações com uso de máscara.
As regras variam conforme o evento, mas em geral seguirão um padrão de teste PCR antes e quatro a cinco dias depois do evento, distanciamento social, capacidade reduzida dos ambientes e uso de máscara.
Por enquanto, diz o governo, estão previstos 30 eventos. Entre eles, festivais de economia criativa, shows de orquestra e de bandas, exposições de arte, eventos de tecnologia e festas de funk, sertanejo, eletrônico e pop rock.
Um dos primeiros aconteceu em julho na cidade de Santos, no litoral sul de São Paulo. Batizado de Expo Retomada, a feira de negócios recebeu 1.264 visitantes (capacidade reduzida do local que abriga até 4.000 pessoas) e outras 290 envolvidas na logística do encontro.
Todos foram testados antecipadamente —dois casos, identificados e confirmados por um novo teste, não participaram do evento.
O governo paulista diz que segue como exemplo países europeus que têm realizado festas para analisar a disseminação do vírus. Integrantes da pasta de Desenvolvimento Social, que toca a organização das solenidades, mantêm contato frequente com o governo da Holanda para trocar experiências sobre protocolos utilizados naquele país.
O temor é se precipitar e causar um aumento de casos de covid-19, por isso, conforme explica a secretária Patrícia Ellen, é preciso aprender com os erros e acertos dos outros países.
Ellen explica que não há regra estabelecida para entrada apenas de vacinados nos eventos, mas que isso está sendo estudado.
"Estamos trabalhando com o modelo de testagem e vacinação para participar dos eventos. É um momento de esperança, mas de responsabilidade. Temos que aprender com acertos e com erros dos países que estavam com taxa de vacinação mais elevada. São Paulo deve ser exemplo pro Brasil e pro mundo".
Se há receio dos eventos causarem infecções, ainda mais com a chegada da variante Delta, que é mais transmissível? Paulo Menezes, do comitê de covid, diz que sim.
"Existe um receio sempre de qualquer coisa que possa contribuir para a transmissão do vírus. E aí os eventos-teste não são exceção, mas ao mesmo tempo existe o consenso de que é necessário retomar progressivamente as atividades em todos os setores e retomar da melhor forma possível em função inclusive das evidências e do conhecimento."
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