Sem aval da Saúde, Rio precisa de 1 milhão de doses de reforço para idosos
O anúncio da Prefeitura do Rio de Janeiro de que, a partir de setembro, planeja aplicar dose de reforço contra covid-19 em idosos amplia ainda mais a demanda da capital fluminense por vacinas em meio ao avanço da variante delta e a uma disputa com o Ministério da Saúde que já chegou ao STF (Supremo Tribunal Federal).
A SMS (Secretaria Municipal de Saúde) planeja aplicar a dose de reforço em todos idosos que já tenham tomado as duas doses necessárias —ao todo, são 1,16 milhão de pessoas. No entanto, o discurso da gestão Eduardo Paes (PSD) não está em linha com o Ministério da Saúde. Ainda não há aval da pasta para que estados e municípios avancem para a dose de reforço.
O ministro Marcelo Queiroga diz que a prioridade é terminar o esquema vacinal da população adulta. A previsão da Saúde é de que isso aconteça em outubro. Até agora, apenas 26,42% da população completou o esquema vacinal. Ontem, Queiroga afirmou esperar evidências científicas para discutir com seriedade a aplicação da terceira dose.
Por sua vez, a previsão do secretário municipal de Saúde, Daniel Soranz, é de que o calendário de dose de reforço termine em novembro. Questionado sobre não haver definição do governo federal sobre a questão, o secretário fala em "caminhar junto" com o ministério para obter a autorização.
Reforço não será feito com Coronavac
O Rio de Janeiro pretende divulgar nos próximos dias o calendário por idade para o imunizante de reforço. O plano da SMS é aplicar essa vacina em que tem mais de 60 anos e já recebeu a segunda dose há mais de seis meses.
O comitê científico de enfrentamento à covid-19 mantido pela prefeitura recomendou a chamada vacinação heteróloga para o reforço, ou seja, uma vacina diferente daquela aplicada na primeira e segunda doses.
De acordo com Soranz, a dose de reforço será com Pfizer ou Astrazeneca. Com isso, o Rio precisa receber ao menos 1,16 milhão de doses extra desses laboratórios nos próximos três meses para cumprir o calendário de reforço.
O plano é reforçar a vacinação dos idosos que tomaram Coronavac na primeira e segunda doses, mas não exclui quem tenha tomado as outras vacinas: quem completou o esquema vacinal com Astrazeneca tomará Pfizer e vice-versa.
Quem está habilitado para o reforço?
A campanha dedicada à vacinação de idosos no Rio começou em 18 de janeiro e foi até 23 de abril. Naquela data, 92% dessa parcela da população havia tomado a primeira dose.
Considerando os três meses entre doses que a vacina da Astrazeneca prevê em bula e os seis meses estipulados pela prefeitura para o reforço, há possibilidade de idosos estarem habilitados somente em janeiro de 2022.
Contudo, o discurso de Soranz e de membros do comitê científico indica que o alvo principal do planejamento é o grupo de idosos vacinados com Coronavac.
Considerando o final da campanha de vacinação de idosos, novembro é o mês limite indicado para que a maior parte desse grupo receba o reforço. Há também tenha sido vacinado em repescagens, que continuam em vigor na capital.
A Anvisa (Agência Nacional de Vigilância Sanitária) já recomendou ao PNI (Plano Nacional de Imunização) que o reforço seja tratado como prioridade.
Em nota publicada no último dia 18, a agência afirma que a aplicação poderia ser feita em "caráter experimental", especialmente em idosos que tomaram duas doses de Coronavac.
Procurado, o Ministério da Saúde não respondeu até a publicação desta reportagem sobre eventuais tratativas com a Prefeitura do Rio sobre a dose de reforço.
Disputa no STF por mais doses
"Medida preventiva" é a explicação de Paes para a ação no STF por mais doses de vacinas, diante do novo método de distribuição anunciado por Queiroga.
Na última semana, o ministro disse que a distribuição será proporcional com o objetivo de deixar todos os estados no mesmo nível de vacinação: quem não terminou a vacinação de adultos, receberá doses para que acelere o calendário.
O argumento se choca agora com o novo planejamento do Rio de receber doses extra que "fogem" do plano inicial do Ministério da Saúde.
Na última sexta (20), Paes defendeu que a distribuição deveria considerar a realidade específica de cada localidade. Antes de explicar os motivos da ação no STF, o prefeito fez novamente um "apelo" ao Ministério da Saúde, diante do avanço da delta.
"O Rio é o epicentro da variante delta no Brasil. O apelo é que o Ministério da Saúde entenda isso e entregue mais doses."
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