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Sem Bolsonaro, ministros sobrevoam bairros atingidos pelas chuvas na Bahia

27.dez.2021 - Pessoas carregam seus pertences enquanto caminham na água após inundação em Itapetinga, Bahia - Xinhua/Lucio Tavara
27.dez.2021 - Pessoas carregam seus pertences enquanto caminham na água após inundação em Itapetinga, Bahia Imagem: Xinhua/Lucio Tavara

Hanrrikson de Andrade

Do UOL, em Brasília

28/12/2021 11h19Atualizada em 28/12/2021 22h46

Os ministros João Roma (Cidadania), Marcelo Queiroga (Saúde), Rogério Marinho (Desenvolvimento Regional) e Damares Alves (Mulher, Família e Direitos Humanos) sobrevoaram hoje municípios baianos afetados pelas enchentes que castigam o estado e já causaram a morte de 20 pessoas.

O esforço interministerial não inclui a presença do presidente Jair Bolsonaro (PL), que está de folga no litoral de Santa Catarina, onde passará o Réveillon.

Em entrevista concedida após a vistoria, o governo federal anunciou novas medidas em apoio aos trabalhos na região. Entre as iniciativas está a abertura de uma linha de crédito emergencial no BNDES (Banco Nacional de Desenvolvimento Social), com prazo de mais de oito anos de pagamento, a fim de dar sustentação financeira à recuperação econômica dos municípios.

Também foram empenhados esforços para acolhimento de desalojados e desabrigados, em especial as crianças vítimas da tragédia, com a disponibilização de locais para acolhimento, alimentos, cobertores e outros itens fundamentais.

O ministro da Saúde, Marcelo Queiroga, afirmou que a pasta editou hoje uma portaria de R$ 12 milhões, com R$ 7 milhões apenas para a Bahia, a fim de garantir investimentos em ações de saúde, compra de insumos etc. "Esse dinheiro já foi repassado fundo a fundo. Do Fundo Nacional de Saúde para os Fundos Municipais de Saúde."

Queiroga também anunciou reforço nas campanhas de vacinação contra a gripe e a hepatite A.

"Vamos reforçar a vacina da cobertura da gripe. Vamos trazer mais, nesse primeiro momento, 100 mil unidades dessa vacina. Vacina para hepatite A. Vamos também disponibilizar assistência para aqueles que se acidentam com animais peçonhentos", declarou.

"Enfim, todas essas necessidades para a saúde. Médicos da Força Nacional, que são médicos emergencistas, vão começar a chegar. E agora no começo do ano, também, médicos para dar cobertura na atenção primária. Traremos cerca de 900 médicos que integram o programa de médicos na atenção primária. Esse foi um pleito da secretária estadual de Saúde que está sendo acatado."

Em sua página no Twitter, o ministro Rogério Marinho postou imagens áreas da cidade de Itabuna, uma das que sofreram com o transbordamento do rio Cachoeira.

Segundo ele, a orientação de Bolsonaro foi "abrigar, alimentar e acolher" em um momento emergencial, para depois "planejar a reconstrução".

Durante a entrevista, Marinho afirmou que "Bolsonaro tem acompanhado o processo todos os dias".

O presidente tem recebido críticas de setores da sociedade devido a um possível distanciamento em relação ao problema das chuvas, que castiga não só a Bahia, mas também áreas no Amazonas, em Minas Gerais, no Pará e em São Paulo. Bolsonaro decidiu não revogar as férias. Ele está em São Francisco do Sul, em Santa Catarina, com a família.

Também hoje, a Presidência da República editou uma MP (medida provisória) para liberar R$ 200 milhões nos próximos dias destinados à reconstrução de rodovias destruídas pelas chuvas na Bahia, em Amazonas, em Minas Gerais, no Pará e em São Paulo.

"A proposta vem ao encontro da imediata necessidade de restabelecer o tráfego no segmento interditado da rodovia BR-459/SP, no estado de São Paulo, com a maior brevidade possível, e das rodovias BR-155/PA e BR-158/PA, no estado do Pará, bem como BR-319/AM e BR-174/AM, no estado do Amazonas", afirma nota da Secretaria-Geral da Presidência.

50 mil pessoas estão desalojadas

Somente na Bahia, de acordo com projeções feitas pelo governo estadual, as chuvas já afetaram, no total, mais de 470 mil pessoas.

O governador do estado, Rui Costa (PT), afirmou que, até 12h de hoje, mais de 50 mil pessoas estavam desalojadas em decorrência das enchentes. O número de desabrigados ainda não foi calculado com precisão, pois a situação é dinâmica e muitos municípios ainda estão ilhados. "Muitos locais ainda estão com nível 1 de metro de água", comentou o chefe do Executivo estadual.

O raio de destruição deixado pela catástrofe também tem sido um desafio para os socorristas, de acordo com Costa. São 600 km do norte ao sul da Bahia, e 400 km de leste a oeste. "Dá uma dimensão do tamanho do desastre", afirmou.

Em entrevista concedida mais cedo a jornais locais, o petista disse que as enchentes deixaram um cenário "de guerra" e que ainda não tem como dar um prazo para a recuperação das estradas estaduais e federais afetadas pelas inundações.

"A extensão da destruição é o que impressiona. Parece que houve uma guerra. As crateras, as barragens que foram levadas, as pontes, o dano à infraestrutura é enorme. Nossos técnicos estão avaliando os danos, mas ainda não temos esse dado concreto", afirmou.

Costa pede mais recursos

Em tom de reclamação, o governador Rui Costa pediu hoje, diante dos quatro ministros do governo Bolsonaro, a liberação de um volume maior de recursos do governo federal para reconstrução de estradas.

Dos R$ 200 milhões liberados pela medida provisória editada hoje, R$ 80 milhões são destinados ao Nordeste (não especificamente à Bahia, e sim à região como um todo); R$ 70 milhões ao Norte e R$ 50 milhões para o Sudeste.

O governo federal ainda não especificou quanto cada estado irá receber, mas apenas a Bahia foi contemplada no Nordeste até o momento.

Costa observou, por outro lado, que os R$ 80 milhões não seriam suficientes para a reconstrução de estradas somente na Bahia, quanto mais na região.

A reclamação foi rebatida pelo ministro Rogério Marinho (Desenvolvimento Regional), que disse ser uma injeção inicial de recursos e deu a entender que, conforme avaliação de danos e riscos, mais dinheiro será liberado.

"Temos pelo menos sete estados hoje que estão com problemas de chuvas torrenciais. Não tão fortes aqui como o extremo sul da Bahia. Mas cada um com a sua realidade. Então, o governo fez o primeiro punch. Na emergencial", disse o ministro.

"Vamos precisar de um pouco mais de tempo para recebermos esses informes [diagnósticos] e aí sim teremos a capacidade e a condição de termos um montante. E esse montante será fruto de uma medida provisória de crédito extraordinário que certamente contará com o apoio de todos."