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Sanitarista critica autorização de cruzeiros na pandemia: 'Fora de questão'

Zanetta classificou os cruzeiros como "armadilhas", uma vez que a maior parte deles é completamente fechada - Alonso Reyes/Unsplash
Zanetta classificou os cruzeiros como 'armadilhas', uma vez que a maior parte deles é completamente fechada Imagem: Alonso Reyes/Unsplash

Do UOL, em São Paulo

01/01/2022 15h45

Para o médico sanitarista e professor de Saúde Pública e Epidemiologia do Centro Universitário São Camilo, Sérgio Zanetta, a decisão da Anvisa (Agência Nacional de Vigilância Sanitária) de recomendar a suspensão da temporada de navios de cruzeiro foi acertada e, ainda mais, tardia.

"A Anvisa toma uma decisão que já deveria ter sido prevista. Crônica de uma doença anunciada", disse em entrevista à CNN Brasil na tarde de hoje. O especialista acredita que a circulação de navios de passageiros no atual momento sequer deveria ter sido autorizada.

O problema é alguém autorizar a temporada de cruzeiros com o quadro epidemiológico que temos. Isso é totalmente fora de questão.
Sérgio Zanetta, sanitarista e professor de Saúde Pública e Epidemiologia

Ele destacou que as vacinas contra a covid-19 são essenciais para prevenir casos graves da doença, mas como não evitam completamente a transmissão do vírus, outros cuidados ainda devem ser mantidos.

"Enquanto houver transmissão sustentada da covid, esse tipo de evento não é recomendável", afirmou. "Realizar eventos em ambientes abertos ainda tem algum sentido, em ambientes confinados, como num navio, isso é totalmente fora de propósito", completou.

Zanetta classificou os cruzeiros como "armadilhas", uma vez que a maior parte deles é completamente fechada, com uso de refrigeração, que recircula o ar. Ele explicou que nesse cenário, a probabilidade de disseminação da infecção é muito maior do que em ambientes abertos.

"É o que se poderia prever como uma situação já anunciada pelas circunstâncias. Mesmo que eu solicite comprovantes de vacinação e faça exames prévios, há algumas falhas possíveis", falou.

A Clia Brasil (Associação Brasileira de Cruzeiros Marítimos) informou que faz parte dos protocolos o ar fresco sem recirculação, desinfecção e higienização constantes, com utilização de filtros de ar.