Com ômicron e fim de ano, SP tem aumento de 30% de internações em 1 semana
O estado de São Paulo teve um aumento de 30% em novas internações por covid-19 nos hospitais públicos e privados na última semana. O número de novos hospitalizados com a doença subiu de 425 para 552 na primeira semana do ano, impulsionado pela variante ômicron, já em transmissão comunitária no Brasil, e pelas festas de fim de ano.
No começo de dezembro, o estado havia registrado o índice mais baixo de novas internações por covid (277 novos pacientes). Esta já é a terceria semana seguida de alta. A avaliação do Comitê Científico, ligado ao governo estadual, é que o número ainda não é "absurdo" e está longe do pico, mas a tendência progressiva de alta deixa os médicos em alerta.
Os números foram atualizados hoje pelo governo estadual, em entrevista coletiva no Palácio dos Bandeirantes, com dados anotados até ontem (4). Na última semana, foram registradas 552 novas internações —30% a mais do que as 425 da semana anterior, última semana de dezembro.
"Percentualmente é bastante significativo, mas em números absolutos não coloca em risco a capacidade de atendimento que a rede de hospitais de São Paulo pode apresentar à população", afirmou o médico sanitarista João Gabbardo, coordenador executivo do Comitê Científico, que argumentou que o estado saiu de um "patamar muito baixo".
De acordo com o Seade (Sistema Estadual de Análise de Dados), com dados da Secretaria Estadual da Saúde, o estado tem ocupação hoje de:
- 26,6% das UTIs (unidades de terapia intensiva) de covid-19 e
- 25,2% das enfermarias.
Os índices parecem baixos se comparados ao pico, mas também indicam aumento em relação aos 22% de lotação de UTIs atingidos em dezembro.
Para Gabbardo, o crescimento tem de ser acompanhado com atenção, levando em consideração as particularidades da variante ômicron, já predominante no estado —corresponde entre 60% a 65% dos casos, segundo a secretaria estadual.
Como a transmissibilidade [da ômicron] é muito alta, temos visto que a curva de internações sobe rápido, mas também desce rápido. O que estamos acompanhando é se, neste aumento, o sistema público seguirá tendo capacidade de comportar os casos, o que hoje é uma realidade."
João Gabbardo, coordenador-executivo do Comitê Científico
A África do Sul, primeiro país a identificar a variante, em novembro, já vê a curva em queda de novos casos pela ômicron no fim do ano. Em um mês, subiu de 283 casos/dia para mais de 23 mil, em 16 de dezembro. No fim de dezembro já havia caído para menos de 15 mil.
"Ainda estamos encontrando explicações e natureza desse fenômeno, que pode ser ele construir, na medida que pessoas vão se infectando, um paredão de imunidade que vai dificultando a disseminação", afirmou o infectologista Esper Kallás.
O aumento de internações também é resultado dos encontros de fim de ano, com as reuniões familiares no Natal e as festas de Réveillon.
"Esses quadros denotam claramente que pessoas retiraram as máscaras de forma muito abrupta, especialmente em ambientes de confraternizações, ambientes sociais, favorecendo a transmissão", afirmou o secretário estadual da Saúde, Jean Gorinchteyn.
Vacinação ajuda
Apesar do aumento de internações, os médicos afirmam que o aumento da vacinação no estado e no país colabora para que os casos não sejam mais graves.
Estamos vendo pessoas que receberam duas doses ou três doses com quadro bem mais leve. Mesmo quadro visto em outros países. Nova York [EUA] teve um aumento vertiginoso de casos. A diferença de lá para cá é que temos cobertura vacinal de 96% entre adultos, e não estamos vendo número de casos internados aumentarem como de infecção leve."
Esper Kallás, infectologista do Comitê Científico
Até esta quarta, o estado tinha 79% da população com o esquema vacinal completo. Segundo o Vacina Já, da Secretaria Estadual da Saúde, 36,6 milhões de habitantes tomaram as duas doses ou dose única e 10 milhões já tomaram a dose de reforço.
"Em Nova York, houve aumento de internações, mas mais de 90% são de pessoas não vacinadas. Então está tendo impacto, mas o fato de não termos aumento expressivo de internações nos deixa em situação mais confortável e ressalta a importância da vacinação como nunca", completou Kallás.
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