Anvisa adia aprovação do autoteste de covid e pede informações à Saúde
A Anvisa (Agência Nacional de Vigilância Sanitária) decidiu hoje, em reunião de diretoria, adiar a liberação do autoteste de covid no país, pedido pelo Ministério da Saúde na semana passada. Por 4 votos a 1, a agência deu um prazo de 15 dias para que o ministério apresente informações adicionais sobre o uso dos testes.
Defendidos nesta semana pelo presidente Jair Bolsonaro (PL), os autotestes são usados na Europa e nos Estados Unidos, mas ainda não foram liberados do Brasil. No caso do autoteste, que deverá ser encontrado em farmácias, o próprio paciente é quem coleta a sua amostra, em casa, e tira o resultado conforme as instruções do fabricante.
Horas após a decisão da diretoria da Anvisa, o ministro da Saúde, Marcelo Queiroga, informou que enviará as informações solicitadas e reafirmou sua posição a favor dos autotestes.
A diretora Cristiane Jourdan, relatora do pedido, foi a única que votou para liberar o autoteste, mas fez ressalvas para destacar que o ministério deveria detalhar uma estratégia de testagem em âmbito nacional. Para os demais diretores, porém, o governo deve elaborar esta política pública antes que os autotestes sejam liberados.
"Uma aprovação nestes moldes pura e tão somente forneceria a possibilidade de acesso a um instrumento de triagem diagnóstica, que necessariamente precisa vir a reboque de uma política pública, no sentido de sanar uma série de questões até o momento não totalmente contempladas pela análise que fizemos", afirmou o presidente da Anvisa, Antonio Barra Torres.
A diretoria colegiada da Anvisa volta a se reunir amanhã, a partir das 10h, para decidir se libera a vacina Coronavac para crianças a partir de 3 anos de idade. O pedido de uso emergencial do imunizante para o público infantil foi feito pelo Instituto Butantan.
Lacunas de informação
Na nota técnica enviada à Anvisa, o ministério afirmou que a autotestagem é "uma estratégia adicional para prevenir e interromper" a transmissão do coronavírus, ao lado do isolamento social e do uso de máscaras. "Os autotestes podem ser realizados em casa ou em qualquer lugar, são fáceis de usar e produzem resultados rápidos", completou a pasta.
O texto tem parâmetros que os fabricantes de autotestes devem seguir em relação ao produto e à embalagem, e determina a manutenção de um canal de comunicação por telefone gratuito para suporte aos usuários. A medida visa ajudar as pessoas a utilizar o autoteste e tomar uma providência diante do resultado positivo.
Para os diretores da Anvisa, porém, o governo precisa esclarecer, entre outros pontos, se haverá um mecanismo para notificar os casos positivos e de que forma estes números serão incluídos nos dados oficiais.
Aposta em outros países
A esperança de diferentes governos europeus é de que os testes realizados pela própria pessoa desafoguem o sistema de saúde e centros clínicos, muitos dos quais passaram a ser tomados por filas de horas para que as pessoas possam ser avaliadas.
Na Inglaterra, por exemplo, os moradores podem retirar autotestes gratuitamente em diferentes locais. O governo disponibiliza um manual de uso com orientações para diferentes situações. Uma pessoa que tem contato com alguém que testou positivo, por exemplo, pode receber um kit com sete testes para fazer em casa ao longo de uma semana.
Para quem é dos Estados Unidos ou está a passeio, por exemplo, pode encontrar o produto em qualquer farmácia.
Na Alemanha, o autoteste passou a ser alvo de uma intensa busca já a partir do mês de novembro. Corridas pelo autoteste também foram verificadas na Espanha e na França.
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