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Proibido no Brasil, autoteste é aposta da UE em onda inédita de covid-19
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Nas farmácias, nas caixas de correio ou até em prateleiras de supermercados, um item passou a ser essencial na vida dos europeus em 2022: os kits de autoteste contra a covid-19. Com mais de 5 milhões de novos casos registrados em apenas uma semana na Europa, autoridades passaram a incentivar as populações a buscar novas formas de testagem e, assim, tentar mapear e frear a nova onda da pandemia.
A esperança de diferentes governos europeus é de que os testes realizados pela própria pessoa desafoguem o sistema de saúde e centros clínicos, muitos dos quais passaram a ser tomados por filas de horas para que as pessoas possam ser avaliadas.
No norte da Itália, locais de testes registraram uma saturação e não conseguiram oferecer datas para exames por dias. Filas de mais de cinco horas passaram a ser registradas. Na Suíça, alguns dos centros passaram a não realizar testes para motivos de viagem, concentrando os esforços apenas para aqueles com sintomas.
Uma saída encontrada pelo Reino Unido foi a de permitir que cada residência tenha acesso a dois kits de autoteste gratuito por semana.
Já na Alemanha, o autoteste passou a ser alvo de uma intensa busca já a partir do mês de novembro. Alemães, alertados sobre o potencial aumento de casos e diante das novas restrições impostas para entrar em academias de ginástica, restaurantes e eventos, correram para comprar os kits para o período das festas de final de ano. O resultado foi a declaração de alguns fabricantes de uma ruptura momentânea de estoques.
Os alemães ainda abriram uma polêmica quando passaram a comprar estoques de empresas na Espanha, gerando um desabastecimento em Madri e em outras grandes cidades da península ibérica. O resultado foi uma inflação no preço dos kits, que chegou a custar 10 euros nos dias de festas de final de ano.
Mesmo assim, inundados pela busca por testes, autoridades espanholas passaram a validar os testes feitos em casa, mesmo sem a opinião ou chancela de um profissional de saúde. O sistema já está em funcionamento em locais como Andaluzia, Catalunha, Madri, Aragón, Navarra e La Rioja.
Uma corrida pelos testes também foi registrada do outro lado da fronteira, na França. Com um custo menor que o teste antígeno realizado em farmácias, os kits apresentam uma fiabilidade de mais de 80% e permitem que escolas e locais de trabalho possam administrar de maneira mais rápida a ausência de alunos ou funcionários.
Nas escolas públicas de Lyon, por exemplo, a regra exige que, se uma criança testar positivo para a covid-19, todos os demais colegas de sala de aula devem ser testados. Se o resultado for negativo, esses mesmos alunos precisam ser testados dois e quatro dias depois. Para isso, portanto, os testes em casa aparecem como a solução, inclusive por seu preço de 5 euros.
A aposta das autoridades e a procura levaram fabricantes a aumentar a capacidade de produção. Se inicialmente a maioria dos testes vinha da China, hoje são empresas europeias que intensificam a fabricação dos kits. Apenas a francesa Biosynex vendeu mais de 1 milhão de testes nos 15 primeiros dias de dezembro.
Em 2022, a empresa ampliou o número de funcionários e contratou 200 novos trabalhadores para acelerar a produção, num sistema de fabricação que está operando 24 horas por dia.
Para o mês de janeiro, a meta é de fornecer 20 milhões de kits. A receita também promete aumentar de forma exponencial. Se em 2019 a empresa fechou com 35,9 milhões de euros em receita, o volume passou para 225 milhões apenas no primeiro semestre de 2021.
Subnotificação
Apesar de aplaudir os testes como forma de mapear onde está o vírus e permitir que casos possam ser evitados, a OMS (Organização Mundial da Saúde) alerta que os autotestes geram uma consequência indesejada: a subnotificação de casos.
Ao ser realizado em casa, o teste não tem como ser controlado e seu resultado não necessariamente é informado às autoridades. Ainda que um teste positivo seja registrado e a pessoa permaneça em quarentena, não há uma notificação automática ao estado.
Especialistas também apontam que, para funcionar, o autoteste implica em uma relação de confiança entre cidadãos e governos. A fraude nos testes é relativamente fácil de ser realizada, inclusive com a coleta de amostras de uma outra pessoa.
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