Anvisa recebeu 458 ameaças desde aprovação da vacinação infantil
A Anvisa (Agência Nacional de Vigilância Sanitária) recebeu, desde que aprovou a vacinação contra covid-19 para crianças, 458 ameaças por e-mail. O dado foi revelado pelo diretor-presidente do órgão, Antonio Barra Torres, em audiência pública no Senado hoje.
Segundo Barra Torres, os ataques contra os servidores da agência cresceram significativamente após o presidente Jair Bolsonaro (PL) afirmar, durante uma transmissão ao vivo nas redes sociais, que divulgaria os nomes dos responsáveis pela autorização da vacina.
"Nas 48 horas após a live, o número de ameaças por e-mail saltou de 3 para 124. Até 14 de fevereiro foram 458 ameaças vinculadas a críticas de 'baixo calão'", afirmou o almirante, em resposta ao senador Randolfe Rodrigues (Rede-AP), um dos presentes na audiência da Comissão de Direitos Humanos.
O ataque de Bolsonaro foi feito no mesmo dia em que a Anvisa aprovou a vacinação para crianças de 5 a 11 anos, em 16 de dezembro do ano passado. Na ocasião, o presidente disse: "a responsabilidade é de cada um. Mas agora mexe com as crianças, então quem é responsável por olhar as crianças é você, pai. Eu tenho uma filha de 11 anos de idade e vou estudar com a minha esposa bastante isso aqui."
Servidores da Anvisa se sentem inseguros
Durante a audiência no Senado, Barra Torres também disse que os cerca de 1.600 servidores da Anvisa se sentem inseguros e tensos após as ameaças. "Eles se sentiram impactados. E eu estou computando as que chegam na Anvisa, não as que os servidores ainda recebem em suas redes sociais pessoais", disse.
O presidente da agência afirmou que as ameaças são encaminhadas à Polícia Federal, STF (Supremo Tribunal Federal), GSI (Gabinete de Segurança Institucional), PGR (Procuradoria-Geral da República), PGR do Distrito Federal e Ministério da Justiça.
"É uma insegurança desnecessária. O trabalho já é desgastante. Seria só o inimigo natural a ser vencido, esse outro é totalmente descabido. Mas, infelizmente, ele está lá", completou Barra Torres.
Importância da vacinação
Desde o início da vacinação contra a covid-19 no Brasil, quase a totalidade (92%) dos eventos adversos relacionados aos imunizantes foi classificada como não grave, segundo o Ministério da Saúde. Os relatos mais comuns são de cansaço, tosse, calafrios, dor no local da aplicação, coceira, hematoma, febre, dor no corpo, diarreia, náusea, dores musculares e nas articulações e dor de cabeça.
Em pouco mais de um ano de campanha, os benefícios podem ser vistos de forma prática. A queda da mortalidade de pacientes hospitalizados com covid-19 no SUS, por exemplo, foi de 37% em todo o país. Um estudo do governo federal mostra que o risco de óbito pela doença é 56 vezes maior do que o risco de ocorrência de um evento adverso relacionado à vacinação.
Entre as crianças, a vacina pode reduzir em seis vezes a chance de complicação por covid-19, de acordo com dados levantados nos Estados Unidos, país onde há o maior número de jovens imunizados. Os casos reportados de miocardite são raros: a incidência é de 9 a cada 100 mil doses aplicadas (0,009%).
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