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Anvisa recebeu 458 ameaças desde aprovação da vacinação infantil

Segundo Barra Torres, os ataques contra os servidores da agência cresceram significativamente após Bolsonaro afirmar que divulgaria os nomes dos responsáveis pela autorização da vacina - Edilson Rodrigues/Agência Senado
Segundo Barra Torres, os ataques contra os servidores da agência cresceram significativamente após Bolsonaro afirmar que divulgaria os nomes dos responsáveis pela autorização da vacina Imagem: Edilson Rodrigues/Agência Senado

Colaboração para o UOL

16/02/2022 19h49Atualizada em 16/02/2022 19h59

A Anvisa (Agência Nacional de Vigilância Sanitária) recebeu, desde que aprovou a vacinação contra covid-19 para crianças, 458 ameaças por e-mail. O dado foi revelado pelo diretor-presidente do órgão, Antonio Barra Torres, em audiência pública no Senado hoje.

Segundo Barra Torres, os ataques contra os servidores da agência cresceram significativamente após o presidente Jair Bolsonaro (PL) afirmar, durante uma transmissão ao vivo nas redes sociais, que divulgaria os nomes dos responsáveis pela autorização da vacina.

"Nas 48 horas após a live, o número de ameaças por e-mail saltou de 3 para 124. Até 14 de fevereiro foram 458 ameaças vinculadas a críticas de 'baixo calão'", afirmou o almirante, em resposta ao senador Randolfe Rodrigues (Rede-AP), um dos presentes na audiência da Comissão de Direitos Humanos.

O ataque de Bolsonaro foi feito no mesmo dia em que a Anvisa aprovou a vacinação para crianças de 5 a 11 anos, em 16 de dezembro do ano passado. Na ocasião, o presidente disse: "a responsabilidade é de cada um. Mas agora mexe com as crianças, então quem é responsável por olhar as crianças é você, pai. Eu tenho uma filha de 11 anos de idade e vou estudar com a minha esposa bastante isso aqui."

Servidores da Anvisa se sentem inseguros

Durante a audiência no Senado, Barra Torres também disse que os cerca de 1.600 servidores da Anvisa se sentem inseguros e tensos após as ameaças. "Eles se sentiram impactados. E eu estou computando as que chegam na Anvisa, não as que os servidores ainda recebem em suas redes sociais pessoais", disse.

O presidente da agência afirmou que as ameaças são encaminhadas à Polícia Federal, STF (Supremo Tribunal Federal), GSI (Gabinete de Segurança Institucional), PGR (Procuradoria-Geral da República), PGR do Distrito Federal e Ministério da Justiça.

"É uma insegurança desnecessária. O trabalho já é desgastante. Seria só o inimigo natural a ser vencido, esse outro é totalmente descabido. Mas, infelizmente, ele está lá", completou Barra Torres.

Importância da vacinação

Desde o início da vacinação contra a covid-19 no Brasil, quase a totalidade (92%) dos eventos adversos relacionados aos imunizantes foi classificada como não grave, segundo o Ministério da Saúde. Os relatos mais comuns são de cansaço, tosse, calafrios, dor no local da aplicação, coceira, hematoma, febre, dor no corpo, diarreia, náusea, dores musculares e nas articulações e dor de cabeça.

Em pouco mais de um ano de campanha, os benefícios podem ser vistos de forma prática. A queda da mortalidade de pacientes hospitalizados com covid-19 no SUS, por exemplo, foi de 37% em todo o país. Um estudo do governo federal mostra que o risco de óbito pela doença é 56 vezes maior do que o risco de ocorrência de um evento adverso relacionado à vacinação.

Entre as crianças, a vacina pode reduzir em seis vezes a chance de complicação por covid-19, de acordo com dados levantados nos Estados Unidos, país onde há o maior número de jovens imunizados. Os casos reportados de miocardite são raros: a incidência é de 9 a cada 100 mil doses aplicadas (0,009%).