Universidades e Uber continuam a exigir máscaras após Rio desobrigar uso
Após o fim da obrigatoriedade de uso de máscaras em locais fechados na cidade do Rio de Janeiro, a Fiocruz (Fundação Oswaldo Cruz), as principais universidades públicas e o app de transportes Uber decidiram continuam exigindo o item de proteção.
Já metrô, trens e ônibus —considerados por especialistas em saúde pontos com risco alto de contaminação pela covid-19— e shopping centers não irão mais obrigar que passageiros e funcionários usem máscaras.
Na última segunda-feira (7), o prefeito Eduardo Paes (PSD) publicou um decreto dispensando as máscaras em locais abertos, fechados e no transporte público.
A decisão foi tomada após o comitê científico que assessora a Prefeitura do Rio no combate à pandemia se mostrar favorável à medida. Além disso, o Rio decidiu acabar com o passaporte de vacinas quando 70% da população adulta estiver vacinada com a dose de reforço —ela foi aplicada em 54,9% dos adultos.
Apesar disso, a Fiocruz, a UFRJ (Universidade Federal do Rio de Janeiro), a Uerj (Universidade do Estado do Rio de Janeiro) e a Unirio (Universidade Federal do Estado do Rio de Janeiro) decidiram manter a exigência neste momento.
Referências em pesquisa na área de saúde, as entidades mantêm comitês de especialistas próprios.
A Uerj e a UFRJ dispensaram as máscaras em locais abertos sem aglomeração, mas condicionaram a retirada total dos itens de proteção ao momento em que 70% da população tiver recebido a dose de reforço.
A Unirio não detalhou regras, dizendo apenas que "manterá a recomendação do uso de máscaras em seus campi".
A Fiocruz informou em comunicado que "o uso de máscaras permanece sendo obrigatório para todos os trabalhadores, servidores ou terceirizados, prestadores de serviço, bolsistas, estudantes e estagiários".
Uber mantém máscaras, transporte público retira exigência
No sentido contrário, o transporte público não irá manter a exigência de máscaras. Concessões municipais, o BRT (Bus Rapid Transport) e os ônibus deixarão de exigir a proteção individual.
A RioÔnibus, responsável pela frota regular da cidade, afirma contudo que "respeita a decisão das autoridades competentes, mas recomenda aos passageiros que continuem utilizando máscaras".
Nas concessões estaduais, o cenário é o mesmo. Com estações apenas na cidade do Rio, o MetrôRio —concessionária que administra o metrô— diz que, dada a mudança na diretriz da prefeitura, o uso de máscaras será "uma escolha individual" de passageiros e funcionários.
A Supervia, responsável pelos trens metropolitanos, diz que, com a liberação das prefeituras da capital e de Duque de Caxias, "entende que o uso de máscaras nos trens e estações não é mais obrigatório".
A malha ferroviária passa contudo pelos municípios de Nilópolis, Nova Iguaçu, Mesquita, Queimados, Japeri, Paracambi, São João de Meriti, Magé e Guapimirim.
Já a CCR Barcas, que opera as barcas metropolitanas, está em um limbo jurídico. A concessionária diz que "seguirá o determinado nos decretos do Poder Concedente [o governo do estado] e das prefeituras do Rio de Janeiro e de Niterói [as duas cidades em que o serviço é oferecido]".
No entanto, Rio e Niterói têm legislações opostas —enquanto a capital permite pessoas sem máscara no transporte público, na cidade vizinha nem mesmo em áreas abertas é permitido ficar sem o item de proteção. O comitê científico niteroiense estudará a retirada da restrição até o fim da semana.
Questionada pelo UOL sobre qual orientação seguiria concretamente, a CCR Barcas não respondeu.
Principal aplicativo de transporte privado, o Uber diz que manterá a exigência de máscaras para motoristas e passageiros.
A empresa, que contratou uma consultoria de epidemiologistas, diz ter decidido continuar seguindo a orientação da OMS (Organização Mundial de Saúde), que recomenda o uso de proteção individual e abertura de janelas em ambientes confinados, como os carros.
Principal concorrente da Uber, a 99 ainda não definiu que rumo tomará. A empresa diz que "orienta os usuários do serviço com base nas diretrizes das autoridades de saúde e, a partir da publicação do decreto municipal n° 50.308, estuda mudanças necessárias".
Apesar disso, a 99 recomenda "passageiros e motoristas a adotarem medidas de proteção, como o uso máscaras e álcool em gel".
O UOL também procurou a Associação Brasileira de Shopping Centers para saber qual era a orientação para os centros comerciais cariocas. Segundo a entidade, a recomendação é de que os shoppings sigam o que ditam as autoridades sanitárias do Rio.
Números da pandemia
A liberação do uso do item de proteção em locais fechados no Rio ocorre em um cenário de queda de casos e de mortes em decorrência da covid-19, após o pico causado pela variante ômicron em dezembro e janeiro.
A capital fluminense não registrou mortes pela doença na última semana epidemiológica (entre 27 de fevereiro e 5 de março), segundo dados da SMS. Na semana anterior, foram registrados quatro óbitos, o menor número desde o início da pandemia.
Também não houve registros na capital de casos de SRAG (Síndrome Respiratória Aguda Grave) na última semana epidemiológica, segundo a SMS.
A vacinação está avançada em quase todas as faixas etárias. Entre os adultos, 99,7% da população tomou as duas doses ou dose única da vacina. A dose de reforço foi aplicada em 54,9% do público.
Considerando também crianças e adolescentes a partir de 5 anos, 97,4% do público-alvo tomou a primeira dose da vacina, enquanto 89,4% tomou duas doses ou dose única. Entre crianças de 5 a 11 anos, 32,1% ainda não receberam nenhuma dose de vacina.
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