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Varíola dos macacos tem mais de mil casos no Brasil e é tratada como surto

Surto é o aumento repentino do número de casos de uma doença em uma região específica, acima do esperado pelas autoridades - iStock
Surto é o aumento repentino do número de casos de uma doença em uma região específica, acima do esperado pelas autoridades Imagem: iStock

Do UOL, em São Paulo

29/07/2022 10h02Atualizada em 29/07/2022 14h36

O Ministério da Saúde informou hoje que 1.066 casos de varíola dos macacos foram confirmados no país, a maioria deles em São Paulo e no Rio de Janeiro. A pasta está tratando a doença como "surto", de acordo com uma nota divulgada ontem. Hoje, foi confirmada a primeira morte pela doença no país.

Surto é o primeiro estágio da evolução de contágio, antes de epidemia e pandemia, como a covid-19. Ele acontece quando há o aumento repentino do número de casos de uma doença em uma região específica. Para usar esse termo, o aumento de casos deve ser maior que o esperado pelas autoridades.

Uma epidemia é quando um surto acontece em diversas regiões. Já a pandemia é quando uma epidemia se espalha por diversas regiões do planeta.

O Ministério disse em nota que o controle da doença é uma prioridade do órgão, e anunciou que montará um grupo para coordenar a resposta com a participação de várias instituições de saúde, como o Conass (Conselho Nacional de Secretários de Saúde), Conasems (Conselho Nacional de Secretarias Municipais de Saúde), Anvisa (Agência Nacional de Vigilância Sanitária) e a Opas, braço da OMS nas Américas.

Ainda não há vacina disponível para a doença no país, mas o Ministério da Saúde diz negociar a aquisição. "A pasta tem buscado as alternativas céleres para aquisição da vacina e articulado com a OPAS/OMS as tratativas para aquisição do imunizante. Dessa forma, o Programa Nacional de Imunizações (PNI) poderá definir a melhor estratégia de imunização para o Brasil", afirmou em nota.

Ontem, o Brasil confirmou os primeiros casos de infecção em crianças, todos na cidade de São Paulo. A secretaria municipal de Saúde disse que elas estão sendo monitoradas e não têm sinais de agravamento da doença.

Veja o número de casos por estado:

  • São Paulo: 823
  • Rio de Janeiro: 124
  • Minas Gerais: 44
  • Paraná: 21
  • Distrito Federal: 15
  • Goiás: 13
  • Bahia: 5
  • Ceará: 4
  • Santa Catarina: 4
  • Rio Grande do Sul: 4
  • Pernambuco: 3
  • Rio Grande do Norte: 2
  • Espírito Santo: 2
  • Tocantins: 1
  • Acre: 1

A OMS decretou a varíola dos macacos como uma emergência sanitária global, com mais de 18 mil casos confirmados em 78 países. A decisão é um alerta para os países monitorarem a doença e implementarem medidas para conter a circulação do vírus.

De acordo com dados divulgados ontem pela OMS, apenas 10% dos pacientes tiveram que ser internados para tratar a doença e cinco pessoas morreram. A entidade ainda não se manifestou sobre a vítima brasileira.

A varíola dos macacos é uma doença endêmica do continente africano, transmitida inicialmente de animais para seres humanos e detectada pela primeira vez em 1958. O vírus é membro da família de Orthopoxvirus, a mesma do vírus da varíola, doença já erradicada entre os seres humanos.

Quais os sintomas da varíola dos macacos?

A doença começa com febre, fadiga, dor de cabeça, dores musculares, ou seja, sintomas inespecíficos e semelhantes a um resfriado ou gripe.

Em geral, de a 1 a 5 dias após o início da febre, aparecem lesões na pele, que são chamadas de exantema ou rash cutâneo (manchas vermelhas). Essas lesões aparecem inicialmente na face, se espalhando para outras partes do corpo. Elas vêm acompanhadas de coceira e aumento dos gânglios

Vale ressaltar que uma pessoa é contagiosa até que todas as cascas caiam —as casquinhas contêm material viral infeccioso— e que a pele esteja completamente cicatrizada.

Como é a transmissão da varíola dos macacos?

A varíola dos macacos não se espalha facilmente entre as pessoas —a proximidade é fator necessário para o contágio. Sendo assim, a doença ocorre quando o indivíduo tem contato muito próximo e direto com um animal infectado (acredita-se que os roedores sejam o principal reservatório animal para os humanos) ou com outros indivíduos infectados por meio das secreções das lesões de pele e mucosas ou gotículas do sistema respiratório.

A transmissão pode ocorrer também pelo contato com objetos contaminados com fluídos das lesões do paciente infectado —isso inclui contato da pele ou material que teve contato com a pele, por exemplo, toalhas ou lençóis usados por alguém doente.