Hospital nega internação a funcionária que teve AVC no local, dizem colegas

Uma funcionária de limpeza terceirizada do Hospital Federal dos Servidores do Estado, no centro do Rio, passou mal durante o expediente e teve a internação negada no próprio hospital onde trabalha.

O que aconteceu

Maria de Lourdes Santos de Lemos, 60, trabalha na unidade há cinco anos e precisou ser levada para um hospital municipal.

Ela teve um AVC hemorrágico e foi internada no Hospital Municipal Souza Aguiar. A família e os funcionários denunciaram o caso para a ouvidoria.

Fizeram um atendimento de emergência, medicação, verificaram a pressão e a glicose, mas, por não ter prontuário, disseram que ela teria que ir para outro hospital por meios próprios. De tarde, quando voltei, ela estava pior. A médica falou que ela precisava passar por exames para descobrir o que havia acontecido, mas, ainda assim, não encaminhou. Ela alegou que não podiam atender funcionários sem prontuário
Colega de trabalho de Maria de Lourdes, que preferiu não se identificar.

Durante todo o dia, Maria de Lourdes ficou sentada em uma cadeira
Durante todo o dia, Maria de Lourdes ficou sentada em uma cadeira Imagem: Arquivo pessoal

Quando disseram que ela estava passando mal, achei que fosse algo simples, mas cheguei lá e ela estava quase desacordada. Só verificaram a pressão e a glicose, mais nada. Eles não quiseram chamar nenhum tipo de ambulância, me falaram que não tinha como. Disseram que ela não podia ficar internada lá também porque ela não tinha prontuário. A vida da minha mãe vale um prontuário médico. Isso é um absurdo. Eles não deram nenhum tipo de suporte mesmo. Foi horrível, desesperador, nunca tinha visto ela dessa forma
Raphael Lemos, 32, filho de Maria de Lourdes

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Em vez de fazer os exames e acionar os médicos, já que lá tem todas especialidades, mandaram ela ir para outro hospital por meios próprios. O mínimo que tinham que fazer era transportá-la de ambulância, se não tivesse condições dela ser tratada ali. O que é mentira, porque eu estava de plantão, tinha vaga no CTI [Centro de Terapia Intensiva], tomografia, médicos, tudo. Foi negligência mesmo
Nestor Neto, auxiliar de enfermagem, que abriu queixa na ouvidoria com outros colegas de trabalho após o ocorrido

"Saiu cambaleando"

A gente só serve para trabalhar para eles? É desumano. Ela saiu daqui cambaleando, precisou de cadeira de rodas. Poderiam ter transferido ela para um outro setor, ter internado, mas não quiseram
Outra amiga da funcionária que preferiu não ser identificada

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Mãe é mãe, queremos o melhor para ela, que a gente tanto ama. Vamos acionar um advogado e tomar medidas judiciais. Isso não pode ficar assim, ela poderia ter morrido
Raphael

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