Índice de gravidez na adolescência é "inaceitavelmente alto" na América Latina, diz ONU
Não tem havido progresso suficiente na redução dos altos índices de gravidez na adolescência na América Latina e no Caribe, disseram três agências da ONU (Organização das Nações Unidas) nesta quarta-feira (1º), alertando que um número crescente de meninas com menos de 15 anos de idade está engravidando.
Embora os índices gerais de gravidez na adolescência tenham "diminuído ligeiramente" ao longo das últimas três décadas, a região tem a segunda maior taxa global.
"Apesar do crescimento econômico e do progresso social recentes em várias frentes na América Latina e no Caribe, os índices de fertilidade adolescente continuam inaceitavelmente altos", disseram as agências.
O relatório da Opas (Organização Pan-Americana da Saúde), do Unicef (Fundo das Nações Unidas para a Infância) e do Unfpa (Fundo de População das Nações Unidas) atribuiu as taxas altas de gravidez à falta de acesso a métodos contraceptivos e aos altos níveis de violência sexual contra meninas.
A Opas é o organismo regional da OMS (Organização Mundial da Saúde).
O relatório revelou que houve 66,5 nascimentos para cada mil meninas de 15 a 19 anos entre 2010 e 2015 em toda a região --mundialmente foram 46 nascimentos para cada mil meninas na mesma faixa etária.
O Brasil está acima da média da América Latina. No pais, são 68,4 nascimentos a cada mil meninas.
O índice brasileiro está acima da média latino-americana, estimada em 65,5. No mundo, a média é de 46 nascimentos a cada mil.
Segundo o documento, meninas adolescentes que só têm o ensino primário ou nenhuma educação formal são quatro vezes mais inclinadas a começar a ter filhos do que meninas com o ensino secundário ou superior.
O texto afirma que os governos precisam aprimorar os esforços para combater o estupro de meninas e ressaltou a falta de cuidados após os estupros e de contraceptivos de emergência, além de leis de aborto rígidas.
"Meninas adolescentes precisam ser protegidas da violência sexual, e os esforços precisam incluir o envolvimento de homens e meninos para que se tornem parceiros na proteção e no empoderamento das meninas adolescentes", disse.
As atitudes em relação à educação sexual precisam mudar entre líderes comunitários, escolas e pais, que devem reconhecer que as adolescentes são ativas sexualmente e que as meninas não têm proteção suficiente contra a violência sexual, afirmou o documento.
Ele também culpou a "persistência" dos casamentos infantis, e alertou que a abordagem atual impede que os adolescentes aprendam sobre questões de saúde sexual.
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