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Matar policiais é a ordem do 'ministro dos atentados' do Estado Islâmico

Em Paris

14/06/2016 11h16

Ao matar um policial francês e sua companheira, Larossi Abballa, 25 anos e já condenado por vínculos com uma rede extremista, obedeceu literalmente as palavras de ordem do grupo Estado Islâmico, que tem como objetivo principal as forças de segurança ocidentais.

O porta-voz oficial da organização radical, o sírio Abu Mohamed Al Adnani, pede de forma incessante a seus partidários que passem à ação em seus países de origem e ataquem policiais e militares da coalizão envolvida na luta contra o EI na Síria e no Iraque.

Sete policiais e militares perderam a vida nos últimos quatro anos na França em atentados islamitas.

Em uma longa mensagem gravada e divulgada em setembro de 2014 por Al Furqan, principal órgão de comunicação do EI, Adnani afirma: "Levantem-se, monoteístas, e defendam seu Estado de seu lugar de resistência, esteja onde estiver. Ataquem os soldados dos tiranos, suas forças policiais e de segurança, seus serviços de informação e seus colaboradores".

Al Adnani incentiva aos que chama de "soldados do califado" a utilizar para isso qualquer arma disponível.

Larossi Abballa morreu nas mãos das forças de elite francesas na casa do policial a quem assassinou na noite de segunda-feira usando uma simples faca.

O porta-voz do EI prossegue: "Se não puder explodir uma bomba ou disparar uma bala, tentem ficar a sós com um infiel francês ou americano e arrebentem seu crânio com uma pedra, matem-no a facadas, atropelem-no com um carro, estrangulem-no, envenenem-no".

"Que o infiel, seja combatente ou civil, pouco importa. Sua sentença é a mesma: ambos são inimigos. Seu sangue derramado é permitido", afirma na gravação, que foi compartilhada por milhares de sites e redes sociais.

'Ministro dos atentados'

A pessoa a quem os meios jihadistas chama de "xeque Adnani" se transformou em poucos meses em uma figura importante dentro do EI, a tal ponto que os serviços de inteligência ocidentais o consideram uma espécie de "ministro dos atentados" encarregado de motivar os "lobos solitários" e de supervisionar as campanhas terrorista no Ocidente

Originário da região de Idlib, norte da Síria, Adnani é um veterano da jihad anti-Estados Unidos no Iraque, onde ficou desde 2003.

A partir de março de 2012, e do assassinato, por parte do islamita radical Mohamed Merah, de três militares em Toulouse e Montauban (sul), os policiais e soldados francês começaram a ser frequentemente atacados por jihadistas, que atuam geralmente sozinhos.

Em dezembro de 2014, um jovem agrediu com uma fata, aos gritos de "Alah akbar", policiais que estavam diante da delegacia de Joué-les-Tours, centro do país.

Em janeiro de 2015, dois policiais morreram nos atentados islamitas em Paris cometidos pelos irmãos Cherif e Said Kouachi.

Depois, uma policial municipal foi morta perto de Paris por Amédy Coulibaly, que um dia depois atacaria um supermercado kosher na capital francesa.

Um ano mais tarde, em 7 de janeiro de 2016, um jovem tunisino tentou atacar, também com uma faca de açougueiro policiais de guarda diante de uma delegacia de Paris.

O homem, que aparentemente portava um cinturão de explosivos que se revelou falso, foi abatido a tiros.