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Muçulmanos celebram o fim do Ramadã abalados por atentados

06/07/2016 09h50

Beirute, 6 Jul 2016 (AFP) - Centenas de milhões de muçulmanos celebram nesta quarta-feira a festa do Aid al-Fitr, que marca o fim do Ramadã, com apelos à paz depois da comoção provocada por uma série de atentados.

Depois do mês sagrado do jejum acontece a festa de Al-Fitr, celebrada de Jacarta a Jerusalém, passando por Argel e Meca. Durante o evento, que dura de um a quatro dias, de acordo com o país, os fiéis visitam os parentes e trocam bolos e presentes.

Ainda durante a madrugada aconteceu a primeira oração do dia, com destaque especial para a Esplanada das Mesquitas em Jerusalém Oriental, onde se reuniram 150.000 fiéis, de acordo com o Waqf, o organismo que administra o local sagrado.

Na Arábia Saudita, onde ficam os dois principais locais sagrados do islã, os preparativos do Aid foram abalados por um atentado suicida sem precedente executado na segunda-feira diante da Mesquita do Profeta em Medina. O ataque matou quatro guardas.

Diante de dezenas de milhares de fiéis, o imã da mesquita, o xeque Abdelbari al-Thabiti, denunciou o "crime odioso" cometido por "um grupo que não respeita mais os rituais divinos, nem a santidade da Mesquita do Profeta".

O atentado, que não foi reivindicado, provocou uma grande indignação no mundo muçulmano.

A comoção foi ainda maior porque o ataque aconteceu depois de uma série de atentados violentos nos últimos dias do Ramadã.

Em Bagdá, um atentado suicida deixou quase 250 mortos no domingo, o ataque mais violento com carro-bomba da história do país.

Na sexta-feira passada, um ataque terminou com 20 mortos em um café-restaurante frequentado por estrangeiros em Dacca, a capital de Bangladesh.

Os dois atentados foram reivindicados pelo grupo extremista sunita Estado Islâmico (EI), que havia anunciado uma convocação para multiplicar os ataques durante o Ramadã.

O EI também reivindicou o massacre em uma boate gay de Orlando, Estados Unidos, onde morreram 49 pessoas em 12 de junho.

Para o presidente argelino, Abdelaziz Buteflika, "o fato de que estes crimes odiosos tenham sido cometidos durante o mês sagrado do Ramadã e na véspera do Aid al-Fitr mostra claramente que estes atos terroristas bárbaros (...) são externos ao islã, uma religião que sublima a vida humana, a paz e a coexistência pacífica".

- Trégua na Síria -O Aid poderia proporcionar um momento de alívio aos sírios, depois que o exército decretou um cessar-fogo de 72 horas em todo o território até a meia-noite de 8 de julho.

Em Aleppo, uma das cidades mais afetadas pela guerra, as crianças não desperdiçam a oportunidade de brincar.

"Queremos nos divertir durante o Aid, não ficar em casa e ter medo", disse à AFP Khaled al-Ahmed, de 12 anos.

"O mais importante é que as crianças se divirtam", afirma Abu Husein, enquanto empurra um balanço diante de várias crianças e ao mesmo tempo que canta com o grupo.

"Chega de bombardeios e tiros", completa.

Em um deslocamento inédito, o presidente sírio Bashar al-Assad viajou nesta quarta-feira a Homs, centro do país, uma cidade controlada pelo regime, com exceção de um bairro da periferia, para acompanhar a oração de Aid.

Em outro país afetado pela guerra, o Iêmen, a festa é celebrada dentro das possibilidades, especialmente na cidade de Taez, "sitiada e sob constantes bombardeios" dos rebeles, como relata Hamud Saleh, morador da localidade.

No Afeganistão, onde o Aid é celebrado com pistaches, passas e "simian", macarrão com açafrão, o presidente Ashraf Ghani pediu aos talibãs que retomem as negociações de paz.