Fracassam negociações sobre cessar-fogo na Síria
Nova York, 22 Set 2016 (AFP) - A reunião de emergência realizada nesta quinta-feira, em Nova York, pelo Grupo Internacional de Apoio à Síria terminou sem um acordo para restabelecer o cessar-fogo no país, enquanto as forças do regime avançam em Aleppo.
O secretário-americano de Estado, John Kerry, disse ao sair do encontro que não foi possível restabelecer a trégua - que vigorou durante uma semana e acabou na segunda-feira passada - diante da incapacidade da Rússia de prometer que a aviação síria interromperá seus bombardeios contra áreas urbanas.
A reunião, de emergência, foi convocada diante do recrudescimento dos combates e dos bombardeios praticamente em todas as frentes na Síria, especialmente na devastada cidade de Aleppo, onde segundo denúncias foram lançadas bombas de fósforo.
"A pergunta já não é se há qualquer possibilidade real de se avançar, porque está claro que não podemos prosseguir mais por este caminho", disse Kerry ao final do encontro, acrescentando que é preciso "restabelecer a credibilidade do processo, se isto ainda for possível".
Para o chefe da diplomacia americana, é fundamental que "aqueles que têm poderio aéreo nesta parte do conflito simplesmente deixem de usá-lo".
O ministro francês das Relações Exteriores, Jean-Marc Ayrault, disse à imprensa que a resposta oferecida pela Rússia à comunidade internacional sobre a interrupção das operações aéreas é "insatisfatória".
"Exigimos que a aviação síria permaneça em terra (...). A resposta dos russos é insatisfatória", declarou Ayrault, acrescentando que as conversações do Grupo Internacional de Apoio à Síria devem prosseguir.
Kerry informou que negociadores de Estados Unidos e Rússia têm previsto uma nova rodada de contatos nesta sexta-feira.
O enviado especial da ONU para a Síria, Staffan de Mistura, parecia pouco otimista ao final de um encontro que qualificou de "longo, doloroso e decepcionante".
A última trégua, negociada entre Moscou e Washington, fracassou na segunda-feira e há novamente combates em todas as frontes, em um país que está há mais de cinco anos em guerra e que já contabilizou 300.000 mortos.
Regime avança em AlepoO Exército sírio anunciou o início de uma ofensiva na parte rebelde da cidade de Aleppo, no norte da Síria, com o objetivo de retomar o setor.
"O comando das operações militares informa o início de suas operações nos bairros do leste da cidade [controlados pelos rebeldes] e pede aos habitantes que se afastem das posições dos grupos terroristas".
A segunda principal cidade e antiga capital econômica da Síria está dividida desde 2012 em setor oeste, em poder do regime, e os bairros do leste, controlados pelos rebeldes.
O Exército informou que os cidadãos dos bairros rebeldes que se apresentarem aos pontos de controle na linha de demarcação não serão detidos, e destacou que adotará "todas as medidas para facilitar o acolhimento de civis" procedentes do lado insurgente.
"Trata-se de uma grande ofensiva terrestre apoiada pelos bombardeios de aviões russos visando tomar, pouco a pouco, o setor leste de Aleppo, com a retirada da população", disse à AFP Rami Abdel Rahman, diretor do Observatório Sírio dos Direitos Humanos (OSDH).
"Querem tomar primeiro os bairros de Amiriya, Sukari e Sheikh Said", situados no sudeste da cidade, e há também combates em Al-Ramusa, no sudoeste, onde os rebeldes tentam frear a ofensiva das forças governamentais.
O correspondente da AFP na parte rebelde de Aleppo, que escutou bombardeios durante toda esta quinta-feira, observou uma dezena de famílias fugindo de Sukari para outros bairros rebeldes, mais ao norte.
Segundo o Aleppo Media Center, um grupo contrário ao regime, há vários incêndios na cidade provocados por "bombas de fósforo".
"Imagens horríveis de edifícios residenciais em chamas após os bombardeios do regime/russos com bombas de fósforo em Aleppo", escreveu no Twitter um jornalista local, Hadi al-Abdullah.
Também ocorreram confrontos nas províncias centrais de Hama e Homs e nas regiões rurais do leste de Damasco (Ghutta Oriental), um reduto rebelde.
A violência explodiu ainda em Inkhel, no sul do país, onde um atentado com carro-bomba matou ao menos doze pessoas, incluindo um ministro do governo da oposição síria.
Novos comboios de ajuda Em um apelo sem precedentes, a ONU solicitou ao presidente sírio, Bashar al-Assad, que permita distribuir os alimentos bloqueados na fronteira turco-síria, ressaltando que alguns perderão a validade na próxima segunda-feira.
"Por favor, presidente Assad, faça a sua parte para permitir que cheguemos ao leste de Aleppo e também a outras áreas sitiadas", declarou à imprensa em Genebra Jan Egeland, chefe da missão humanitária das Nações Unidas na Síria.
Apesar da violência, a ONU enviou um comboio humanitário a uma zona rebelde cercada na periferia de Damasco, anunciou nesta quinta-feira um porta-voz em Genebra.
Segundo uma fonte de segurança, os caminhões se dirigiam a Mudamiyat al-Cham, a sudoeste da capital.
As Nações Unidas realizaram este envio dois dias depois do bombardeio contra um comboio humanitário que matou vinte pessoas.
Nesta quinta-feira, o Pentágono responsabilizou a Rússia por este ataque, embora o chefe do Estado-Maior inter-exércitos dos Estados Unidos, Joseph Dunford, não tenha informado se as bombas eram provenientes de um avião do regime sírio ou de seu aliado russo.
kar-bur-ahg/ma/tt/lr
O secretário-americano de Estado, John Kerry, disse ao sair do encontro que não foi possível restabelecer a trégua - que vigorou durante uma semana e acabou na segunda-feira passada - diante da incapacidade da Rússia de prometer que a aviação síria interromperá seus bombardeios contra áreas urbanas.
A reunião, de emergência, foi convocada diante do recrudescimento dos combates e dos bombardeios praticamente em todas as frentes na Síria, especialmente na devastada cidade de Aleppo, onde segundo denúncias foram lançadas bombas de fósforo.
"A pergunta já não é se há qualquer possibilidade real de se avançar, porque está claro que não podemos prosseguir mais por este caminho", disse Kerry ao final do encontro, acrescentando que é preciso "restabelecer a credibilidade do processo, se isto ainda for possível".
Para o chefe da diplomacia americana, é fundamental que "aqueles que têm poderio aéreo nesta parte do conflito simplesmente deixem de usá-lo".
O ministro francês das Relações Exteriores, Jean-Marc Ayrault, disse à imprensa que a resposta oferecida pela Rússia à comunidade internacional sobre a interrupção das operações aéreas é "insatisfatória".
"Exigimos que a aviação síria permaneça em terra (...). A resposta dos russos é insatisfatória", declarou Ayrault, acrescentando que as conversações do Grupo Internacional de Apoio à Síria devem prosseguir.
Kerry informou que negociadores de Estados Unidos e Rússia têm previsto uma nova rodada de contatos nesta sexta-feira.
O enviado especial da ONU para a Síria, Staffan de Mistura, parecia pouco otimista ao final de um encontro que qualificou de "longo, doloroso e decepcionante".
A última trégua, negociada entre Moscou e Washington, fracassou na segunda-feira e há novamente combates em todas as frontes, em um país que está há mais de cinco anos em guerra e que já contabilizou 300.000 mortos.
Regime avança em AlepoO Exército sírio anunciou o início de uma ofensiva na parte rebelde da cidade de Aleppo, no norte da Síria, com o objetivo de retomar o setor.
"O comando das operações militares informa o início de suas operações nos bairros do leste da cidade [controlados pelos rebeldes] e pede aos habitantes que se afastem das posições dos grupos terroristas".
A segunda principal cidade e antiga capital econômica da Síria está dividida desde 2012 em setor oeste, em poder do regime, e os bairros do leste, controlados pelos rebeldes.
O Exército informou que os cidadãos dos bairros rebeldes que se apresentarem aos pontos de controle na linha de demarcação não serão detidos, e destacou que adotará "todas as medidas para facilitar o acolhimento de civis" procedentes do lado insurgente.
"Trata-se de uma grande ofensiva terrestre apoiada pelos bombardeios de aviões russos visando tomar, pouco a pouco, o setor leste de Aleppo, com a retirada da população", disse à AFP Rami Abdel Rahman, diretor do Observatório Sírio dos Direitos Humanos (OSDH).
"Querem tomar primeiro os bairros de Amiriya, Sukari e Sheikh Said", situados no sudeste da cidade, e há também combates em Al-Ramusa, no sudoeste, onde os rebeldes tentam frear a ofensiva das forças governamentais.
O correspondente da AFP na parte rebelde de Aleppo, que escutou bombardeios durante toda esta quinta-feira, observou uma dezena de famílias fugindo de Sukari para outros bairros rebeldes, mais ao norte.
Segundo o Aleppo Media Center, um grupo contrário ao regime, há vários incêndios na cidade provocados por "bombas de fósforo".
"Imagens horríveis de edifícios residenciais em chamas após os bombardeios do regime/russos com bombas de fósforo em Aleppo", escreveu no Twitter um jornalista local, Hadi al-Abdullah.
Também ocorreram confrontos nas províncias centrais de Hama e Homs e nas regiões rurais do leste de Damasco (Ghutta Oriental), um reduto rebelde.
A violência explodiu ainda em Inkhel, no sul do país, onde um atentado com carro-bomba matou ao menos doze pessoas, incluindo um ministro do governo da oposição síria.
Novos comboios de ajuda Em um apelo sem precedentes, a ONU solicitou ao presidente sírio, Bashar al-Assad, que permita distribuir os alimentos bloqueados na fronteira turco-síria, ressaltando que alguns perderão a validade na próxima segunda-feira.
"Por favor, presidente Assad, faça a sua parte para permitir que cheguemos ao leste de Aleppo e também a outras áreas sitiadas", declarou à imprensa em Genebra Jan Egeland, chefe da missão humanitária das Nações Unidas na Síria.
Apesar da violência, a ONU enviou um comboio humanitário a uma zona rebelde cercada na periferia de Damasco, anunciou nesta quinta-feira um porta-voz em Genebra.
Segundo uma fonte de segurança, os caminhões se dirigiam a Mudamiyat al-Cham, a sudoeste da capital.
As Nações Unidas realizaram este envio dois dias depois do bombardeio contra um comboio humanitário que matou vinte pessoas.
Nesta quinta-feira, o Pentágono responsabilizou a Rússia por este ataque, embora o chefe do Estado-Maior inter-exércitos dos Estados Unidos, Joseph Dunford, não tenha informado se as bombas eram provenientes de um avião do regime sírio ou de seu aliado russo.
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