Jeremy Corbyn reeleito à frente do Partido Trabalhista britânico
Liverpool, 24 Set 2016 (AFP) - O líder do Partido Trabalhista, o deputado Jeremy Corbyn, foi reeleito com ampla vantagem à frente da principal formação de oposição britânica, segundo os resultados oficiais divulgados em Liverpool, onde é realizado o congresso do partido.
Corbyn, de 67 anos, obteve 61,8% dos votos superando seu único adversário, o deputado Owen Smith, de 46 anos, que ficou com 38,2% dos votos.
Graças ao apoio das bases Corbyn garantiu o cargo, mesmo questionado pela maioria dos deputados trabalhistas, mas nada indica que a crise vivida pelo partido desde a vitória do Brexit tenha sido superada.
Em meio à resistência dos deputados e de uma parte do aparelho do partido, Corbyn melhorou sua atuação em termos de quantidade de votos e porcentagem o resultado de 2015, quando foi eleito chefe da oposição pela primeira vez.
Desta vez, obteve 313.209 votos, contra 251.417 em 2015, ou seja, 61,8% dos votos contra os 59,48% do ano passado.
"Vamos trabalhar juntos por uma verdadeira mudança", declarou Corbyn imediatamente depois do anúncio dos resultados.
Corbyn deve grande parte de sua vitória aos novos membros do partido. No último ano, 300.000 pessoas se afiiaram ao partido, dobrando assim o número de militantes da formação, a maior da Europa.
Muitos abraçaram o projeto de "revolução democrática" e as ideias da esquerda do "camarada Corbyn", o que levou a denúncias de que se infiltraram no partido militantes trotskistas e ecologistas.
- 'Como Podemos ou Syriza' -"Por toda a Europa vimos emerger partidos construídos sobre uma base ativista, como Podemos, na Espanha, o movimento Cinco Estrelas, na Itália, ou Syriza, na Grécia", destacou Patrick Dunleavy, professor da London School of Economics. "Com Jeremy Cobyn, o trabalhismo se aproxima desta tendência", acrescentou.
Os moderados, segundo as pesquisas, consideram que esta estratégia condena o partido a vários anos, ou décadas, na oposição.
"Os trabalhistas jamais vencerão nenhuma eleição em um futuro próximo", afirma Anand Menon, professor de Ciências Políticas do King's College de Londres.
Para os analistas, as próximas legislativas, previstas para 2020, darão a vitória aos conservadores, no poder, considerados os verdadeiros vencedores deste fim de semana.
Corbyn, obviamente, não está de acordo com os prognósticos. "Disputaremos para vencer as eleições de 2020", enfatizou.
Segundo fontes internas, vários deputados rebeldes já estão dispostos a voltar às fileiras do partido. Mas os insultos e ameaças durante a campanha poderão deixar cicatrizes profundas.
Nem mesmo uma reconciliação resolveria o problema de um líder indesejável aos olhos da elite, mas apoiado pelos militantes.
Convencidos de que a presença de Corbyn é um obstáculo para volta ao poder, os deputados moderados poderão ficar tentados a criar um novo partido de centro-esquerda.
A maioria dos analistas não aposta nesta hipóteses. Tony Travers, da London School of Economics, recorda que, em 1981, a criação do Partido Social-democrata acabou em fracasso.
"O trabalhismo me parece uma família miserável e infeliz que tenta conviver", afirmou o analista.
eg-jk/fb/zm/es/cn
Corbyn, de 67 anos, obteve 61,8% dos votos superando seu único adversário, o deputado Owen Smith, de 46 anos, que ficou com 38,2% dos votos.
Graças ao apoio das bases Corbyn garantiu o cargo, mesmo questionado pela maioria dos deputados trabalhistas, mas nada indica que a crise vivida pelo partido desde a vitória do Brexit tenha sido superada.
Em meio à resistência dos deputados e de uma parte do aparelho do partido, Corbyn melhorou sua atuação em termos de quantidade de votos e porcentagem o resultado de 2015, quando foi eleito chefe da oposição pela primeira vez.
Desta vez, obteve 313.209 votos, contra 251.417 em 2015, ou seja, 61,8% dos votos contra os 59,48% do ano passado.
"Vamos trabalhar juntos por uma verdadeira mudança", declarou Corbyn imediatamente depois do anúncio dos resultados.
Corbyn deve grande parte de sua vitória aos novos membros do partido. No último ano, 300.000 pessoas se afiiaram ao partido, dobrando assim o número de militantes da formação, a maior da Europa.
Muitos abraçaram o projeto de "revolução democrática" e as ideias da esquerda do "camarada Corbyn", o que levou a denúncias de que se infiltraram no partido militantes trotskistas e ecologistas.
- 'Como Podemos ou Syriza' -"Por toda a Europa vimos emerger partidos construídos sobre uma base ativista, como Podemos, na Espanha, o movimento Cinco Estrelas, na Itália, ou Syriza, na Grécia", destacou Patrick Dunleavy, professor da London School of Economics. "Com Jeremy Cobyn, o trabalhismo se aproxima desta tendência", acrescentou.
Os moderados, segundo as pesquisas, consideram que esta estratégia condena o partido a vários anos, ou décadas, na oposição.
"Os trabalhistas jamais vencerão nenhuma eleição em um futuro próximo", afirma Anand Menon, professor de Ciências Políticas do King's College de Londres.
Para os analistas, as próximas legislativas, previstas para 2020, darão a vitória aos conservadores, no poder, considerados os verdadeiros vencedores deste fim de semana.
Corbyn, obviamente, não está de acordo com os prognósticos. "Disputaremos para vencer as eleições de 2020", enfatizou.
Segundo fontes internas, vários deputados rebeldes já estão dispostos a voltar às fileiras do partido. Mas os insultos e ameaças durante a campanha poderão deixar cicatrizes profundas.
Nem mesmo uma reconciliação resolveria o problema de um líder indesejável aos olhos da elite, mas apoiado pelos militantes.
Convencidos de que a presença de Corbyn é um obstáculo para volta ao poder, os deputados moderados poderão ficar tentados a criar um novo partido de centro-esquerda.
A maioria dos analistas não aposta nesta hipóteses. Tony Travers, da London School of Economics, recorda que, em 1981, a criação do Partido Social-democrata acabou em fracasso.
"O trabalhismo me parece uma família miserável e infeliz que tenta conviver", afirmou o analista.
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