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Novos bombardeios deixam mais de 30 mortos na cidade síria de Aleppo

24/09/2016 14h25

Beirute, 24 Set 2016 (AFP) - Ao menos 32 civis morreram neste sábado nos bombardeios aéreos sírios e russos contra o setor rebelde da cidade de Aleppo, segundo o Observatório Sírio dos Direitos Humanos (OSDH).

Entre as vítimas, estão sete pessoas que se encontravam na fila de um mercado no bairro de Bustan Al Qasr, que se encontra ao longo da linha que divide a zona governamental da cidade, oeste, dos bairros controlados pelos rebeldes, no leste.

Um correspondente da AFP descreveu um cenário trágico, com partes de corpos espalhados pelo chão e poças de sangue.

Para piorar o sofrimento, os quase dois milhões de habitantes de Aleppo ficaram sem água este sábado devido aos bombardeios da véspera.

A Unicef teme uma catástrofe com o surgimento de doenças causadas pela falta de água potável, em particular entre as crianças.

Alepo, antiga capital econômica e segunda maior cidade do país, se converteu no principal eixo da guerra na Síria, e por isso é uma das localidades mais atingidas por um conflito que, em cinco anos, causou mais de 300.000 mortos.

- Fracasso diplomático -Estados Unidos e Rússia tentaram na véspera chegar a uma nova trégua na Síria no âmbito da Assembleia Geral da ONU.

O chanceler russo, Serguei Lavrov, disse na ONU que é necessário salvar o acordo para o fim as hostilidades na Síria, enquanto o secretário de Estado americano, John Kerry, mencionou "pequenos progressos" no diálogo.

Kerry e Lavrov se reuniram após o fracasso de uma reunião do Grupo Internacional de Apoio à Síria na véspera. De acordo com o chefe da diplomacia americana, os dois trocaram ideias.

"Eu me encontrei com o chanceler (russo), trocamos algumas ideias e fizemos alguns pequenos avanços. Estamos avaliando algumas ideias mútuas de forma construtiva. Isso é tudo", disse Kerry à imprensa em um hotel de Nova York.

Enquanto isso, na Assembleia Geral da ONU, Lavrov delineou as divergências essenciais com Estados Unidos sobre os requisitos para restabelecer um cessar-fogo, mas disse que é "essencial" manter os esforços para salvar o acordo.

Pouco depois de seu discurso na Assembleia Geral, Lavrov disse em coletiva de imprensa que os contatos diplomáticos estiveram muito perto de alcançar um entendimento.

De acordo com Lavrov, em um momento da negociação, os Estados Unidos pediram à Rússia que consulte a Síria sobre uma trégua de três dias.

O chanceler russo relatou ter consultado o governo sírio e, pouco mais tarde, retornou com uma resposta positiva.

"Mas, nesse momento, os americanos disseram que agora não queriam três dias, mas sete", acrescentou, sem esconder sua frustração.

Desde quarta-feira, os Estados Unidos insistem em uma proposta para manter em terra todos os aviões (russos e sírios) que operam nas zonas específicas, como forma de restituir a "credibilidade" a todo o plano de cessar-fogo.

- Ataque intencional -Já o chanceler sírio, falando na ONU, denunciou que o bombardeio aéreo contra tropas sírias realizado pela coalizão internacional liderada pelos Estados Unidos há uma semana foi intencional, e não um erro, como apontou Washington.

"O governo sírio garante que os Estados Unidos são integralmente responsáveis por essa agressão, porque os fatos mostram que foi um ataque intencional, e não um erro, embora os americanos afirmem o contrário", disse Walid Muallem na Assembleia Geral.

Dezenas de soldados sírios morreram no bombardeio de 17 de setembro na cidade de Deir Ezzor (leste), controlada pelo grupo jihadista Estado Islâmico (EI).

Segundo Muallem, "a agressão, covarde, prova claramente que os Estados Unidos e seus aliados são cúmplices do EI e de outras organizações terroristas armadas".

Os americanos lamentaram as vidas perdidas e argumentaram que a coalizão acreditou que se tratasse de um alvo do EI, prometendo investigar o incidente.

O ministro sírio também atacou Catar e Arábia Saudita, a quem acusou de "enviar à Síria milhares de mercenários equipados com armas mais sofisticadas" para lutar contra o governo de Bashar al-Assad.

"Nós, na Síria, estamos combatendo o terrorismo em nome de todo o mundo", concluiu.

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