França começa a desmantelar acampamento de imigrantes de Calais
Calais, França, 24 Out 2016 (AFP) - A França começou a desmantelar na manhã desta segunda-feira (24) a chamada "Selva" de Calais, imenso acampamento onde se concentram milhares de imigrantes, com o que espera virar a página deste símbolo da crise migratória que afeta a Europa.
Pelo menos 2.318 imigrantes - de um total estimado em algo entre 6.000 e 8.000 pessoas - foram retirados sem incidentes dessa favela. De acordo com o ministro francês do Interior, Bernard Cazeneuve, entre eles estão 1.918 adultos e 400 menores, que foram "orientados para um centro de acolhida provisório", até que sua situação e destino sejam determinados.
Ao todo, cerca de 1.300 menores viviam no local.
Logo cedo, pela manhã, as primeiras mulheres, crianças e doentes, chegados majoritariamente do Afeganistão, Sudão e Eritreia, apresentaram-se com seus pertences no hangar usado como base de operações. De lá, pegam os ônibus que vão levá-los para 451 centros de acolhida espalhados por todo o território francês. Essas instituições têm capacidade para 7.500 pessoas.
"Se conseguirmos evacuar entre 2.000 e 2.500 pessoas nesta segunda, será ótimo", afirmou o diretor do escritório francês de Migração, Didier Leschi.
Uma vez evacuado, o acampamento será demolido. As escavadeiras começarão a trabalhar na terça-feira.
Apesar de alguns empurrões e discussões, a operação transcorreu em calma, declarou o ministro francês do Interior, Bernard Cazeneuve.
Cerca de 1.250 policiais foram mobilizados para garantir as operações.
No total, entre 6.000 e 8.000 migrantes serão evacuados em uma operação que vai durar a semana toda.
O primeiro na fila para o primeiro ônibus, um sudanês de 25 anos, afirmou que "qualquer lugar da França será melhor do que Calais".
Mohamed, um etíope, é mais cético. "Quero ir para o Reino Unido, não me interessa embarcar nesse ônibus", disse ele.
Ainda que esteja aliviado pela calma com que a operação se desenvolveu, Christian Salomé, da organização Auberge des Migrants, manifestou sua preocupação com o fim de semana, "quando restarão as pessoas que não abrem mão de ir para o Reino Unido" e não querem deixar a "Selva". Segundo ele, é o caso de cerca de 2.000 imigrantes.
Homens, mulheres e crianças convivem há meses nesse acampamento precário.
No fim de setembro, o governo francês anunciou o desmantelamento do acampamento que, com a insegurança e a revolta que gera entre a população local, transformou-se em um ponto delicado que envenena o debate na França em torno da imigração, seis meses antes das eleições presidenciais.
Simboliza também a impotência da Europa frente à pior crise migratória desde a Segunda Guerra Mundial.
As autoridades começaram a distribuir folhetos em vários idiomas para explicar a operação, apresentada como humanitária, e tentar convencer os mais reticentes.
"Ainda é preciso convencer algumas pessoas", admitiu Didier Leschi.
Como Karhazi, um afegão que lamenta ser obrigado a ir embora. "Terão que nos forçar a partir. Queremos ir para o Reino Unido", insistiu.
Vários imigrantes abandonaram o acampamento nos últimos dias para não se afastar da região e continuar tentando cruzar o Canal da Mancha.
Operação delicadaEm alguns povoados franceses, a população manifestou seu desacordo com o plano de distribuição imposto pelo Executivo, e vários membros da oposição de direita aludiram ao risco de criar vários "mini-Calais" em todo o país.
"Acolher nessas localidades 30, 40 pessoas me parece o mínimo. É preciso ter respeito e humanidade para com os migrantes", declarou o ministro das Cidades, Patrick Kanner.
Além da logística complexa, a operação é delicada do ponto de vista de segurança.
Na noite de domingo, houve confrontos perto do acampamento, e a Polícia recorreu a gás lacrimogêneo.
Na madrugada desta segunda, um futuro lugar de acolhida no centro da França foi parcialmente incendiado.
"O governo francês tomou uma decisão corajosa e necessária (...) Um país de 67 milhões de habitantes é perfeitamente capaz de acolher essas pessoas em perigo (...), acolhê-las dignamente e sem excessiva polêmica", declarou nesta segunda o ministro francês das Relações Exteriores, Jean-Marc Ayrault.
O governo britânico acelerou os procedimentos para acolher essas crianças e adolescentes, dos quais cerca de 500 têm famílias no Reino Unido.
Mais de um milhão de pessoas que fogem da guerra e da pobreza na África e no Oriente Médio chegaram à Europa em 2015, semeando divisões entre os 28 países da União Europeia (EU) e alimentando a ascensão dos partidos de extrema-direita.
cg-tma/cn/tt/lr
Pelo menos 2.318 imigrantes - de um total estimado em algo entre 6.000 e 8.000 pessoas - foram retirados sem incidentes dessa favela. De acordo com o ministro francês do Interior, Bernard Cazeneuve, entre eles estão 1.918 adultos e 400 menores, que foram "orientados para um centro de acolhida provisório", até que sua situação e destino sejam determinados.
Ao todo, cerca de 1.300 menores viviam no local.
Logo cedo, pela manhã, as primeiras mulheres, crianças e doentes, chegados majoritariamente do Afeganistão, Sudão e Eritreia, apresentaram-se com seus pertences no hangar usado como base de operações. De lá, pegam os ônibus que vão levá-los para 451 centros de acolhida espalhados por todo o território francês. Essas instituições têm capacidade para 7.500 pessoas.
"Se conseguirmos evacuar entre 2.000 e 2.500 pessoas nesta segunda, será ótimo", afirmou o diretor do escritório francês de Migração, Didier Leschi.
Uma vez evacuado, o acampamento será demolido. As escavadeiras começarão a trabalhar na terça-feira.
Apesar de alguns empurrões e discussões, a operação transcorreu em calma, declarou o ministro francês do Interior, Bernard Cazeneuve.
Cerca de 1.250 policiais foram mobilizados para garantir as operações.
No total, entre 6.000 e 8.000 migrantes serão evacuados em uma operação que vai durar a semana toda.
O primeiro na fila para o primeiro ônibus, um sudanês de 25 anos, afirmou que "qualquer lugar da França será melhor do que Calais".
Mohamed, um etíope, é mais cético. "Quero ir para o Reino Unido, não me interessa embarcar nesse ônibus", disse ele.
Ainda que esteja aliviado pela calma com que a operação se desenvolveu, Christian Salomé, da organização Auberge des Migrants, manifestou sua preocupação com o fim de semana, "quando restarão as pessoas que não abrem mão de ir para o Reino Unido" e não querem deixar a "Selva". Segundo ele, é o caso de cerca de 2.000 imigrantes.
Homens, mulheres e crianças convivem há meses nesse acampamento precário.
No fim de setembro, o governo francês anunciou o desmantelamento do acampamento que, com a insegurança e a revolta que gera entre a população local, transformou-se em um ponto delicado que envenena o debate na França em torno da imigração, seis meses antes das eleições presidenciais.
Simboliza também a impotência da Europa frente à pior crise migratória desde a Segunda Guerra Mundial.
As autoridades começaram a distribuir folhetos em vários idiomas para explicar a operação, apresentada como humanitária, e tentar convencer os mais reticentes.
"Ainda é preciso convencer algumas pessoas", admitiu Didier Leschi.
Como Karhazi, um afegão que lamenta ser obrigado a ir embora. "Terão que nos forçar a partir. Queremos ir para o Reino Unido", insistiu.
Vários imigrantes abandonaram o acampamento nos últimos dias para não se afastar da região e continuar tentando cruzar o Canal da Mancha.
Operação delicadaEm alguns povoados franceses, a população manifestou seu desacordo com o plano de distribuição imposto pelo Executivo, e vários membros da oposição de direita aludiram ao risco de criar vários "mini-Calais" em todo o país.
"Acolher nessas localidades 30, 40 pessoas me parece o mínimo. É preciso ter respeito e humanidade para com os migrantes", declarou o ministro das Cidades, Patrick Kanner.
Além da logística complexa, a operação é delicada do ponto de vista de segurança.
Na noite de domingo, houve confrontos perto do acampamento, e a Polícia recorreu a gás lacrimogêneo.
Na madrugada desta segunda, um futuro lugar de acolhida no centro da França foi parcialmente incendiado.
"O governo francês tomou uma decisão corajosa e necessária (...) Um país de 67 milhões de habitantes é perfeitamente capaz de acolher essas pessoas em perigo (...), acolhê-las dignamente e sem excessiva polêmica", declarou nesta segunda o ministro francês das Relações Exteriores, Jean-Marc Ayrault.
O governo britânico acelerou os procedimentos para acolher essas crianças e adolescentes, dos quais cerca de 500 têm famílias no Reino Unido.
Mais de um milhão de pessoas que fogem da guerra e da pobreza na África e no Oriente Médio chegaram à Europa em 2015, semeando divisões entre os 28 países da União Europeia (EU) e alimentando a ascensão dos partidos de extrema-direita.
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