EUA: 350 universidades pedem a Trump que proteja alunos indocumentados
Nova York, 30 Nov 2016 (AFP) - Mais de 350 universidades americanas pediram ao presidente eleito Donald Trump que mude de opinião e mantenha um programa que permite a milhares de jovens indocumentados estudarem, trabalharem e evitarem a deportação.
São os chamados "dreamers" (sonhadores), cerca de 1,2 milhão de jovens que foram trazidos ilegalmente aos Estados Unidos quando eram crianças, cresceram sem documentos, completaram o ensino médio e muitas vezes falam melhor o inglês do que o idioma dos seus pais.
Cerca de 740.000 deles participam do programa Ação Diferida para Chegadas na Infância (DACA, siglas em inglês), aprovado em 2012 pelo presidente Barack Obama, que normalizou suas vidas e que Trump prometeu durante a sua campanha eliminar "imediatamente" se vencesse.
O DACA prorroga a deportação destes jovens e, embora não lhes conceda fundos federais nem o cobiçado "Green Card" - o visto permanente de residência e trabalho -, lhes permite estudar na universidade, conseguir emprego e ter uma carteira de motorista se tiverem chegado ao país antes de completar 16 anos e se tinham menos de 31 anos em 2012. O programa é renovável a cada dois anos.
"Imenso desperdício de talento"A iniciativa do presidente do Pomona College da Califórnia, David Oxtoby, reuniu mais de 350 universidades, incluindo as célebres Columbia, Harvard, Yale, UCLA, UC Berkeley e Stanford, que assinaram na semana passada uma declaração em defesa dos indocumentados que estudam em seus campi, cuja maioria é beneficiária do DACA.
"Dizemos aos líderes do nosso país que o DACA deve ser mantido, continuado e expandido", afirma a declaração, que não menciona diretamente o presidente eleito e que a cada dia recebe mais assinaturas.
"Isto é tanto um imperativo moral como uma necessidade nacional. A América precisa de talentos, e esses estudantes, que foram criados e educados nos Estados Unidos, já fazem parte da nossa comunidade nacional. Eles representam o que há de melhor na América", acrescenta.
A declaração foi lançada depois de que milhares de estudantes universitários protestaram em todo o país após a vitória de Trump, pedindo que seus campi se transformem em "santuários" onde os estudantes indocumentados estejam a salvo.
Em sua campanha eleitoral, Trump considerou o DACA uma "anistia executiva ilegal" de Obama. Mas nunca explicou se acabar com essa medida significa não aceitar novos candidatos ou abolir definitivamente todo o programa.
"É realmente um imenso desperdício de talento não continuar e não ampliar o programa DACA", disse Oxtoby à AFP. "Estes estudantes são americanos em quase todas as dimensões, exceto o local geográfico de nascimento".
Para Wendy Feliz, da ONG American Immigration Council, "não faz nenhum sentido" interromper o DACA quando o Estado já investiu tanto nestes jovens. "Imagine que te tirem sua carteira de motorista, seu direito de ir à universidade e seu visto de trabalho. Isso é devastador para um jovem adulto", disse.
A solução definitiva para esses jovens, que seria a aprovação do projeto de lei "Dream Act", que lhes concede o visto de residência permanente, definha no Congresso há 15 anos.
Preparados para o piorApós ter sido eleito, Trump disse que expulsará primeiro entre dois e três milhões de indocumentados com antecedentes penais.
Para entrar no DACA, é necessário não ter cometido delitos sérios. Mas alguns especialistas asseguram que, como não há dois ou três milhões de criminosos indocumentados nos Estados Unidos, Trump poderia usar o programa para atingir esse número.
O próprio Obama urgiu a Trump que reflita "longamente" antes de eliminar o DACA e prejudicar jovens "que para todos os efeitos práticos são americanos".
Algumas universidades já se preparam para o pior.
"Não vamos permitir que agentes de imigração entrem nos nossos campi sem uma ordem judicial, nem vamos compartilhar com eles informações sobre o status migratório de estudantes indocumentados, a menos que seja requerido por uma decisão judicial", disse o reitor da Universidade de Columbia, em Nova York, John Coatsworth, em uma mensagem a todos os estudantes.
A presidente da Universidade de Harvard, Drew Faust, anunciou na segunda-feira que ampliará um programa sobre refugiados e imigrantes na escola de Direito e que levará ao campus especialistas em migração para oferecer assistência legal aos seus 40 estudantes indocumentados, informou o jornal universitário Harvard Crimson.
Muitas grandes cidades do país com prefeitos democratas, como Nova York, Chicago e Los Angeles também se rebelaram contra os planos de deportação de Trump, e prometeram proteger seus residentes indocumentados, ainda que isso signifique perder fundos federais milionários.
São os chamados "dreamers" (sonhadores), cerca de 1,2 milhão de jovens que foram trazidos ilegalmente aos Estados Unidos quando eram crianças, cresceram sem documentos, completaram o ensino médio e muitas vezes falam melhor o inglês do que o idioma dos seus pais.
Cerca de 740.000 deles participam do programa Ação Diferida para Chegadas na Infância (DACA, siglas em inglês), aprovado em 2012 pelo presidente Barack Obama, que normalizou suas vidas e que Trump prometeu durante a sua campanha eliminar "imediatamente" se vencesse.
O DACA prorroga a deportação destes jovens e, embora não lhes conceda fundos federais nem o cobiçado "Green Card" - o visto permanente de residência e trabalho -, lhes permite estudar na universidade, conseguir emprego e ter uma carteira de motorista se tiverem chegado ao país antes de completar 16 anos e se tinham menos de 31 anos em 2012. O programa é renovável a cada dois anos.
"Imenso desperdício de talento"A iniciativa do presidente do Pomona College da Califórnia, David Oxtoby, reuniu mais de 350 universidades, incluindo as célebres Columbia, Harvard, Yale, UCLA, UC Berkeley e Stanford, que assinaram na semana passada uma declaração em defesa dos indocumentados que estudam em seus campi, cuja maioria é beneficiária do DACA.
"Dizemos aos líderes do nosso país que o DACA deve ser mantido, continuado e expandido", afirma a declaração, que não menciona diretamente o presidente eleito e que a cada dia recebe mais assinaturas.
"Isto é tanto um imperativo moral como uma necessidade nacional. A América precisa de talentos, e esses estudantes, que foram criados e educados nos Estados Unidos, já fazem parte da nossa comunidade nacional. Eles representam o que há de melhor na América", acrescenta.
A declaração foi lançada depois de que milhares de estudantes universitários protestaram em todo o país após a vitória de Trump, pedindo que seus campi se transformem em "santuários" onde os estudantes indocumentados estejam a salvo.
Em sua campanha eleitoral, Trump considerou o DACA uma "anistia executiva ilegal" de Obama. Mas nunca explicou se acabar com essa medida significa não aceitar novos candidatos ou abolir definitivamente todo o programa.
"É realmente um imenso desperdício de talento não continuar e não ampliar o programa DACA", disse Oxtoby à AFP. "Estes estudantes são americanos em quase todas as dimensões, exceto o local geográfico de nascimento".
Para Wendy Feliz, da ONG American Immigration Council, "não faz nenhum sentido" interromper o DACA quando o Estado já investiu tanto nestes jovens. "Imagine que te tirem sua carteira de motorista, seu direito de ir à universidade e seu visto de trabalho. Isso é devastador para um jovem adulto", disse.
A solução definitiva para esses jovens, que seria a aprovação do projeto de lei "Dream Act", que lhes concede o visto de residência permanente, definha no Congresso há 15 anos.
Preparados para o piorApós ter sido eleito, Trump disse que expulsará primeiro entre dois e três milhões de indocumentados com antecedentes penais.
Para entrar no DACA, é necessário não ter cometido delitos sérios. Mas alguns especialistas asseguram que, como não há dois ou três milhões de criminosos indocumentados nos Estados Unidos, Trump poderia usar o programa para atingir esse número.
O próprio Obama urgiu a Trump que reflita "longamente" antes de eliminar o DACA e prejudicar jovens "que para todos os efeitos práticos são americanos".
Algumas universidades já se preparam para o pior.
"Não vamos permitir que agentes de imigração entrem nos nossos campi sem uma ordem judicial, nem vamos compartilhar com eles informações sobre o status migratório de estudantes indocumentados, a menos que seja requerido por uma decisão judicial", disse o reitor da Universidade de Columbia, em Nova York, John Coatsworth, em uma mensagem a todos os estudantes.
A presidente da Universidade de Harvard, Drew Faust, anunciou na segunda-feira que ampliará um programa sobre refugiados e imigrantes na escola de Direito e que levará ao campus especialistas em migração para oferecer assistência legal aos seus 40 estudantes indocumentados, informou o jornal universitário Harvard Crimson.
Muitas grandes cidades do país com prefeitos democratas, como Nova York, Chicago e Los Angeles também se rebelaram contra os planos de deportação de Trump, e prometeram proteger seus residentes indocumentados, ainda que isso signifique perder fundos federais milionários.
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