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México advertiu EUA que recusará deportados de outros países

24/02/2017 15h56

México, 24 Fev 2017 (AFP) - As autoridades mexicanas advertiram às americanas que não receberão migrantes deportados vindos de outros países como os Estados Unidos pretendem fazer, assegurou nesta sexta-feira o ministro do Interior, Miguel Angel Osorio Chong.

"Não podemos receber os outros migrantes (de diferentes países). Fomos muito claros nesse sentido e não vamos receber, não podem deixar ali na fronteira porque teríamos que recusar, não há possibilidade de que sejam recebidos pelo México", disse Osorio Chong à Rádio Fórmula.

No dia anterior, Osorio Chong havia se reunido, junto com o chanceler mexicano Luis Videgaray, com os secretários americanos de Segurança Interior, John Kelly, e de Estado, Rex Tillerson, que estavam de visita à capital mexicana.

Na terça-feira, o Departamento de Segurança Interior dos EUA deu instruções de deportar imigrantes em situação ilegal ao país pelo qual entraram sem importar sua nacionalidade, afirmando que poderia haver sanções a essas nações, ou seja, México e Canadá, caso se negassem a cooperar.

"Deixamos claro que nem nossas leis, nem nossos processos, nem nossas capacidades poderiam ajudar. E não é só isso, nos pediram que enquanto estejam fazendo o processo legal, que fiquem aqui. Dissemos que nós não podemos tê-los aqui de nenhuma maneira (...). Não podemos nos tornar uma sala de espera para os que querem chegar aos Estados Unidos", destacou Osorio.

Explicou que já houve casos similares, como os mais de 3.500 haitianos e africanos que estão presos há meses nas fronteiras em Tijuana e Mexicali e que entraram ilegalmente no México em uma tentativa de chegar aos Estados Unidos.

"Estão lá por um pré-acordo (com a administração de Barack Obama) de que iam para os Estados Unidos e hoje não há mais. Estamos vendo como retornarão a seus países", acrescentou, assinalando que estes migrantes não solicitaram refúgio ao México.

Kelly e Tillerson fizeram uma visita de um dia e meio com a missão de melhorar a relação com o México e discutir temas complicados como a migração e o muro fronteiriço que o presidente Donald Trump pretende construir com financiamento mexicano e o livre-comércio.

Mas a visita foi precedida por declarações de Trump em que afirma que estão sendo expulsos os "tipos ruins" dos Estados Unidos, chefes do tráfico e das quadrilhas, em um ritmo nunca antes visto.

Horas depois, Kelly tentou amenizar a situação ao assegurar aos mexicanos que não haverá deportações em massa e que as forças militares não participarão das tarefas migratórias.

Estima-se que a cada ano cerca de 200.000 migrantes em situação ilegal, a maioria da América Central, tentem ir para os Estados Unidos do México, em uma travessia em que são vítimas de abusos e agressões por parte das autoridades e de criminosos sendo, em alguns casos, até assassinados.