Rússia liquida definitivamente dívida dos tempos da URSS
Moscou, 24 Mar 2017 (AFP) - Cerca de 25 anos depois da queda da URSS, a Rússia está perto de liquidar as dívidas herdadas da era soviética e pretende se tornar um país economicamente confiável apesar das sanções ocidentais.
O ministro russo das Finanças anunciou esta semana um acordo com a Bósnia-Herzegovina para pagar ao país em um prazo de 45 dias 125,2 milhões de dólares da dívida por transações comerciais entre as antigas União Soviética e Iugoslávia.
O pagamento "põe fim à dívida externa pública da antiga URSS e é um evento histórico", comemorou o vice-ministro das Finanças Serguei Storchak.
Em fevereiro, a Rússia pagou pela mesma dívida 60,6 milhões de dólares à Macedônia.
Quando a URSS acabou, havia uma dívida externa acumulada de 70 bilhões de dólares, contraída principalmente durante os tempos difíceis da Perestroika (1985-1991). A Rússia foi reconhecida como herdeira única dessa dívida.
O pagamento foi longo e complexo. Os anos 1990 foram muito duros economicamente para a Rússia e culminaram com a moratória em 1998.
Foi no início dos anos 2000 que o país passou a lucrar com gás e petróleo graças à explosão de preços das matéria-primas.
Em 2006, após intensas negociações, Moscou pagou adiantado a dívida com 17 países credores da URSS reunidos no chamado Clube de Paris.
O pagamento foi feito no aniversário de oito anos do default e foi simbólico para o presidente Vladimir Putin, que queria deixar a dívida para trás e recuperar o orgulho russo.
Nos últimos anos, a Rússia até se deu ao luxo de perdoar algumas dívidas que outros países haviam contraído com a URSS em troca de contratos com empresas russas. Foi o caso de Cuba, em 2014.
ReputaçãoApós o pagamento ao Clube de Paris (95% da dívida externa soviética) só restaram algumas dívidas comerciais, resultantes de importações de bens de países amigos da URSS, mas difíceis de avaliar.
O parlamentar russo Anatoli Axakov criticou, inclusive, "a estranha maneira" como alguns países acabaram sendo "credores da União Soviética, um país muito rico".
No caso da antiga Iugoslávia, a URSS proporcionava equipamento militar e recebia em troca produtos de consumo corrente. Neste caso o pagamento da dívida foi complicado porque foi necessário dividi-lo entre os vários países que nasceram após sua dissolução.
Para a Rússia, o fim da dívida soviética "é importante para sua reputação porque demonstra sua capacidade de devolver o dinheiro a tempo, sua responsabilidade", explicou à AFP Iuri Iudenkov, professor da universidade russa de Economia e Administração Públicas.
Iudenkov compara a atitude russa com a da Ucrânia, que se recusa a devolver 3 bilhões de dólares que a Rússia lhe emprestou quando em Kiev ainda havia um governo pró-russo.
Moscou quer passar uma boa imagem no atual contexto de sanções econômicas ocidentais provocadas pelo conflito na Ucrânia e que podem afastar possíveis investidores do país.
A prioridade de Vladimir Putin é agora manter as contas em dia. Em 2016, a Rússia teve um déficit de 3,16% do Produto Interno Bruto (PIB), consequência da queda dos preços das matérias-primas, que obrigou o país a fazer cortes significativos no orçamento.
No momento a dívida pública se mantém em menos de 15% do PIB, nível inferior ao das grandes potências ocidentais como Estados Unidos, França e Japão, que pedem empréstimo há décadas nos mercados internacionais.
Recentemente, a Rússia conseguiu voltar ao mercado da dívida e as agências de classificação de risco parecem mais otimistas do que há alguns meses.
O ministro russo das Finanças anunciou esta semana um acordo com a Bósnia-Herzegovina para pagar ao país em um prazo de 45 dias 125,2 milhões de dólares da dívida por transações comerciais entre as antigas União Soviética e Iugoslávia.
O pagamento "põe fim à dívida externa pública da antiga URSS e é um evento histórico", comemorou o vice-ministro das Finanças Serguei Storchak.
Em fevereiro, a Rússia pagou pela mesma dívida 60,6 milhões de dólares à Macedônia.
Quando a URSS acabou, havia uma dívida externa acumulada de 70 bilhões de dólares, contraída principalmente durante os tempos difíceis da Perestroika (1985-1991). A Rússia foi reconhecida como herdeira única dessa dívida.
O pagamento foi longo e complexo. Os anos 1990 foram muito duros economicamente para a Rússia e culminaram com a moratória em 1998.
Foi no início dos anos 2000 que o país passou a lucrar com gás e petróleo graças à explosão de preços das matéria-primas.
Em 2006, após intensas negociações, Moscou pagou adiantado a dívida com 17 países credores da URSS reunidos no chamado Clube de Paris.
O pagamento foi feito no aniversário de oito anos do default e foi simbólico para o presidente Vladimir Putin, que queria deixar a dívida para trás e recuperar o orgulho russo.
Nos últimos anos, a Rússia até se deu ao luxo de perdoar algumas dívidas que outros países haviam contraído com a URSS em troca de contratos com empresas russas. Foi o caso de Cuba, em 2014.
ReputaçãoApós o pagamento ao Clube de Paris (95% da dívida externa soviética) só restaram algumas dívidas comerciais, resultantes de importações de bens de países amigos da URSS, mas difíceis de avaliar.
O parlamentar russo Anatoli Axakov criticou, inclusive, "a estranha maneira" como alguns países acabaram sendo "credores da União Soviética, um país muito rico".
No caso da antiga Iugoslávia, a URSS proporcionava equipamento militar e recebia em troca produtos de consumo corrente. Neste caso o pagamento da dívida foi complicado porque foi necessário dividi-lo entre os vários países que nasceram após sua dissolução.
Para a Rússia, o fim da dívida soviética "é importante para sua reputação porque demonstra sua capacidade de devolver o dinheiro a tempo, sua responsabilidade", explicou à AFP Iuri Iudenkov, professor da universidade russa de Economia e Administração Públicas.
Iudenkov compara a atitude russa com a da Ucrânia, que se recusa a devolver 3 bilhões de dólares que a Rússia lhe emprestou quando em Kiev ainda havia um governo pró-russo.
Moscou quer passar uma boa imagem no atual contexto de sanções econômicas ocidentais provocadas pelo conflito na Ucrânia e que podem afastar possíveis investidores do país.
A prioridade de Vladimir Putin é agora manter as contas em dia. Em 2016, a Rússia teve um déficit de 3,16% do Produto Interno Bruto (PIB), consequência da queda dos preços das matérias-primas, que obrigou o país a fazer cortes significativos no orçamento.
No momento a dívida pública se mantém em menos de 15% do PIB, nível inferior ao das grandes potências ocidentais como Estados Unidos, França e Japão, que pedem empréstimo há décadas nos mercados internacionais.
Recentemente, a Rússia conseguiu voltar ao mercado da dívida e as agências de classificação de risco parecem mais otimistas do que há alguns meses.
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