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O que se sabe dos 'Panama Papers' um ano depois

31/03/2017 20h10

Panamá, 31 Mar 2017 (AFP) - O escândalo dos "Panama Papers" sacudiu há um ano o cenário internacional, abalando governos, expondo personagens distintos, desatando investigações em todo o mundo e atingindo a imagem do Panamá como um centro financeiro internacional.

- O que são os 'Panama Papers' -Trata-se de um vazamento de 11,5 milhões de arquivos digitais do escritório de advocacia panamenho Mossack Fonseca, que revelou como pessoas de renome no mundo todo criaram empresas offshore para resguardar bens.

Os dados foram obtidos pelo jornal alemão Sueddeutsche Zietung, que os compartilhou com o Consórcio Internacional de Jornalistas Investigativos (ICIJ), e foram divulgados em 3 de abril de 2016 por vários meios de comunicação. As relações continuam sendo divulgadas.

- Qual o impacto -O primeiro-ministro da Islândia se viu obrigado a renunciar depois que os documentos revelaram que sua família ocultou bens em entidades offshore.

Outras personalidades expostas foram o ex-primeiro-ministro britânico David Cameron, o craque Lionel Messi, o presidente argentino Mauricio Macri, o cineasta espanhol Pedro Almodóvar, o primeiro-ministro paquistanês Nawaz Sharif e muitos outros políticos e assessores.

Ao menos 150 investigações foram abertas em 79 países para examinar possíveis casos de evasão fiscal ou lavagem de dinheiro, segundo o Centro de Integridade Pública, um grupo americano sem fins lucrativos.

A França inclui o Panamá em sua lista de paraísos fiscais. O país centro-americano luta para mostrar ao mundo que cumpre com as normas internacionais de transparência, ao compartilhar informações tributárias com outros países para evitar entrar em outras listas negras.

Os sócios fundadores da Mossack Fonseca, Jürguen Mossack e Ramón Fonseca, foram peesos em 9 de fevereiro por acusação de lavagem de dinheiro e permanecem detidos em função da investigação sobre os possíveis vínculos da firma com o mega-escândalo de corrupção brasileiro investigado pela Operação "Lava Jato".

Em março, promotores panamenhos disseram que retomariam a pesquisa dos "Panama Papers", que foi suspensa por dois meses por motivos técnico-legais.

- O que acontece agora -Não está claro se a tempestade já se dissipou: alguns políticos ainda têm assuntos pendentes a esclarecer enquanto outros, como Macri e o primeiro-ministro australiano Malcolm Turnbull, já estão fora da berlinda.

No Paquistão, a Suprema Corte deve se pronunciar em abril sobre a revelação de que os filhos do primeiro-ministro Sharif possuem empresas nas Ilhas Virgens Britânicas, que realizam transações milionárias com propriedades.

Apesar de o vazamento de documentos colocar o Panamá no centro das atenções, o escândalo também se voltou para as Ilhas Virgens Britânicas, onde foram revistadas várias entidades administradas pela Mossack Fonseca e outros locais que mantêm sigilo financeiro.

Entre esses lugares, figuram estados dos Estados Unidos como Nevada, Wyoming e Dakota do Sul. Vários grupos assinalaram que Washington não aderiu a uma normativa da Organização para a Cooperação e o Desenvolvimento Econômico (OCDE) de compartilhar informação financeira.

Da mesma forma, os Estados Unidos e a Grã-Bretanha estudam possíveis mudanças tributárias que poderão envolver práticas questionadas em seus territórios e dependências, como as Ilhas Virgens Americanas, as Britânicas e as ilhas Cayman.

Há um ano, os "Panama Papers" abriram a perspectiva de uma campanha mundial de saneamento tributário contra os ricos que usam entidades obscuras offshore.

No entanto, em 2017, isso parece não ser uma prioridade para grande parte do mundo, que tenta adaptar-se às mudanças em termos de comércio e e segurança.