Morte, saques, fome: crônica de uma batalha campal na Venezuela
Caracas, 21 Abr 2017 (AFP) - Após um trágica noite de saques em Caracas, um homem procura alimentos no chão e leva à boca um pedaço sujo de comida. À sua volta, destruição, marcas de tiros e uma poça de sangue.
O bairro popular de El Valle viveu uma verdadeira batalha campal, que terminou com 11 mortos, dezenas de locais saqueados e uma maternidade evacuada.
"Isto parecia a guerra nas estrelas", resumiu Sonia Rodríguez, de 50 anos, encarregada de um açougue situado em uma rua que sobe em direção à zona pobre de San Andrés.
Um cordão da divisão de Homicídios da polícia separava os curiosos de uma padaria transformada em cena do crime, após oito pessoas morrerem ali, segundo um oficial no local.
Liria Henríquez viu todo o caos da varanda do seu apartamento, que dá para a rua onde ocorreram os confrontos e os saques.
A oposição lidera desde 1 de abril manifestações contra o governo, exigindo eleições e respeito ao Parlamento, de maioria opositora.
Na quinta-feira, tudo começou com um panelaço, que levou a bloqueios de ruas e confrontos com as autoridades. Os agentes dispersaram os manifestantes com gases, e eles reagiram lançando pedras e garrafas.
Isso durou até meia-noite, indicou Henríquez, que vive na zona há 20 anos. Então, moradores de uma favela próxima começaram a descer ao local, dando início aos saques, conta.
"De repente, todos os policiais desapareceram. Terminaram de arrebentar isso, durante duas horas, e depois ficaram quatro horas saqueando tudo dali, sem nenhum policial por perto", contou Henríquez, apontando para um supermercado destruído.
Prateleiras caídas, geladeiras destroçadas e sem motor, e o pouco que sobrou espalhado no chão. Homens e crianças reviravam o lixo que contornava a rua Cajigal, em busca de algo para resgatar.
- Chavismo ou oposição? -Foi o segundo dia consecutivo de saques, todos enquadrados nos protestos da oposição contra Maduro.
"Um novo episódio de ódio e intolerância encheu de dor as ruas da Venezuela", disse o vice-presidente venezuelano, Tareck El Aissami, acusando dirigentes opositores de ter "tramado ações criminosas junto com grupos armados que atacam o povo".
O líder opositor Henrique Capriles responsabilizou "a cúpula madurista, com seus capangas e grupos paramilitares" de civis armados.
Isabel Mendoza, outra comerciante afetada, esclareceu: "Não é nem oposição nem chavismo, estavam todos ali".
"Aqui desceram as pessoas que queriam saquear comida, não sei, estavam com fome" e se aproveitaram da situação, apontou.
"Isso não é fome, é delinquência, é se aproveitar da situação do país para fazer maldades", respondeu Rodríguez, que observava o que restou do seu açougue: "os ossos e vidros quebrados".
A poucos quilômetros dali, no terraço de uma maternidade havia várias pedras, que segundo o governo foram lançadas por um grupo armado de encapuzados "contratados" pela oposição, que o nega firmemente.
A fumaça do lixo queimado obrigou os médicos a evacuar 54 pessoas, incluindo bebês, disse a diretora do centro de saúde, Rosalinda Prieto, que negou que tenha sido resultado dos gases, como alega a oposição.
O bairro popular de El Valle viveu uma verdadeira batalha campal, que terminou com 11 mortos, dezenas de locais saqueados e uma maternidade evacuada.
"Isto parecia a guerra nas estrelas", resumiu Sonia Rodríguez, de 50 anos, encarregada de um açougue situado em uma rua que sobe em direção à zona pobre de San Andrés.
Um cordão da divisão de Homicídios da polícia separava os curiosos de uma padaria transformada em cena do crime, após oito pessoas morrerem ali, segundo um oficial no local.
Liria Henríquez viu todo o caos da varanda do seu apartamento, que dá para a rua onde ocorreram os confrontos e os saques.
A oposição lidera desde 1 de abril manifestações contra o governo, exigindo eleições e respeito ao Parlamento, de maioria opositora.
Na quinta-feira, tudo começou com um panelaço, que levou a bloqueios de ruas e confrontos com as autoridades. Os agentes dispersaram os manifestantes com gases, e eles reagiram lançando pedras e garrafas.
Isso durou até meia-noite, indicou Henríquez, que vive na zona há 20 anos. Então, moradores de uma favela próxima começaram a descer ao local, dando início aos saques, conta.
"De repente, todos os policiais desapareceram. Terminaram de arrebentar isso, durante duas horas, e depois ficaram quatro horas saqueando tudo dali, sem nenhum policial por perto", contou Henríquez, apontando para um supermercado destruído.
Prateleiras caídas, geladeiras destroçadas e sem motor, e o pouco que sobrou espalhado no chão. Homens e crianças reviravam o lixo que contornava a rua Cajigal, em busca de algo para resgatar.
- Chavismo ou oposição? -Foi o segundo dia consecutivo de saques, todos enquadrados nos protestos da oposição contra Maduro.
"Um novo episódio de ódio e intolerância encheu de dor as ruas da Venezuela", disse o vice-presidente venezuelano, Tareck El Aissami, acusando dirigentes opositores de ter "tramado ações criminosas junto com grupos armados que atacam o povo".
O líder opositor Henrique Capriles responsabilizou "a cúpula madurista, com seus capangas e grupos paramilitares" de civis armados.
Isabel Mendoza, outra comerciante afetada, esclareceu: "Não é nem oposição nem chavismo, estavam todos ali".
"Aqui desceram as pessoas que queriam saquear comida, não sei, estavam com fome" e se aproveitaram da situação, apontou.
"Isso não é fome, é delinquência, é se aproveitar da situação do país para fazer maldades", respondeu Rodríguez, que observava o que restou do seu açougue: "os ossos e vidros quebrados".
A poucos quilômetros dali, no terraço de uma maternidade havia várias pedras, que segundo o governo foram lançadas por um grupo armado de encapuzados "contratados" pela oposição, que o nega firmemente.
A fumaça do lixo queimado obrigou os médicos a evacuar 54 pessoas, incluindo bebês, disse a diretora do centro de saúde, Rosalinda Prieto, que negou que tenha sido resultado dos gases, como alega a oposição.
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