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Avós da Plaza de Mayo encontram neto 122 roubado na ditadura argentina

23/04/2017 14h59

Buenos Aires, 23 Abr 2017 (AFP) - A organização das Avós da Plaza de Mayo da Argentina, que há décadas procuram seus netos roubados durante a ditadura militar no país (1976-1983), anunciou no domingo ter encontrado o neto número 122.

"Confirmamos a restituição do #neto122", publicaram em sua conta no Twitter, e disseram que na próxima terça-feira darão mais detalhes na sede da organização, em Buenos Aires.

O jornal argentino Página 12 detalhou que se trata do filho de Iris Nélida García Soler, da cidade de Mendoza, e de Enrique Bustamante, ambos sequestrados em 1977 pela Polícia Federal na pensão na que viviam em Buenos Aires.

O casal era militante do grupo Montoneros, organização guerrilheira argentina da esquerda peronista que operou entre 1979 e 1980.

García Soler, então conhecida como "Tita" ou "Pajarita", estava grávida de três meses quando ela e seu companheiro foram sequestrados.

Seu filho, que hoje tem 39 anos, nasceu na antiga Escola de Mecânica da Armada (ESMA), um centro de detenção e tortura que funcionou durante a ditadura militar argentina.

O Página 12 indicou que o novo neto encontrado pelas Avós da Plaza de Mayo se encontra em processo de recuperação da sua identidade e de restabelecer o contato com sua família biológica.

Antes de desaparecer, o casal foi visto no Club Atlético, outro centro de detenção clandestino que funcionou nessa época.

Em julho de 1977, García Soler foi trasladada à ESMA para o nascimento do filho, que foi imediatamente separado dela.

Mulheres sequestradas deram à luz na ESMA em condições sub-humanas e tiveram seus filhos roubados, antes de desaparecerem. Desse local saíam os chamados 'voos da morte', dos quais prisioneiros eram lançados ao rio de la Plata.

Os pais do neto recentemente encontrado continuam desparecidos. As Avós da Plaza de Mayo calculam que cerca de 500 bebês foram roubados logo após nascerem durante a ditadura.

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