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Merkel: Reino Unido não terá os mesmos direitos que um país da UE após o Brexit

27/04/2017 06h11

Berlim, 27 Abr 2017 (AFP) - A chanceler alemã Angela Merkel advertiu nesta quinta-feira os britânicos que não podem esperar ter os mesmos direitos que um país membro da União Europeia (UE) após o Brexit, e criticou certas "ilusões" a respeito no Reino Unido.

"Um terceiro Estado não terá os mesmos direitos, ou direitos mais vantajosos, que um país membro" da União Europeia (UE), afirmou Merkel no Parlamento de Berlim, dois dias antes de uma reunião de cúpula europeia que deve estabelecer as 'linhas vermelhas' da UE nas negociações com Londres sobre o Brexit.

"Talvez isto soe evidente, mas eu tenho que falar de modo claro porque alguns no Reino Unido parecem ter ilusões a respeito deste ponto", completou a chanceler alemã.

Acreditar que o Reino Unido, depois de sua saída da UE, poderia obter vantagens mais ou menos equivalentes as que tem hoje é "perda de tempo", insistiu.

Merkel prevê negociações "difíceis" nos próximos meses.

"Sobre isto não há dúvida", afirmou.

A Alemanha e os demais países europeus não têm a intenção de dar ao Reino Unido um acesso pleno ao mercado interno da UE sem a continuidade da livre circulação dos cidadãos europeus no Reino Unido, o que Londres se nega a aceitar.

A questão do estatuto do setor financeiro britânico, com a poderosa City de Londres, também está no coração do debate.

Outro tema de discórdia é o valor que o governo de Londres deverá pagar para sair da UE. Sobre este ponto a chanceler considerou que "as negociações devem incluir desde o início a questão das obrigações financeiras do Reino Unido, inclusive depois do Brexit".

Os europeus calculam a fatura em quase 60 bilhões de euros, mas autoridades britânicas já deram a entender que não pensam em pagar tanto dinheiro.

Merkel também reafirmou que as discussões sobre as condições de saída da UE devem ser resolvidas de "maneira satisfatória", antes de abordar a questão das relações futuras entre Reino Unido e UE. Londres preferia trabalhar de modo simultâneo nas duas frentes.

Esta cronologia é "irreversível", disse a chanceler alemã.

A UE espera iniciar as negociações sobre o artigo 50 depois das eleições gerais antecipadas no Reino Unido dl 8 de junho.

A antecipação foi solicitada pela primeira-ministra Theresa May, que espera sair com sua posição reforçada das urnas para negociar o Brexit.