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Macron e Le Pen travam batalha de programas e adesões em campanha

29/04/2017 16h49

Paris, 29 Abr 2017 (AFP) - O centrista Emmanuel Macron obteve neste sábado o apoio declarado do presidente François Hollande, a oito dias da realização do segundo turno das presidenciais francesas, quando disputará a preferência do eleitorado contra a ultradireitista Marine Le Pen.

De Bruxelas, o presidente socialista alertou para o risco que seria Le Pen chegar ao poder e pediu aos franceses para "pegar uma cédula de Macron" no domingo, 7 de maio, para fechar a passagem a Le Pen.

A brecha entre os dois finalistas diminui: as pesquisas atribuem a Macron 59% das intenções de voto e 41% a Le Pen, depois que neste sábado a candidata da Frente Nacional selou uma aliança com o líder de um pequeno partido eurocético, Nicolas Dupont-Aignan, que obteve 4,7% dos votos no primeiro turno, o que poderia reforçar sua posição.

Neste sábado, a candidata da extrema-direita anunciou que deseja nomear Dupont-Aignan como primeiro-ministro em caso de vitória. A candidata justificou esta decisão em nome do "patriotismo" e do "projeto comum" que ambos defendem.

É a primeira vez que a Frente Nacional (FN), partido anti-imigração e anti-europeu, recebe o apoio de um candidato que se identifica com o general Charles de Gaulle. "É um dia histórico porque privilegiamos os interesses da França em detrimento ds interesses pessoais e partidários", disse Dupont-Aignan, de 56 anos.

Em uma visita a uma fazenda no centro da França, Macron denunciou a estratégia de seu adversário, "que tem a intenção de resolver os problemas de credibilidade de Marine Le Pen".

O apoio deste eurocético à extrema-direita provocou turbulências dentro do seu partido, com a renúncia de vários funcionários, e a irritação de moradores da cidade da qual é prefeito, na região parisiense, que protestaram aos gritos de "Dupont renúncia".

Nas fileiras da direita, o deputado Jean-François Copé denunciou "uma imensa falta de política e de moral", enquanto o secretário-geral do "Os Republicanos", Bernard Accoyer, estimou que eurocético "perdeu sua honra" unindo-se "aos que sempre lutaram contra o gaullismo".

- 'Traição' -Marine Le Pen, paralelamente, estendeu a mão na sexta-feira aos eleitores do defensor da esquerda radical, Jean-Luc Mélenchon, convocando-os a bloquear Macron. "Vamos colocar as disputas e divergências de lado", pediu.

Mélenchon, que obteve mais de 19% dos votos no primeiro turno, se recusou a dar seu apoio a um dos candidatos, mas afirmou que não votará na Frente Nacional no dia 7 de maio.

A imprensa francesa se mostrou dura neste sábado com Jean-Luc Mélenchon, líder do partido França Insubmissa, acusado com esta estratégia de ajudar a extrema-direita.

Neste contexto tenso, são cada vez maiores os pedidos de votos em Macron por parte de lideranças políticas dos partidos tradicionais de direita e esquerda, desclassificados do segundo turno pela primeira vez em meio século de vida eleitoral francesa. Neste sábado, o centrista recebeu o apoio do ecologista independente Nicolas Hulot.

O ex-primeiro-ministro de direita Alain Juppé pediu novamente neste sábado o voto no centrista Macron "porque ele é o único que no dia 7 de maio pode evitar a desgraça da FN na França".

"A traição" de Dupont-Aignan, "a atitude ambígua" de Mélenchon, "a derrota" do Partido Socialista, "as manipulações de alguns de meus próprios 'amigos' políticos acrescentam confusão geral, sobre a qual a FN avança", alertou.

Fiel à sua linha "nem direita, nem esquerda", Macron, ex-ministro do presidente socialista em fim de mandato François Hollande, que se apresenta pela primeira vez em eleições, excluiu novamente qualquer "coalizão" com a direita ou o Partido Socialista se for eleito presidente.

"Não haverá coligação com os dois grandes partidos existentes (...), mas nos próximos tempos haverá uma refundação da vida política e veremos os socialistas e os Republicanos (partido de direita) se unirem a mim individualmente", considerou o candidato do movimento 'Em Marcha!' em uma entrevista ao jornal Le Figaro.

Depois de ter descartado a ideia da "soberania monetária", ou seja, a saída do euro, Marine Le Pen assegurou que não quer "o caos", em entrevista ao jornal regional Sud-Ouest.