Morre no Japão sobrevivente emblemático da bomba de Nagasaki
Tóquio, 30 Ago 2017 (AFP) - Sumiteru Taniguchi, que em 1945 estava entregando cartas em Nagasaki quando as tropas dos Estados Unidos lançaram a bomba atômica, faleceu nesta quarta-feira aos 88 anos.
Taniguchi virou um importante ativista do desarmamento nuclear e chegou a ser considerado um candidato ao prêmio Nobel da Paz.
Ele faleceu após uma batalha contra o câncer em um hospital na região sudoeste do Japão, informou a organização Nihon Hidankyo, que representa sobreviventes das bombas atômicas de Hiroshima e Nagasaki.
O então carteiro tinha 16 anos quando, em 9 de agosto de 1945 às 11H02 locais, um bombardeiro americano B29 despejou a bomba atômica na cidade do sul do Japão. Três dias depois do primeiro ataque nuclear da história, em Hiroshima, a explosão destruiu 80% dos edifícios de Nagasaki, incluindo a famosa catedral de Urakami, e provocou 74.000 mortes, pelo impacto da bomba e pelas radiações.
"Senti o chão tremer durante um momento e pensei que iria morrer. Mas me convenci de que não poderia morrer assim. Quando me acalmei, percebi que a pele do meu braço esquerdo, do ombro até a ponta de meus dedos, caía em tiras", contou em um vídeo gravado em 2015 no hospital da Cruz Vermelha de Nagasaki.
"Como não sentia nenhuma dor, toquei as costas e vi que a minha camisa havia desaparecido. Havia algo escuro e viscoso em minha mão. Minha bicicleta estava completamente retorcida", relatou.
Ele passou mais de três anos no hospital depois do ataque.
Taniguchi tinha marcas das queimaduras nas costas e ferimentos profundos no tórax.
Em 2015, durante a cerimônia pelo 70º aniversário do ataque, recordou o espantoso panorama após o bombardeio.
"Corpos carbonizados, pedidos de socorro dos prédios em ruínas, pessoas com as tripas para fora", descreveu.
"Uma multidão de seres humanos que morria tentando encontrar água", disse.
Na ocasião, criticou duramente a política do primeiro-ministro Shinzo Abe de tentar reforçar as prerrogativas do exército.
"As leis de defesa que o governo tenta aprovar poderiam colocar em risco nossos longos anos de esforços pela abolição da arma nuclear e romper as esperanças do hibakusha" (sobreviventes que receberam a radiação), declarou.
Sumiteru Taniguchi lutou para transmitir sua experiência até a morte.
"Mas temo que as pessoas, em particular as novas gerações, comecem a ficar desinteressadas", disse à AFP em 2003.
"Quero que as novas gerações lembrem que as armas nucleares nunca salvarão a humanidade. É uma ilusão acreditar que o guarda-chuva nuclear nos protegerá".
bur-uh-kap/anb/bds/jvb/age/fp
Taniguchi virou um importante ativista do desarmamento nuclear e chegou a ser considerado um candidato ao prêmio Nobel da Paz.
Ele faleceu após uma batalha contra o câncer em um hospital na região sudoeste do Japão, informou a organização Nihon Hidankyo, que representa sobreviventes das bombas atômicas de Hiroshima e Nagasaki.
O então carteiro tinha 16 anos quando, em 9 de agosto de 1945 às 11H02 locais, um bombardeiro americano B29 despejou a bomba atômica na cidade do sul do Japão. Três dias depois do primeiro ataque nuclear da história, em Hiroshima, a explosão destruiu 80% dos edifícios de Nagasaki, incluindo a famosa catedral de Urakami, e provocou 74.000 mortes, pelo impacto da bomba e pelas radiações.
"Senti o chão tremer durante um momento e pensei que iria morrer. Mas me convenci de que não poderia morrer assim. Quando me acalmei, percebi que a pele do meu braço esquerdo, do ombro até a ponta de meus dedos, caía em tiras", contou em um vídeo gravado em 2015 no hospital da Cruz Vermelha de Nagasaki.
"Como não sentia nenhuma dor, toquei as costas e vi que a minha camisa havia desaparecido. Havia algo escuro e viscoso em minha mão. Minha bicicleta estava completamente retorcida", relatou.
Ele passou mais de três anos no hospital depois do ataque.
Taniguchi tinha marcas das queimaduras nas costas e ferimentos profundos no tórax.
Em 2015, durante a cerimônia pelo 70º aniversário do ataque, recordou o espantoso panorama após o bombardeio.
"Corpos carbonizados, pedidos de socorro dos prédios em ruínas, pessoas com as tripas para fora", descreveu.
"Uma multidão de seres humanos que morria tentando encontrar água", disse.
Na ocasião, criticou duramente a política do primeiro-ministro Shinzo Abe de tentar reforçar as prerrogativas do exército.
"As leis de defesa que o governo tenta aprovar poderiam colocar em risco nossos longos anos de esforços pela abolição da arma nuclear e romper as esperanças do hibakusha" (sobreviventes que receberam a radiação), declarou.
Sumiteru Taniguchi lutou para transmitir sua experiência até a morte.
"Mas temo que as pessoas, em particular as novas gerações, comecem a ficar desinteressadas", disse à AFP em 2003.
"Quero que as novas gerações lembrem que as armas nucleares nunca salvarão a humanidade. É uma ilusão acreditar que o guarda-chuva nuclear nos protegerá".
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