Número de rohingyas em Bangladesh chega a meio milhão
Cox's Bazar, Bangladesh, 28 Set 2017 (AFP) - O êxodo dos rohingyas de Mianmar ultrapassou, nesta quinta-feira (28), o número simbólico de 500 mil refugiados em Bangladesh desde o final de agosto, uma crise humanitária acompanhada de perto pela ONU.
Pela primeira vez desde o início da nova onda de violência, representantes das Nações Unidas visitariam hoje o estado birmanês de Rahhine (oeste), o mais afetado pela crise. No último minuto, o governo adiou essa visita, porém, evocando oficialmente o mau tempo na região.
O Conselho de Segurança da ONU vai-se reunir em Nova York esta tarde para discutir o conflito em Mianmar, que está causando um dos maiores deslocamentos populacionais desde o início do século XXI na Ásia.
Enquanto isso, Bangladesh testemunha uma nova tragédia migratória.
Uma embarcação com refugiados naufragou na quarta-feira à noite (28) perto do continente. As águas do Golfo da Bengala levaram 14 corpos, principalmente mulheres e crianças. O número de vítimas deve aumentar.
"Eles afundaram sob nossos olhos e, alguns minutos depois, as ondas trouxeram os corpos até a praia", relata Mohammad Sohel, um comerciante.
Sobrevivente do naufrágio, Nurus Salam estava aos prantos, depois de perder sua mulher e um filho.
"O barco atingiu algo quando se aproximava da praia e, então, ele virou", conta, em estado de choque, a um repórter da AFP.
- Guerra de informação -Minoria muçulmana do oeste de Mianmar, os rohingyas fogem de uma campanha de repressão conduzida pelo Exército birmanês após ataques de jovens rebeldes desse grupo, em 25 de agosto passado.
A ONU considera que o Exército birmanês e as milícias budistas conduzem uma limpeza étnica contra esta comunidade no estado de Rakhine.
O êxodo dos rohingyas para Bangladesh, uma nação pobre do sul da Ásia de maioria muçulmana, paralisou o país.
Nos gigantescos campos de refugiados ao longo da fronteira, as autoridades e as ONGs estão sobrecarregadas pela maré humana e se preocupam cada vez mais com os riscos para a saúde. As condições atuais são propícias para o aparecimento de surtos de cólera, disenteria, ou diarreia.
Em Rakhine, do lado birmanês, dezenas de aldeias foram reduzidas a cinzas, e milhares de rohingyas estariam deslocados, ou escondidos nas florestas, sobrevivendo com pouca comida e sem ajuda médica.
Alvo de críticas, Mianmar denuncia um viés pró-Rohingya da comunidade internacional e destaca os quase 30.000 budistas e hindus que também foram deslocados desde o final de agosto, em razão da crise.
Com grande dificuldade, a líder birmanesa, Aung San Suu Kyi, tenta preservar um equilíbrio frágil com um Exército muito poderoso. Em discurso na semana passada, a Prêmio Nobel da Paz garantiu estar aberta a um retorno dos refugiados, mas de acordo com critérios que permanecem ambíguos.
Maior população apátrida do mundo, os rohingyas são tratados como estrangeiros em Mianmar, um país mais de 90% budista. Vítimas de discriminação, não podem viajar, nem se casar sem autorização. E não têm acesso ao mercado de trabalho, ou a serviços públicos, como escolas e hospitais.
Os recém-chegados em Bangladesh se somam aos 300 mil refugiados rohingyas que já haviam buscado abrigo no país em outros episódios de violência e perseguição.
Reconhecendo suas limitações diante dessa crise humanitária, Daca relaxou suas restrições às ONGs e autorizou 13 organizações nacionais e internacionais a atuarem nos acampamentos por uma janela máxima de dois meses.
burs-amd/lpt/mr/tt
Pela primeira vez desde o início da nova onda de violência, representantes das Nações Unidas visitariam hoje o estado birmanês de Rahhine (oeste), o mais afetado pela crise. No último minuto, o governo adiou essa visita, porém, evocando oficialmente o mau tempo na região.
O Conselho de Segurança da ONU vai-se reunir em Nova York esta tarde para discutir o conflito em Mianmar, que está causando um dos maiores deslocamentos populacionais desde o início do século XXI na Ásia.
Enquanto isso, Bangladesh testemunha uma nova tragédia migratória.
Uma embarcação com refugiados naufragou na quarta-feira à noite (28) perto do continente. As águas do Golfo da Bengala levaram 14 corpos, principalmente mulheres e crianças. O número de vítimas deve aumentar.
"Eles afundaram sob nossos olhos e, alguns minutos depois, as ondas trouxeram os corpos até a praia", relata Mohammad Sohel, um comerciante.
Sobrevivente do naufrágio, Nurus Salam estava aos prantos, depois de perder sua mulher e um filho.
"O barco atingiu algo quando se aproximava da praia e, então, ele virou", conta, em estado de choque, a um repórter da AFP.
- Guerra de informação -Minoria muçulmana do oeste de Mianmar, os rohingyas fogem de uma campanha de repressão conduzida pelo Exército birmanês após ataques de jovens rebeldes desse grupo, em 25 de agosto passado.
A ONU considera que o Exército birmanês e as milícias budistas conduzem uma limpeza étnica contra esta comunidade no estado de Rakhine.
O êxodo dos rohingyas para Bangladesh, uma nação pobre do sul da Ásia de maioria muçulmana, paralisou o país.
Nos gigantescos campos de refugiados ao longo da fronteira, as autoridades e as ONGs estão sobrecarregadas pela maré humana e se preocupam cada vez mais com os riscos para a saúde. As condições atuais são propícias para o aparecimento de surtos de cólera, disenteria, ou diarreia.
Em Rakhine, do lado birmanês, dezenas de aldeias foram reduzidas a cinzas, e milhares de rohingyas estariam deslocados, ou escondidos nas florestas, sobrevivendo com pouca comida e sem ajuda médica.
Alvo de críticas, Mianmar denuncia um viés pró-Rohingya da comunidade internacional e destaca os quase 30.000 budistas e hindus que também foram deslocados desde o final de agosto, em razão da crise.
Com grande dificuldade, a líder birmanesa, Aung San Suu Kyi, tenta preservar um equilíbrio frágil com um Exército muito poderoso. Em discurso na semana passada, a Prêmio Nobel da Paz garantiu estar aberta a um retorno dos refugiados, mas de acordo com critérios que permanecem ambíguos.
Maior população apátrida do mundo, os rohingyas são tratados como estrangeiros em Mianmar, um país mais de 90% budista. Vítimas de discriminação, não podem viajar, nem se casar sem autorização. E não têm acesso ao mercado de trabalho, ou a serviços públicos, como escolas e hospitais.
Os recém-chegados em Bangladesh se somam aos 300 mil refugiados rohingyas que já haviam buscado abrigo no país em outros episódios de violência e perseguição.
Reconhecendo suas limitações diante dessa crise humanitária, Daca relaxou suas restrições às ONGs e autorizou 13 organizações nacionais e internacionais a atuarem nos acampamentos por uma janela máxima de dois meses.
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