Naufrágio e pesadelo humanitário para os rohingyas em Bangladesh
Cox's Bazar, Bangladesh, 29 Set 2017 (AFP) - Ao menos 60 rohingyas de Mianmar que tentavam se unir aos 500.000 refugiados no vizinho Bangladesh morreram ou desapareceram no mar, informou nesta sexta-feira a ONU, que denuncia um "pesadelo humanitário" em um dos maiores campos de refugiados do mundo.
"Minha mulher e meus dois filhos sobreviveram. Mas perdi minhas três filhas", afirmou, sem conter as lágrimas, Shona Miah, um rohingya de 32 anos que esperava salvar a família dos confrontos violentos iniciados há um mês entre o exército birmanês e os rebeldes muçulmanos rohingyas.
À medida que são encontrados, os corpos das vítimas são colocados no chão de uma escola perto da praia em Cox's Bazar.
"Há 23 mortes confirmadas [...] Quarenta pessoas estão desaparecidas e supostamente afogadas", declarou o porta-voz da Organização Internacional para Migrações (OIM), Joel Millman.
A embarcação partiu na quarta-feira à noite de uma localidade costeira do estado birmanês de Rakhine, epicentro dos confrontos entre o exército e os rebeldes muçulmanos rohingyas. De acordo com testemunhas, a embarcação naufragou perto da terra firme em consequência das chuvas torrenciais e dos ventos no golfo de Bengala.
O drama recorda que os rohingyas, uma minoria apátrida de um milhão de pessoas instalada em Mianmar, continuam fugindo para Bangladesh, apesar das promessas do governo birmanês sobre o fim da violência.
Mas até que aconteça o muito hipotético retorno, nos campos de refugiados de Bangladesh as autoridades e as ONGs não têm condições de administrara o fluxo.
A polícia bengalesa anunciou nesgta sexta-feira que impediu a passagem de mais de 20.000 rohingyas pela fronteira.
A Cruz Vermelha denunciou os riscos sanitários e de epidemias, com milhares de casos de diarreia aguda provocados pelas desastrosas condições de higiene.
- Vacinas contra o cólera -A organização informou que alguns campos contam com apenas um banheiro para centenas de pessoas, o que provoca o acúmulo de fezes.
Um lote de 900.000 doses de vacina contra o cólera está sendo transportado para os campos, onde as ONGs temem uma epidemia.
A Cruz Vermelha calcula em 3,6 milhões de litros por dia as necessidades de água para as 500.000 pessoas que estão nos campos .
Para complicar ainda mais o cenário, os refugiados procedem de uma das regiões mais pobres de Mianmar e chegam a Bangladesh em estado de grande fragilidade física: um em cada cinco sofrem desnutrição severa, indicou a agência para os refugiados da ONU.
O secretário-geral da ONU, Antonio Guterres, pediu na quinta-feira a Mianmar o fim das operações militares no oeste do país e denunciou um "pesadelo humanitário".
Mas, além das habituais condenações à violência e dos pedidos pelo fim dos combates, a China, com o apoio da Rússia, rejeita qualquer interferência nos assuntos internos birmaneses.
A China é o principal apoio de Mianmar, onde tem importantes interesses econômicos, sobretudo na região oeste.
E é justamente nesta região em que o exército birmanês executa uma campanha de repressão desde os ataques dos rebeldes rohingyas em 25 de agosto.
Os rohingyas, a maior população apátrida do mundo, são considerados estrangeiros em Mianmar, um país com mais de 90% da população budista.
A ONU considera que o exército birmanês e as milícias budistas estão cometendo uma limpeza étnica contra esta comunidade em Rakhine.
bur-dth/mdr/me/pc/fp
"Minha mulher e meus dois filhos sobreviveram. Mas perdi minhas três filhas", afirmou, sem conter as lágrimas, Shona Miah, um rohingya de 32 anos que esperava salvar a família dos confrontos violentos iniciados há um mês entre o exército birmanês e os rebeldes muçulmanos rohingyas.
À medida que são encontrados, os corpos das vítimas são colocados no chão de uma escola perto da praia em Cox's Bazar.
"Há 23 mortes confirmadas [...] Quarenta pessoas estão desaparecidas e supostamente afogadas", declarou o porta-voz da Organização Internacional para Migrações (OIM), Joel Millman.
A embarcação partiu na quarta-feira à noite de uma localidade costeira do estado birmanês de Rakhine, epicentro dos confrontos entre o exército e os rebeldes muçulmanos rohingyas. De acordo com testemunhas, a embarcação naufragou perto da terra firme em consequência das chuvas torrenciais e dos ventos no golfo de Bengala.
O drama recorda que os rohingyas, uma minoria apátrida de um milhão de pessoas instalada em Mianmar, continuam fugindo para Bangladesh, apesar das promessas do governo birmanês sobre o fim da violência.
Mas até que aconteça o muito hipotético retorno, nos campos de refugiados de Bangladesh as autoridades e as ONGs não têm condições de administrara o fluxo.
A polícia bengalesa anunciou nesgta sexta-feira que impediu a passagem de mais de 20.000 rohingyas pela fronteira.
A Cruz Vermelha denunciou os riscos sanitários e de epidemias, com milhares de casos de diarreia aguda provocados pelas desastrosas condições de higiene.
- Vacinas contra o cólera -A organização informou que alguns campos contam com apenas um banheiro para centenas de pessoas, o que provoca o acúmulo de fezes.
Um lote de 900.000 doses de vacina contra o cólera está sendo transportado para os campos, onde as ONGs temem uma epidemia.
A Cruz Vermelha calcula em 3,6 milhões de litros por dia as necessidades de água para as 500.000 pessoas que estão nos campos .
Para complicar ainda mais o cenário, os refugiados procedem de uma das regiões mais pobres de Mianmar e chegam a Bangladesh em estado de grande fragilidade física: um em cada cinco sofrem desnutrição severa, indicou a agência para os refugiados da ONU.
O secretário-geral da ONU, Antonio Guterres, pediu na quinta-feira a Mianmar o fim das operações militares no oeste do país e denunciou um "pesadelo humanitário".
Mas, além das habituais condenações à violência e dos pedidos pelo fim dos combates, a China, com o apoio da Rússia, rejeita qualquer interferência nos assuntos internos birmaneses.
A China é o principal apoio de Mianmar, onde tem importantes interesses econômicos, sobretudo na região oeste.
E é justamente nesta região em que o exército birmanês executa uma campanha de repressão desde os ataques dos rebeldes rohingyas em 25 de agosto.
Os rohingyas, a maior população apátrida do mundo, são considerados estrangeiros em Mianmar, um país com mais de 90% da população budista.
A ONU considera que o exército birmanês e as milícias budistas estão cometendo uma limpeza étnica contra esta comunidade em Rakhine.
bur-dth/mdr/me/pc/fp
ID: {{comments.info.id}}
URL: {{comments.info.url}}
Ocorreu um erro ao carregar os comentários.
Por favor, tente novamente mais tarde.
{{comments.total}} Comentário
{{comments.total}} Comentários
Seja o primeiro a comentar
Essa discussão está encerrada
Não é possivel enviar novos comentários.
Essa área é exclusiva para você, assinante, ler e comentar.
Só assinantes do UOL podem comentar
Ainda não é assinante? Assine já.
Se você já é assinante do UOL, faça seu login.
O autor da mensagem, e não o UOL, é o responsável pelo comentário. Reserve um tempo para ler as Regras de Uso para comentários.