'Não vamos renunciar aos nossos direitos', diz Puigdemont à AFP
Girona, Espanha, 30 Set 2017 (AFP) - O presidente catalão, o separatista Carles Puigdemont, garantiu neste sábado (30) à AFP que ele e seus simpatizantes não vão abrir mão de seus direitos e vão participar, neste domingo, do referendo sobre a independência da região, apesar da oposição do governo espanhol.
"O que não vai acontecer é nós irmos para casa e renunciarmos aos nossos direitos (...) O governo fez tudo que pôde para que possa acontecer em total normalidade", afirmou Puigdemont, a 24 horas do referendo de autodeterminação proibido pela Justiça, pedindo aos catalães que evitem qualquer ato de violência.
Ele também pediu uma mediação para solucionar o conflito que opõe a região separatista e Madri.
"Devemos expressar uma vontade clara de que haja uma mediação em qualquer um dos cenários", declarou Puigdemont na cidade de Girona, de onde foi prefeito entre 2011 e 2016, quando chegou à presidência da região.
"Qualquer que seja o cenário, quer vença o 'sim', ou o 'não', deve haver uma mediação, porque as coisas não estão funcionando, sejamos sinceros", disse à AFP.
Desde 2012, os dirigentes catalães pedem um referendo sobre a independência desta região. Os cidadãos estão divididos sobre a separação, mas apoiam amplamente uma votação acordada com Madri.
O governo central de Mariano Rajoy se recusa a negociar o tema, argumentando que a Constituição do país não permite esta votação, suspensa pelo Tribunal Constitucional.
"Muita gente pensava 'gostaria de ter argumentos um pouco mais convincentes do que o cumprimento estrito da lei e a força da polícia para continuar fazendo parte da Espanha. Que me dissessem: (...) precisamos de vocês, queremos vocês'", lamentou o dirigente da região de 7,5 milhões de habitantes, com 19% do PIB nacional.
- Desconvocação -Em uma entrevista de 45 minutos à AFP, na véspera do maior desafio do nacionalismo catalão ao Estado espanhol nas últimas décadas, Puigdemont reconheceu sentir o peso de "uma grande responsabilidade ante este momento". "É um momento sério".
"É preciso falar, é preciso sentar e dialogar sem condições", insistiu.
"Todo mundo pede. É um desejo da maioria da sociedade catalã, que quer votar, que quer decidir e quer fazê-lo de forma bem dialogada e acordada".
A menos de 24 horas do referendo - que foi a gota d'água na relação já conturbada entre seu Executivo e o central de Mariano Rajoy -, Puigdemont se mostrou aberto a desconvocar o pleito, se o governo aceitar negociar uma votação acordada.
"Se o Estado espanhol disse hoje que vamos acordar um referendo (...), vamos parar isto", garantiu Puigdemont.
Ele reforçou, porém, que o governo catalão fará todos os esforços para que o pleito aconteça.
- Mensagem a Bruxelas -Se os partidários do sim superarem os do não, como é esperado diante do boicote ao referendo promovido por grupos contrários à separação, o presidente regional mantém seu plano de declarar independência, apesar de ela não ser automática.
"Todos sabemos que há um período de transição, que não existe um botão que automatiza as independências", explicou.
"Não pedimos a declaração de independência na lei como um mecanismo que tem efeitos imediatos e que na manhã seguinte já está tudo resolvido. Não é apenas ingênua, mas inadmissível, essa ideia", afirmou.
Neste cenário, serão novamente necessários o diálogo e a mediação. Apesar de Puigdemont não ter-se dirigido a qualquer instituição em particular, ele garantiu que seria lógica "uma atitude ativa de acompanhamento e de interesse por parte da União Europeia", criticada pelo catalão.
"Entendo que tenha compromissos com o Estado espanhol, porque sempre foi assim (...) Mas pare de olhar para o outro lado", lamentou.
"Não é eficiente, nem razoável, nem sensato, que o presidente da Comissão Europeia (Jean-Claude Juncker) não tenha encontrado tempo em sua agenda para perguntar o que está acontecendo nesta parte - acredito que importante - da União Europeia", criticou.
bur-dbh/mck/age/tt/ll/tt/mvv
"O que não vai acontecer é nós irmos para casa e renunciarmos aos nossos direitos (...) O governo fez tudo que pôde para que possa acontecer em total normalidade", afirmou Puigdemont, a 24 horas do referendo de autodeterminação proibido pela Justiça, pedindo aos catalães que evitem qualquer ato de violência.
Ele também pediu uma mediação para solucionar o conflito que opõe a região separatista e Madri.
"Devemos expressar uma vontade clara de que haja uma mediação em qualquer um dos cenários", declarou Puigdemont na cidade de Girona, de onde foi prefeito entre 2011 e 2016, quando chegou à presidência da região.
"Qualquer que seja o cenário, quer vença o 'sim', ou o 'não', deve haver uma mediação, porque as coisas não estão funcionando, sejamos sinceros", disse à AFP.
Desde 2012, os dirigentes catalães pedem um referendo sobre a independência desta região. Os cidadãos estão divididos sobre a separação, mas apoiam amplamente uma votação acordada com Madri.
O governo central de Mariano Rajoy se recusa a negociar o tema, argumentando que a Constituição do país não permite esta votação, suspensa pelo Tribunal Constitucional.
"Muita gente pensava 'gostaria de ter argumentos um pouco mais convincentes do que o cumprimento estrito da lei e a força da polícia para continuar fazendo parte da Espanha. Que me dissessem: (...) precisamos de vocês, queremos vocês'", lamentou o dirigente da região de 7,5 milhões de habitantes, com 19% do PIB nacional.
- Desconvocação -Em uma entrevista de 45 minutos à AFP, na véspera do maior desafio do nacionalismo catalão ao Estado espanhol nas últimas décadas, Puigdemont reconheceu sentir o peso de "uma grande responsabilidade ante este momento". "É um momento sério".
"É preciso falar, é preciso sentar e dialogar sem condições", insistiu.
"Todo mundo pede. É um desejo da maioria da sociedade catalã, que quer votar, que quer decidir e quer fazê-lo de forma bem dialogada e acordada".
A menos de 24 horas do referendo - que foi a gota d'água na relação já conturbada entre seu Executivo e o central de Mariano Rajoy -, Puigdemont se mostrou aberto a desconvocar o pleito, se o governo aceitar negociar uma votação acordada.
"Se o Estado espanhol disse hoje que vamos acordar um referendo (...), vamos parar isto", garantiu Puigdemont.
Ele reforçou, porém, que o governo catalão fará todos os esforços para que o pleito aconteça.
- Mensagem a Bruxelas -Se os partidários do sim superarem os do não, como é esperado diante do boicote ao referendo promovido por grupos contrários à separação, o presidente regional mantém seu plano de declarar independência, apesar de ela não ser automática.
"Todos sabemos que há um período de transição, que não existe um botão que automatiza as independências", explicou.
"Não pedimos a declaração de independência na lei como um mecanismo que tem efeitos imediatos e que na manhã seguinte já está tudo resolvido. Não é apenas ingênua, mas inadmissível, essa ideia", afirmou.
Neste cenário, serão novamente necessários o diálogo e a mediação. Apesar de Puigdemont não ter-se dirigido a qualquer instituição em particular, ele garantiu que seria lógica "uma atitude ativa de acompanhamento e de interesse por parte da União Europeia", criticada pelo catalão.
"Entendo que tenha compromissos com o Estado espanhol, porque sempre foi assim (...) Mas pare de olhar para o outro lado", lamentou.
"Não é eficiente, nem razoável, nem sensato, que o presidente da Comissão Europeia (Jean-Claude Juncker) não tenha encontrado tempo em sua agenda para perguntar o que está acontecendo nesta parte - acredito que importante - da União Europeia", criticou.
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