Sobrevivente de Hiroshima aceitará o Nobel da Paz por grupo antinuclear
Ottawa, 28 Out 2017 (AFP) - Setsuko Thurlow tinha 13 anos quando os Estados Unidos lançaram uma bomba atômica na cidade japonesa de Hiroshima em 1945. Ela estava a menos de 2 km do epicentro.
Mais de 60 anos depois daquele dia terrível, Thurlow aceitará de maneira conjunta o Prêmio Nobel da Paz representando os premiados desse ano, a Campanha Internacional para Abolir as Armas Nucleares (ICAN, sigla em inglês), uma coalizão de centenas de ONGs.
"Recordo de uma luz branca e azul. Meu corpo foi lançado para o ar e lembro de uma sensação de estar flutuando", contou, em entrevista à AFP, ao descrever o dia do bombardeio.
Thurlow se viu em seguida mobilizada sob um edifício desabado, com dezenas de pessoas. Um desconhecido a tirou dos escombros.
"A cidade que vi era quase indescritível", acrescentou.
Apesar de ser 08H15 da manhã em Hiroshima e o sol brilhava há horas, a escuridão tomou conta das ruínas.
"Era como se a manhã tivesse se transformado em noite. O pó e as partículas de nuvem impediam que os raios de sol penetrassem", disse ainda.
O silêncio era aterrador. "Ninguém gritava, ninguém corrida. Os sobreviventes não tinham força física ou psicológica. Tudo que faziam era sussurrar implorando por água".
Ao olhar ao redor, Thurlow viu milhares de pessoas gravemente queimadas e inchadas. "Já não pareciam humanas. Essa imagem ficou marcada na minha retina", lamentou.
Calcula-se que 140.000 pessoas morreram no bombardeio atômico de 6 de agosto de 1945. Outras 80.000 morreriam no bombardeio contra Nagasaki três dias depois. O Japão assinou no início de setembro sua rendição.
- "Recordações dolorosas" -Agora que tem 85 anos e vive no Canadá, Thurlow conta sua história para as crianças e diplomatas para conscientizar sobre os horrores do holocausto nuclear e com a esperança de deter a proliferação de armas nucleares.
Desde seu lançamento em 2007, foi uma figura central e teve um papel-chave nas negociações nas Nações Unidas que levaram a um acordo para proibir armas nucleares em julho, segundo grupo premiado em um comunicado.
"É muito difícil para muitas pessoas entenderem, mas é extremamente importante que usemos nossa habilidad para imaginar (estes horrores) e juntos evitar que isso volte a acontecer", destacou.
Thurlow lamentou a proliferação de armas nucleares (quase 15.000) desde a Segunda Guerra Mundial, apesar de os arsenais estarem em um nível bailxo desde que alcançaram um ápice nos anos 80.
"O mundo está muito mais perigoso agora", acrescentou.
Thurlow condenou as ameaças de guerra e a troca de insultos entre o presidente americano Donald Trump e o líder norte-coreano Kim Jong-Un, que elevaram os alarmes globais.
E também repreendeu o primeiro-ministro canadense, Justin Trudeau, por não ter assinado o Tratado sobre a Proibição das Armas Nucleares em julho.
A chancelaria canadense respondeu dizendo que "o avanço no desarmamento nuclear e a não proliferação deve envolver os Estados com armas nucleares, o que Ottawa não possui.
Para Thurlow, a situação na península coreana é muito aterradora, inclusive para uma pessoa como ela, que experimentou o primeiro bombardeio atômico.
"Estou muito preocupada", assegurou.
E pediu às pessoas de todo mundo que se envolvam nos esforços para evitar a proliferação nuclear.
"Todos nós temos nosso papel".
"Nenhum outro ser humano deveria experimentar a violência das armas nucleares. Nunca mais", concluiu.
Mais de 60 anos depois daquele dia terrível, Thurlow aceitará de maneira conjunta o Prêmio Nobel da Paz representando os premiados desse ano, a Campanha Internacional para Abolir as Armas Nucleares (ICAN, sigla em inglês), uma coalizão de centenas de ONGs.
"Recordo de uma luz branca e azul. Meu corpo foi lançado para o ar e lembro de uma sensação de estar flutuando", contou, em entrevista à AFP, ao descrever o dia do bombardeio.
Thurlow se viu em seguida mobilizada sob um edifício desabado, com dezenas de pessoas. Um desconhecido a tirou dos escombros.
"A cidade que vi era quase indescritível", acrescentou.
Apesar de ser 08H15 da manhã em Hiroshima e o sol brilhava há horas, a escuridão tomou conta das ruínas.
"Era como se a manhã tivesse se transformado em noite. O pó e as partículas de nuvem impediam que os raios de sol penetrassem", disse ainda.
O silêncio era aterrador. "Ninguém gritava, ninguém corrida. Os sobreviventes não tinham força física ou psicológica. Tudo que faziam era sussurrar implorando por água".
Ao olhar ao redor, Thurlow viu milhares de pessoas gravemente queimadas e inchadas. "Já não pareciam humanas. Essa imagem ficou marcada na minha retina", lamentou.
Calcula-se que 140.000 pessoas morreram no bombardeio atômico de 6 de agosto de 1945. Outras 80.000 morreriam no bombardeio contra Nagasaki três dias depois. O Japão assinou no início de setembro sua rendição.
- "Recordações dolorosas" -Agora que tem 85 anos e vive no Canadá, Thurlow conta sua história para as crianças e diplomatas para conscientizar sobre os horrores do holocausto nuclear e com a esperança de deter a proliferação de armas nucleares.
Desde seu lançamento em 2007, foi uma figura central e teve um papel-chave nas negociações nas Nações Unidas que levaram a um acordo para proibir armas nucleares em julho, segundo grupo premiado em um comunicado.
"É muito difícil para muitas pessoas entenderem, mas é extremamente importante que usemos nossa habilidad para imaginar (estes horrores) e juntos evitar que isso volte a acontecer", destacou.
Thurlow lamentou a proliferação de armas nucleares (quase 15.000) desde a Segunda Guerra Mundial, apesar de os arsenais estarem em um nível bailxo desde que alcançaram um ápice nos anos 80.
"O mundo está muito mais perigoso agora", acrescentou.
Thurlow condenou as ameaças de guerra e a troca de insultos entre o presidente americano Donald Trump e o líder norte-coreano Kim Jong-Un, que elevaram os alarmes globais.
E também repreendeu o primeiro-ministro canadense, Justin Trudeau, por não ter assinado o Tratado sobre a Proibição das Armas Nucleares em julho.
A chancelaria canadense respondeu dizendo que "o avanço no desarmamento nuclear e a não proliferação deve envolver os Estados com armas nucleares, o que Ottawa não possui.
Para Thurlow, a situação na península coreana é muito aterradora, inclusive para uma pessoa como ela, que experimentou o primeiro bombardeio atômico.
"Estou muito preocupada", assegurou.
E pediu às pessoas de todo mundo que se envolvam nos esforços para evitar a proliferação nuclear.
"Todos nós temos nosso papel".
"Nenhum outro ser humano deveria experimentar a violência das armas nucleares. Nunca mais", concluiu.
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