Opositor não reconhece resultados das eleições de Honduras
Tegucigalpa, 30 Nov 2017 (AFP) - O candidato opositor em Honduras, Salvador Nasralla, afirmou que não reconhece os resultados do "fraudulento tribunal eleitoral", que continua contando os votos da eleição de domingo e acusou o órgão de manipular resultados para favorecer a reeleição do presidente Juan Orlando Hernández.
Os resultados divulgados no site do Tribunal Supremo Eleitoral (TSE) apontam uma pequena vantagem ao presidente Juan Orlando Hernández pela primeira vez desde a primeira divulgação da contagem dos votos, na madrugada de segunda-feira.
Com 82,89% das urnas apuradas, o presidente Hernández tinha 42,21% dos votos e Nasralla 42,11%, segundo o TSE.
"Já ganhamos, já ganhamos", gritavam eufóricos os simpatizantes do presidente, que assumiu a vantagem pela primeira vez desde o início da apuração. Na madrugada de segunda-feira, Nasralla chegou a registrar vantagem de cinco pontos.
"O tribunal manipula descaradamente as maletas (que contêm as atas) eleitorais, por isso não reconhecemos o sistema do fraudulento tribunal eleitoral", alertou Nasralla em entrevista coletiva, cercado por simpatizantes.
"Não reconhecemos os resultados porque hoje (quarta-feira) caiu o servidor (do TSE) e começaram a entrar coisas que não podemos permitir, atas que não estão assinadas e vocês podem verificar, são atas violentadas, não têm assinaturas dos representantes nas mesas", garantiu Nasralla, um popular apresentador de televisão de 64 anos.
- Não tem validade -Mais cedo, a Organização de Estados Americanos (OEA) obteve um compromisso dos dois candidatos nas eleições para aceitar o resultado divulgado pelo tribunal eleitoral. O acordo de três pontos foi negociado pelo chefe da missão de observadores da OEA, o ex-presidente boliviano Jorge Quiroga.
Nastalla disse que o acordo assinado por ele e Hernández com a OEA "não tem validade porque não vou aceitar que introduzam atas adulteradas" na votação.
Os Estados Unidos pediram que os candidatos respeitem os resultados.
"Instamos a todos os candidatos que respeitem os resultados assim que sejam anunciados" oficialmente, disse à imprensa a porta-voz do Departamento de Estado, Heather Nauert.
Washington também solicitou que o TSE termine sua contagem "sem demoras indevidas".
"É crucial que a autoridade eleitoral hondurenha possa proceder de maneira transparente e livre, sem interferências", disse Nauert. "Os Estados Unidos pedem calma e paciência", acrescentou.
O ex-presidente, Manuel Zelaya, derrubado em 2009 e atualmente maior figura de esquerda de Honduras, acusou o governo de manipular as atas para mudar os resultados em favor da reeleição.
Zelaya, que é coordenador da Aliança de Oposição contra a Ditadura, declarou à AFP que o TSE alegou "inconsistências" para submeter 1.000 atas eleitoraos a uma revisão, em que foram "manipuladas" para alterar os dados a favor de Hernández.
"A tendência era irreversível" em favor de Nasralla, "mas a fizeram mudar", acusou o ex-presidente.
Na tarde de terça-feira, o TSE começou a atualizar o seu site com o avanço dos resultados, reclamados pelos observadores locais e internacionais.
O representante da aliança de Nasralla na contagem de votos, Rasel Tomé, reclamou que a paralisação da apuração nesta quarta sugere uma tentativa de alterar o resultado do pleito.
A lenta apuração gera incerteza entre os hondurenhos: muitos se perguntavam o motivo de, três dias depois das eleições, continuarem sem saber quem governará o país nos próximos quatro anos.
"O povo está preocupado porque não deram um ganhador, qualquer que seja, porque ninguém vai consertar o país", lamentou José Rosendo Rosales no parque Las Mercés, em frente à sede do Congresso.
"Em outras eleições até esta data já sabíamos quem era o vencedor, e desta vez não. Estão tramando algo?", questionou.
Indignado com a diminuição da sua vantagem, Nasralla voltou a falar das suspeitas de que os resultados das eleições estão sendo alterados para favorecer o atual presidente.
"Convido o povo hondurenho para defendermos nas ruas o que ganhamos nas urnas", tuitou Nasralla, ao convocar uma manifestação nesta quarta-feira na capital.
Seu principal suporte político, o ex-presidente Manuel Zelaya, derrubado em 2009, fez eco de seu chamado e escreveu na rede social: "os que perderam estão modificando as cédulas, vão declarar JOH (Juan Orlando Hernández) vencedor e roubar a vitória".
- Credibilidade -Entretanto, o presidente de Honduras falou na terça-feira em sua casa, rodeado de simpatizantes, para terem paciência com os resultados do TSE, embora tenha insistido que o resultado final o favoreceria.
"Como democratas devemos esperar o resultado oficial da contagem de cada cédula pelo tribunal eleitoral (...). É importante que todo mundo tenha paciência", declarou o presidente.
Hernández se candidatou para um segundo mandato amparado em uma polêmica sentença do tribunal constitucional, apesar da Carta Magna hondurenha proibir a reeleição.
Sobre o tema, a socióloga Mirna Flores, da Universidade Nacional, advertiu que o processo eleitoral gerou um descrédito para as instituições que permitiram a candidatura de Hernández.
"Neste país os cidadãos estão deixando de acreditar nas instituições: uma Corte Suprema de Justiça aprova a reeleição, um Tribunal Supremo Eleitoral aceita a inscrição de um presidente quando é ilegal e agora esta instituição não tem legitimidade ante muitos cidadãos porque acreditam que estão tramando uma fraude eleitoral", disse Sosa à AFP.
Igualmente, o ativista Jorge Yllecas, da Frente Patriótica para a Defesa da Constituição, apontou a perda de credibilidade do TSE, que parece responder ao presidente Hernández.
"Hoje temos um Tribunal Eleitoral sem credibilidade, responsável por esta crise por agir como um subalterno do presidente; deveria sair a desautorizar o presidente quando se declarou vencedor e depois quando Nasralla o fez. Criou uma crise, um confronto que pode ter consequências fatais", advertiu em declarações à AFP.
mas-nl/yow/cb/mvv/cc
Os resultados divulgados no site do Tribunal Supremo Eleitoral (TSE) apontam uma pequena vantagem ao presidente Juan Orlando Hernández pela primeira vez desde a primeira divulgação da contagem dos votos, na madrugada de segunda-feira.
Com 82,89% das urnas apuradas, o presidente Hernández tinha 42,21% dos votos e Nasralla 42,11%, segundo o TSE.
"Já ganhamos, já ganhamos", gritavam eufóricos os simpatizantes do presidente, que assumiu a vantagem pela primeira vez desde o início da apuração. Na madrugada de segunda-feira, Nasralla chegou a registrar vantagem de cinco pontos.
"O tribunal manipula descaradamente as maletas (que contêm as atas) eleitorais, por isso não reconhecemos o sistema do fraudulento tribunal eleitoral", alertou Nasralla em entrevista coletiva, cercado por simpatizantes.
"Não reconhecemos os resultados porque hoje (quarta-feira) caiu o servidor (do TSE) e começaram a entrar coisas que não podemos permitir, atas que não estão assinadas e vocês podem verificar, são atas violentadas, não têm assinaturas dos representantes nas mesas", garantiu Nasralla, um popular apresentador de televisão de 64 anos.
- Não tem validade -Mais cedo, a Organização de Estados Americanos (OEA) obteve um compromisso dos dois candidatos nas eleições para aceitar o resultado divulgado pelo tribunal eleitoral. O acordo de três pontos foi negociado pelo chefe da missão de observadores da OEA, o ex-presidente boliviano Jorge Quiroga.
Nastalla disse que o acordo assinado por ele e Hernández com a OEA "não tem validade porque não vou aceitar que introduzam atas adulteradas" na votação.
Os Estados Unidos pediram que os candidatos respeitem os resultados.
"Instamos a todos os candidatos que respeitem os resultados assim que sejam anunciados" oficialmente, disse à imprensa a porta-voz do Departamento de Estado, Heather Nauert.
Washington também solicitou que o TSE termine sua contagem "sem demoras indevidas".
"É crucial que a autoridade eleitoral hondurenha possa proceder de maneira transparente e livre, sem interferências", disse Nauert. "Os Estados Unidos pedem calma e paciência", acrescentou.
O ex-presidente, Manuel Zelaya, derrubado em 2009 e atualmente maior figura de esquerda de Honduras, acusou o governo de manipular as atas para mudar os resultados em favor da reeleição.
Zelaya, que é coordenador da Aliança de Oposição contra a Ditadura, declarou à AFP que o TSE alegou "inconsistências" para submeter 1.000 atas eleitoraos a uma revisão, em que foram "manipuladas" para alterar os dados a favor de Hernández.
"A tendência era irreversível" em favor de Nasralla, "mas a fizeram mudar", acusou o ex-presidente.
Na tarde de terça-feira, o TSE começou a atualizar o seu site com o avanço dos resultados, reclamados pelos observadores locais e internacionais.
O representante da aliança de Nasralla na contagem de votos, Rasel Tomé, reclamou que a paralisação da apuração nesta quarta sugere uma tentativa de alterar o resultado do pleito.
A lenta apuração gera incerteza entre os hondurenhos: muitos se perguntavam o motivo de, três dias depois das eleições, continuarem sem saber quem governará o país nos próximos quatro anos.
"O povo está preocupado porque não deram um ganhador, qualquer que seja, porque ninguém vai consertar o país", lamentou José Rosendo Rosales no parque Las Mercés, em frente à sede do Congresso.
"Em outras eleições até esta data já sabíamos quem era o vencedor, e desta vez não. Estão tramando algo?", questionou.
Indignado com a diminuição da sua vantagem, Nasralla voltou a falar das suspeitas de que os resultados das eleições estão sendo alterados para favorecer o atual presidente.
"Convido o povo hondurenho para defendermos nas ruas o que ganhamos nas urnas", tuitou Nasralla, ao convocar uma manifestação nesta quarta-feira na capital.
Seu principal suporte político, o ex-presidente Manuel Zelaya, derrubado em 2009, fez eco de seu chamado e escreveu na rede social: "os que perderam estão modificando as cédulas, vão declarar JOH (Juan Orlando Hernández) vencedor e roubar a vitória".
- Credibilidade -Entretanto, o presidente de Honduras falou na terça-feira em sua casa, rodeado de simpatizantes, para terem paciência com os resultados do TSE, embora tenha insistido que o resultado final o favoreceria.
"Como democratas devemos esperar o resultado oficial da contagem de cada cédula pelo tribunal eleitoral (...). É importante que todo mundo tenha paciência", declarou o presidente.
Hernández se candidatou para um segundo mandato amparado em uma polêmica sentença do tribunal constitucional, apesar da Carta Magna hondurenha proibir a reeleição.
Sobre o tema, a socióloga Mirna Flores, da Universidade Nacional, advertiu que o processo eleitoral gerou um descrédito para as instituições que permitiram a candidatura de Hernández.
"Neste país os cidadãos estão deixando de acreditar nas instituições: uma Corte Suprema de Justiça aprova a reeleição, um Tribunal Supremo Eleitoral aceita a inscrição de um presidente quando é ilegal e agora esta instituição não tem legitimidade ante muitos cidadãos porque acreditam que estão tramando uma fraude eleitoral", disse Sosa à AFP.
Igualmente, o ativista Jorge Yllecas, da Frente Patriótica para a Defesa da Constituição, apontou a perda de credibilidade do TSE, que parece responder ao presidente Hernández.
"Hoje temos um Tribunal Eleitoral sem credibilidade, responsável por esta crise por agir como um subalterno do presidente; deveria sair a desautorizar o presidente quando se declarou vencedor e depois quando Nasralla o fez. Criou uma crise, um confronto que pode ter consequências fatais", advertiu em declarações à AFP.
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