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Justiça argentina fecha cerco contra acusado da morte de Nisman

26/12/2017 20h47

Buenos Aires, 26 dez 2017 (AFP) - A justiça argentina apontou como partícipe necessário no crime do procurador Alberto Nisman um colaborador do procurador que investigava o atentado contra a associação judaica AMIA, em 1994, em Buenos Aires, informou nesta terça-feira (26) em um centro de informação da Corte Suprema.

Nisman foi encontrado morto com um tiro na cabeça em seu apartamento da capital argentina em 18 de janeiro de 2015.

Sua morte acontece dias depois de ter acusado a ex-presidente Cristina Kirchner (2007-2015) e outros ex-funcionários de seu governo de encobrir iranianos pelo atentado que matou 85 pessoas e feriu outras 300.

A Justiça provou que a bala saiu de uma arma registrada no nome do técnico de informática Diego Lagomarsino, um colaborador próximo de Nisman.

Lagomarsino sempre admitiu que a arma era sua, mas disse que Nisman a havia pedido emprestada no dia anterior ao de sua morte.

"Era esperado, imaginávamos que isso iria acontecer, agora recorreremos", disse à imprensa Lagomarsino.

A decisão, de 600 páginas, complica ainda mais a situação judicial de Lagomarsino, que já havia sido processado por entregar a um terceiro uma arma registrada em seu nome.

Em novembro um procurador já havia pedido que Lagomarsino testemunhasse como suspeito.

O juiz Julián Ercolini resolveu denunciá-lo como partícipe necessário no delito de homicídio simples agravado.

Também ordenou seu embargo e denunciou os quatro seguranças que tinham a missão de proteger Nisman nessa noite. Eles são acusados de descumprimento dos deveres e acobertamento.

O juiz já havia decidido que Lagomarsino deveria usar uma tornozeleira eletrônica e o proibiu de sair do país, mas não decretou sua prisão.

A polícia confirmou que tanto o telefone como o computador pessoal de Nisman haviam sumido do local onde ele foi encontrado morto.

Nenhuma impressão digital foi encontrada no local, o que dificulta o esclarecimento deste caso que durante muito tempo foi considerado suicídio.

A reviravolta aconteceu após uma perícia realizada pela Polícia Militar argentina e assinado por 28 especialistas, entregue em 23 de setembro.

Essa perícia concluiu que Nisman foi assassinado, em contraposição a uma anterior do Instituto Médico Legal da Corte Suprema, que havia excluído a presença de outras pessoas na cena do crime.

No dia seguinte ao de sua morte, Nisman explicaria no Congresso sua denúncia contra Cristina Kirchner, o ex-chanceler Héctor Timerman e outros funcionários, que acusou de tentar encobrir altos funcionários iranianos acusados pelo atentado à AMIA.

A denúncia de Nisman havia sido negada em várias instâncias judiciais por "ausência de delito" até que foi reativada em fevereiro.

Cristina Kirchner foi interrogada semanas atrás e qualificou a acusação de "disparate jurídico".