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Governo venezuelano e oposição retomam diálogo sob tensão por eleições

30/01/2018 20h55

Santo Domingo, 30 Jan 2018 (AFP) - A oposição venezuelana retomou nesta terça-feira (30), em Santo Domingo, negociações com o governo, em busca de garantias para as eleições antecipadas pelo governo para antes de 30 de abril, nas quais o presidente Nicolás Maduro irá tentar a reeleição.

Os delegados do governo e da Mesa da Unidade Democrática (MUD), que na segunda-feira tiveram um novo dia das discussões, tentarão chegar a um acordo nesta terça-feira em um sobressaltado processo de diálogo que começou em 1º de dezembro na República Dominicana.

O presidente venezuelano assegurou durante um conselho de ministros no Palácio de Miraflores, em Caracas, que os Estados Unidos pressionam os negociadores da oposição para que não assinem um acordo.

"Tenho provas concretas de como o Departamento de Estado está pressionando a toda a oposição para que não assine o acordo negociado (...), para sabotar o processo eleitoral da Venezuela", disse Maduro, reiterando que seu governo "está pronto" para assinar.

Antes, de Santo Domingo, seu principal delegado, Jorge Rodríguez, assegurou que as partes tinham "aproximado posições".

"Estamos trabalhando com todos os temas e em todos os temas aproximamos posições. Hoje debe sair algo bom", declarou o chefe negociador do governo, Jorge Rodríguez, ao chegar nesta manhã a chancelaria dominicana, onde as partes se reuniram por cerca de uma hora e voltarão a se encontrar.

Rodríguez, ministro de Comunicação, disse que estão estão sendo negociadas as "garantias eleitorais" e as sanções econômicas imposta pelos Estados Unidos à Venezuela em agosto do ano passado.

Outros temas sensíveis são o reconhecimento da Assembleia Nacional Constituinte e a suspensão ao desacato do Parlamento de maioria opositora, declarado pela justiça. Também se discutem saídas para a crise socioeconômica do país.

- Garantias mínimas -A antecipação das eleições, cuja data exata será fixada pelo poder eleitoral, acusado pela oposição de aplicar sistemas "fraudulentos" para garantir a permanência de Maduro no poder, tirou a MUD, rachada e com crise de credibilidade.

Encurralada, a coalizão anunciou que comparece para "exigir as garantias que permitam eleições justas" e também para "protestar pelas últimas decisões do governo e pelo avanço de sua visão totalitária".

O deputado Enrique Márquez, um dos negociadores da MUD, assegurou que entre as garantias eleitorais está a demanda de "observação internacional".

A oposição precisa correr contra o tempo. Enquanto Maduro, cuja candidatura será oficializada no domingo pelo Partido Socialista Unido da Venezuela (PUSV), já está em plena campanha, a oposição ainda não decidiu se irá para as primárias ou se buscará rapidamente por consenso um candidato único.

A Constituinte ordenou que os maiores partidos da MUD se reinscrevam no poder eleitoral para poder disputar as eleições presidenciais, por não terem participado das eleições municipais de dezembro alegando que as eleições de governadores em outubro foram fraudulentas.

O Vontade Popular decidiu não participar na renovação. O Ação Democrática conseguiu neste final de semana as assinaturas necessárias, e o Primeiro Justiça voltará a tentar os próximos sábado e domingo.

A opositora Mesa da Unidade Democrática (MUD), liderada pelo deputado Julio Borges, comparece ao encontro com uma baixa sensível, Luis Florido, um de seus negociadores principais, que se ausentou em rejeição à recente decisão da Assembleia Constituinte de adiantar as eleições.

O encontro em Santo Domingo conta com presença dos chanceleres de Nicarágua e Bolívia, do embaixador do Chile, e do ex-chefe de governo espanhol José Luis Rodríguez Zapatero, que servem de facilitadores.

Os chanceleres de Chile e México foram convidados pela MUD, mas o mexicano abandonou a negociação depois de criticar a antecipação das eleições.

"Não observamos seriedade na negociação", disse nesta terça-feira o chanceler mexicano, Luis Videgaray.

- Bônus de carnaval -O presidente venezuelano, Nicolás Maduro, anunciou nesta terça-feira que dará um bônus a oito milhões de pessoas para festas de carnaval, como parte dos subsídios em meio à sua campanha pela reeleição.

"Na semana que vem vou entregar um bônus de carnaval a oito milhões de compatriotas para estas festividades e que ninguém possa amargar seu carnaval", disse Maduro durante um conselho de ministros transmitido na rede de rádio e televisão.

O subsídio para a festa será entregue em 12 e 13 de fevereiro na quantia de 700.000 bolívares.

bur-mis/avs/val/cc