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Ex-assessor de Trump se declara culpado em caso sobre ingerência russa

23/02/2018 20h32

Washington, 23 Fev 2018 (AFP) - Richard Gates, um ex-assessor do presidente Donald Trump, se declarou culpado nesta sexta-feira (23) de conspiração e de mentir aos investigadores, comprometendo-se a auxiliar o procurador especial Robert Mueller no caso sobre a interferência russa nas eleições presidenciais dos Estados Unidos.

Gates, de 45 anos, é o terceiro assessor de Trump a concordar em cooperar com Mueller, que também investiga se o presidente tentou obstruir a investigação.

Esta virada aumenta a pressão sobre Paul Manafort, ex-diretor de campanha de Trump e ex-sócio de Gates, que continua negando as acusações que constam na ata contra os dois homens.

Mueller reuniu provas contra Manafort e Gates, os quais acusou duas vezes em um período de quatro meses.

A mais recente ata de acusação, tornada pública na quinta-feira, se refere a crimes de fraude e evasão fiscal, e de ocultamento de contas bancárias no exterior. Manafort e Gates tinha sido acusados de crimes similares no fim de outubro.

Entre 2006 e 2015, os dois homens trabalharam como consultores políticos e lobistas a serviço do presidente da Ucrânia, Viktor Ianoukovitch, apoiado pela Rússia, e de partidos próximos ao dirigente, que foi derrubado em 2014.

- Manafort continua se declarando inocente -A investigação de Mueller, que começou em maio de 2017, se intensificou nas últimas semanas.

Na semana passada, ele acusou formalmente 13 russos de estarem por trás da operação apoiada pelo Kremlin para difundir informações falsas e interferir nas presidenciais americanas de 2016 por meio das redes sociais.

Na terça-feira, Mueller também acusou de falso testemunho o advogado Alex Van Der Zwaan, do escritório Skadden Arps, por mentir ao FBI sobre seus contatos com Gates. O advogado se declarou culpado.

Manafort, ao contrário, permanecia desafiante nesta sexta, negando-se a chegar a um acordo.

"Apesar do depoimento de hoje de Rick Gates, eu continuo afirmando minha inocência", declarou Manafort em comunicado.

"Desejava e esperava que meu colega de negócios tivesse a força de continuar a batalha para provarmos nossa inocência. Isso não altera meu compromisso de me defender contra as falsidades acumuladas nas acusações contra mim".

Em uma carta dirigida a familiares e amigos, e tornada pública por alguns meios de comunicação americanos, Gates afirma que havia planejado se defender, mas mudou de ideia e está disposto a aceitar a "humilhação pública" para não afetar seus filhos. "Ajudarei mais a minha família saindo deste processo", escreveu.

Manafort e Gates são acusados de terem montado um sistema completo que lhes permitia evitar declarar ao fisco americano uma parte de seus lucros milionários.

Mais de 75 milhões de dólares em pagamentos foram colocados em contas offshore e dois dos acusados são suspeitos de lavarem mais de 30 milhões de dólares.

Paul Manafort dirigiu entre junho e agosto de 2016 a equipe de campanha de Trump, mas foi demitido quando revelou sua proximidade com os interesses russos na Ucrânia.

Ambos os acusados foram colocados em liberdade, mas estão sob rigoroso controle judicial.