Gary Cohn, o banqueiro que esnobou o protecionismo de Trump
Washington, 7 Mar 2018 (AFP) - Gary Cohn, que se demitiu do cargo de assessor econômico do presidente americano, Donald Trump, é um banqueiro liberal que não encontrou seu lugar na Casa Branca e acabou virando as costas ao protecionismo.
Sua partida foi confirmada nesta terça-feira (6), pouco após uma coletiva de imprensa em que o mandatário reforçou suas ameaças de impor fortes tarifas às importações de aço e alumínio e defendeu sua agenda protecionista.
Cohn, de 57 anos, levou Wall Street para o governo Trump: ele foi o número dois do banco de investimentos Goldman Sachs por vários anos. Sua simpatia pelos democratas não lhe impediu de trabalhar neste governo republicano.
Ao assumir como diretor do influente Conselho Econômico Nacional (NEC, na sigla em inglês), criado em 1993 para assessorar o presidente dos Estados Unidos em política econômica global, Cohn tranquilizou os mercados, que lhe viam como fiador de uma filosofia liberal favorável aos negócios.
Seu principal objetivo era a aprovação de uma reforma fiscal, concluída em dezembro. Com ela, os impostos sobre empresas caíram de 35% a 21% e elas tiveram a possibilidade de repatriar reservas financeiras de filiais no exterior com taxas favoráveis.
"Foi uma honra servir ao meu país e promulgar políticas econômicas pró-crescimento em benefício do povo americano", disse Cohn nesta terça, destacando claramente o motivo de estar na Casa Branca por pouco mais que um ano.
- Supremacistas -Contudo, em outros assuntos, as relações entre Cohn e o presidente e outros membros de seu entorno se deterioraram.
As diferenças vieram à tona após as violentas manifestações de supremacistas brancos em Charlottesville, na Virgínia, em agosto.
Enquanto Trump desconversava com declarações contraditórias e confusas, recusando-se a condenar os grupos neonazistas, Cohn, que é judeu, disse que "os cidadãos que tomam partido pela igualdade e pela liberdade nunca podem estar no mesmo plano que os supremacistas brancos, neonazistas e KKK (Ku Klux Klan)".
Segundo a imprensa americana, Cohn ofereceu sua demissão já neste momento.
Outro desencontro entre ele Trump foi a decisão do presidente de tirar os Estados Unidos do Acordo de Paris - de combate às alterações climáticas -, com a qual o ex-assessor disse não concordar.
- 'Voz da razão' -Com seu passado no Goldman Sachs, Cohn tinha como principal compromisso garantir aos mercados que a política econômica de Trump se manteria no espectro liberal.
Após a demissão, o presidente americano deverá encontrar um substituto, enquanto Wall Street se mostra surpresa diante do seu protecionismo e teme os prejuízos que uma guerra comercial causaria aos negócios e à economia dos Estados Unidos.
"Em breve tomarei uma decisão sobre a nomeação do novo principal conselheiro econômico. Muitas pessoas desejam esse trabalho - vou escolher sabiamente", tuitou nesta quarta-feira Trump.
Afetada pela renúncia de Cohn, a Bolsa de Nova York abriu em queda nesta quarta-feira.
"Os mercados viam Gary Cohn como a voz da razão frente à guerra comercial em que Trump parece estar", comentou Gregori Volokhine, analista da Meeschaert Financial Services.
"Sua saída significa, no curto prazo, que os assessores econômicos que agora cercam o presidente são muito mais populistas e protecionistas, menos abertos à economia de mercado", acrescentou.
jld-ad/ja/ll/mvv
GOLDMAN SACHS GROUP
TESORO
NEC
Sua partida foi confirmada nesta terça-feira (6), pouco após uma coletiva de imprensa em que o mandatário reforçou suas ameaças de impor fortes tarifas às importações de aço e alumínio e defendeu sua agenda protecionista.
Cohn, de 57 anos, levou Wall Street para o governo Trump: ele foi o número dois do banco de investimentos Goldman Sachs por vários anos. Sua simpatia pelos democratas não lhe impediu de trabalhar neste governo republicano.
Ao assumir como diretor do influente Conselho Econômico Nacional (NEC, na sigla em inglês), criado em 1993 para assessorar o presidente dos Estados Unidos em política econômica global, Cohn tranquilizou os mercados, que lhe viam como fiador de uma filosofia liberal favorável aos negócios.
Seu principal objetivo era a aprovação de uma reforma fiscal, concluída em dezembro. Com ela, os impostos sobre empresas caíram de 35% a 21% e elas tiveram a possibilidade de repatriar reservas financeiras de filiais no exterior com taxas favoráveis.
"Foi uma honra servir ao meu país e promulgar políticas econômicas pró-crescimento em benefício do povo americano", disse Cohn nesta terça, destacando claramente o motivo de estar na Casa Branca por pouco mais que um ano.
- Supremacistas -Contudo, em outros assuntos, as relações entre Cohn e o presidente e outros membros de seu entorno se deterioraram.
As diferenças vieram à tona após as violentas manifestações de supremacistas brancos em Charlottesville, na Virgínia, em agosto.
Enquanto Trump desconversava com declarações contraditórias e confusas, recusando-se a condenar os grupos neonazistas, Cohn, que é judeu, disse que "os cidadãos que tomam partido pela igualdade e pela liberdade nunca podem estar no mesmo plano que os supremacistas brancos, neonazistas e KKK (Ku Klux Klan)".
Segundo a imprensa americana, Cohn ofereceu sua demissão já neste momento.
Outro desencontro entre ele Trump foi a decisão do presidente de tirar os Estados Unidos do Acordo de Paris - de combate às alterações climáticas -, com a qual o ex-assessor disse não concordar.
- 'Voz da razão' -Com seu passado no Goldman Sachs, Cohn tinha como principal compromisso garantir aos mercados que a política econômica de Trump se manteria no espectro liberal.
Após a demissão, o presidente americano deverá encontrar um substituto, enquanto Wall Street se mostra surpresa diante do seu protecionismo e teme os prejuízos que uma guerra comercial causaria aos negócios e à economia dos Estados Unidos.
"Em breve tomarei uma decisão sobre a nomeação do novo principal conselheiro econômico. Muitas pessoas desejam esse trabalho - vou escolher sabiamente", tuitou nesta quarta-feira Trump.
Afetada pela renúncia de Cohn, a Bolsa de Nova York abriu em queda nesta quarta-feira.
"Os mercados viam Gary Cohn como a voz da razão frente à guerra comercial em que Trump parece estar", comentou Gregori Volokhine, analista da Meeschaert Financial Services.
"Sua saída significa, no curto prazo, que os assessores econômicos que agora cercam o presidente são muito mais populistas e protecionistas, menos abertos à economia de mercado", acrescentou.
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