Uma península 'em guerra' há 65 anos
Seul, 27 Abr 2018 (AFP) -
Buscando estabelecer "um regime de paz permanente e sólido", as duas Coreias estão tecnicamente em guerra desde o armistício de 27 de julho de 1953, o qual estabeleceu um cessar-fogo, sem nunca chegar a um tratado.
Esse armistício foi o desfecho de um conflito de três anos que deixou entre dois milhões e quatro milhões de mortos, cujas raízes remontam ao fim da Segunda Guerra Mundial.
Após a saída do ocupante japonês em 1945, a Coreia se dividiu em duas zonas: uma, ao norte, sob influência soviética, e a outra, ao sul, sob a proteção dos americanos, tendo como linha de demarcação o paralelo 38.
Os esforços da ONU mobilizados desde 1947 para regular o problema da independência e da unidade da Coreia são estéreis. Em 1948, constituem-se a República Democrática da Coreia, ao norte, e a República da Coreia, ao sul, com Pyongyang e Seul como suas respectivas capitais.
A guerra da Coreia começa em 25 de junho de 1950, quando o Exército norte-coreano ultrapassa o paralelo 38 para invadir o sul, conquistando Seul em três dias.
O Conselho de Segurança da ONU se reúne, na ausência da União Soviética, com Moscou boicotando a sessão para protestar contra a presença de Taiwan, então representando a China. O órgão decide criar uma força multinacional, dirigida pelos Estados Unidos, para ajudar o sul.
- Intervenção chinesa -As forças da ONU conseguem repelir as tropas norte-coreanas, que haviam conseguido chegar ao extremo-sul da península, até atingir o rio Yalu, na fronteira com a China. O movimento deflagra uma maciça intervenção chinesa, que envia "voluntários" para combater junto com os norte-coreanos.
Em junho de 1951, o "front" se estabiliza ao longo do paralelo 38.
É ali que os dois lados do conflito se encontram para negociar um armistício. Depois de dois anos de difíceis negociações, um acordo de cessar-fogo é assinado em 27 de julho de 1953 entre, de um lado, a Coreia do Norte e os "voluntários chineses", e, de outro, o comando das Nações Unidas.
O armistício instala um mecanismo para as trocas de prisioneiros e para a criação da Zona Desmilitarizada (DMZ), uma zona-tampão de quatro quilômetros de largura e 241 quilômetros de extensão, que divide a península.
Instaura-se uma comissão do armistício encarregada de velar pelo acordo e que se reunirá, regularmente, na cidade fronteiriça de Panmunjom. É nessa localidade que o líder norte-coreano, Kim Jong-un, e o presidente sul-coreano, Moon Jae-in, estão reunidos nesta sexta-feira (27) e onde se fez o histórico anúncio de se pôr fim, oficialmente, à guerra entre ambos os países.
O acordo previa ainda a organização de uma conferência para a retirada total de todas as tropas estrangeiras estacionadas na península e para a paz.
Essa conferência nunca aconteceu.
As vicissitudes da Guerra Fria e a permanência das tensões entre Pyongyang, de um lado, e Seul e Washington, de outro - em razão, sobretudo, dos programas nucleares norte-coreanos - adiaram indefinidamente a assinatura de um tratado de paz.
bur-vdr/ber/mra/tt
Buscando estabelecer "um regime de paz permanente e sólido", as duas Coreias estão tecnicamente em guerra desde o armistício de 27 de julho de 1953, o qual estabeleceu um cessar-fogo, sem nunca chegar a um tratado.
Esse armistício foi o desfecho de um conflito de três anos que deixou entre dois milhões e quatro milhões de mortos, cujas raízes remontam ao fim da Segunda Guerra Mundial.
Após a saída do ocupante japonês em 1945, a Coreia se dividiu em duas zonas: uma, ao norte, sob influência soviética, e a outra, ao sul, sob a proteção dos americanos, tendo como linha de demarcação o paralelo 38.
Os esforços da ONU mobilizados desde 1947 para regular o problema da independência e da unidade da Coreia são estéreis. Em 1948, constituem-se a República Democrática da Coreia, ao norte, e a República da Coreia, ao sul, com Pyongyang e Seul como suas respectivas capitais.
A guerra da Coreia começa em 25 de junho de 1950, quando o Exército norte-coreano ultrapassa o paralelo 38 para invadir o sul, conquistando Seul em três dias.
O Conselho de Segurança da ONU se reúne, na ausência da União Soviética, com Moscou boicotando a sessão para protestar contra a presença de Taiwan, então representando a China. O órgão decide criar uma força multinacional, dirigida pelos Estados Unidos, para ajudar o sul.
- Intervenção chinesa -As forças da ONU conseguem repelir as tropas norte-coreanas, que haviam conseguido chegar ao extremo-sul da península, até atingir o rio Yalu, na fronteira com a China. O movimento deflagra uma maciça intervenção chinesa, que envia "voluntários" para combater junto com os norte-coreanos.
Em junho de 1951, o "front" se estabiliza ao longo do paralelo 38.
É ali que os dois lados do conflito se encontram para negociar um armistício. Depois de dois anos de difíceis negociações, um acordo de cessar-fogo é assinado em 27 de julho de 1953 entre, de um lado, a Coreia do Norte e os "voluntários chineses", e, de outro, o comando das Nações Unidas.
O armistício instala um mecanismo para as trocas de prisioneiros e para a criação da Zona Desmilitarizada (DMZ), uma zona-tampão de quatro quilômetros de largura e 241 quilômetros de extensão, que divide a península.
Instaura-se uma comissão do armistício encarregada de velar pelo acordo e que se reunirá, regularmente, na cidade fronteiriça de Panmunjom. É nessa localidade que o líder norte-coreano, Kim Jong-un, e o presidente sul-coreano, Moon Jae-in, estão reunidos nesta sexta-feira (27) e onde se fez o histórico anúncio de se pôr fim, oficialmente, à guerra entre ambos os países.
O acordo previa ainda a organização de uma conferência para a retirada total de todas as tropas estrangeiras estacionadas na península e para a paz.
Essa conferência nunca aconteceu.
As vicissitudes da Guerra Fria e a permanência das tensões entre Pyongyang, de um lado, e Seul e Washington, de outro - em razão, sobretudo, dos programas nucleares norte-coreanos - adiaram indefinidamente a assinatura de um tratado de paz.
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