Após escândalo, novo ministro de Interior assume governo britânico desestabilizado
A primeira-ministra britânica, Theresa May, nomeou nesta segunda-feira (30) um novo ministro do Interior, Sajid Javid, após a renúncia de Amber Rudd pelo escândalo no tratamento dado a imigrantes procedentes do Caribe, uma nova crise que desestabiliza o Executivo.
Com essa renúncia, May volta a se ver na berlinda para defender uma política migratória, da qual foi instigadora quando era ministra do Interior, de 2010 a 2016, no governo do conservador David Cameron.
Amber Rudd, de 54 anos, que renunciou no domingo, estava na corda bamba há dias depois que se descobriu que sua pasta tinha metas a cumprir de expulsão de imigrantes em situação clandestina.
Em um primeiro momento, Rudd negou, diante de uma comissão parlamentar, conhecer a existência de tais metas.
"Enganei de forma involuntária a Comissão Parlamentar de Assuntos Internos nos objetivos de deslocamento dos imigrantes clandestinos", veio a reconhecer em sua carta de renúncia a May.
Em resposta, a primeira-ministra disse "lamentar realmente" a saída de Rudd, para cuja pasta teve de encontrar um substituto em poucas horas e a apenas alguns dias de eleições locais consideradas como um teste para seu governo, dividido pelo Brexit e com uma apertada maioria no Parlamento.
May também perdeu seu "escudo humano", considerou a deputada opositora Dawn Butler, encarregada das questões sobre igualdade na bancada trabalhista.
"Chegou a hora de ele também renunciar", tuitou.
Os trabalhistas querem que o novo ministro se pronuncie ainda hoje na Casa, no lugar de Rudd.
"Estamos ansiosos para ver @sajidjavid na Câmara dos Comuns às 15h30 para explicar as mentiras de Rudd, como vai reparar este dano, quando apresentará a lei para indenizar as vítimas, quem estabeleceu os objetivos, quantas pessoas foram expulsas indevidamente e o que a primeira-ministra (Theresa May) sabia", tuitou a bancada trabalhista.
- Filho de imigrantes -Rudd caiu pelo escândalo que ficou conhecido como "Windrush" - o tratamento dado aos imigrantes de origem caribenha que chegaram ao Reino Unido após a Segunda Guerra mundial -, o qual deflagrou uma onda de indignação no país.
Milhares de migrantes, que chegaram de países da Commonwealth entre 1948 - quando desembarcou em Londres o "Windrush", o primeiro navio com migrante do Caribe - e o início dos anos 1970 para ajudar a reconstruir o país, obtiveram o direito de ficar por tempo indeterminado no território.
Aqueles que nunca reivindicaram papéis de identidade acabaram sendo tratados como imigrantes ilegais, correndo o risco de serem expulsos, se não apresentassem uma prova para cada ano de sua presença no Reino Unido.
No domingo, nas páginas do jornal "Sunday Telegraph", Sajid Javid, de 48 anos, cujos pais emigraram para o Reino Unido, saindo do Paquistão nos anos 1960, expressava seu ressentimento, afirmando que sua própria família poderia ter sido ameaçada de expulsão.
Com sua nomeação, o Ministério do Interior estará, pela primeira vez, nas mãos de uma personalidade política surgida da imigração.
Rudd é a quarta autoridade a deixar o gabinete em seis meses, após as renúncias do ministro da Defesa, Michael Fallon, e do vice-primeiro-ministro, Damian Green, por denúncias de assédio sexual, e da secretária de Estado de Desenvolvimento, Priti Patel.
Nesse novo rearranjo, o deputado James Brokenshire foi nomeado ministro da Habitação, Comunidades e Governo Local, e a ministra do Desenvolvimento Internacional, Penny Mordaunt, assume também a secretaria de Estado para as Mulheres e a Igualdade.
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